Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Luciana Oliveira

Governo nega 2 reais ao trabalhador e vai gastar 10 bi para cooptar deputados: é um escândalo e ninguém reage


 

Gente de Opinião

No DCM, por Joaquim de Carvalho – A pesquisa do IBGE que mede o custo de vida (INPC) constatou que no ano passado as coisas ficaram mais caras do que o reajuste do salário mínimo decretado pelo governo federal — 2,07% contra 1,81%.

Em outras palavras, o mínimo perdeu poder de compra.

Ao decretar o reajuste, o governo não tinha ainda o índice de inflação, divulgado hoje, mas já sinalizava que sabia da sua insignificância.

Para o governo, o reajuste minúsculo era necessário para economia de 3,4 bilhões de reais ao longo do ano.

Na prática, se o índice de inflação fosse usado para a correção do mínimo, o trabalhador teria 2 reais a mais no fim do mês.

É quase nada e, ao mesmo tempo, é um corte escandaloso.

Escandaloso quando se verifica que o governo que nega uma nota de dois reais ao trabalhador é o mesmo que autoriza o ministro da articulação política a liberar 10 bilhões para obras.

E não são obras estratégicas para o crescimento do país.

São obras em redutos de deputados que votarem a favor da reforma da Previdência.

Na linguagem da política, obras de campanha.

O governo vai gastar três vezes mais para cooptar deputados que aceitarem participar de outro golpe contra a população – endurecer as regras da aposentadoria.

Não bastou o teto dos gastos públicos — que representa menos dinheiro para saúde e educação.

Também não foi suficiente a reforma trabalhista — que não gerou novos empregos, mas abriu uma janela para mais lucros aos grandes empresários.

O governo moverá mundos e fundos — principalmente fundos — para alterar as regras de aposentadoria.

O discurso será o do terror — ou se aprova a reforma, ou o Brasil acaba —, o mesmo que vem sendo usado desde meados de 2016.

A jornalista canadense Naomi Klein tem um estudo interessante que descreve como essa estratégia tem sido usada para aprovar reformas de caráter neoliberal, cujo efeito mais conhecido é a concentração de renda.

Ela chama de A Doutrina do Choque.

O golpe de Pinochet no Chile, o massacre da Praça de Tiananmen, o Colapso da União Soviética, o 11 de setembro de 2001, a guerra contra o Iraque, o tsunami asiático e o furacão Katrina foram eventos usados para promover as mesmas reformas que agora atingem em cheio o Brasil.

No país, a crise foi maximizada até nos encontrarmos em um estado parecido com o de guerra civil, sem armas e sem sangue, mas com o mesmo ódio latente.

Perguntaram a Naomi klein se as grandes potências tinham errado a mão no Oriente Médio, com a crise do Iraque, e provocado estragos não previstos.

Ele disse que não, pois o objetivo era esse mesmo: gerar pavor, para que ficasse gravado na memória da população, e assim implantar medidas impopulares sem grandes resistências.

Será que ninguém percebe que o Brasil está sob ataque?

Do impeachment à condenação de Lula, da Lava Jato ao acordo de indenização bilionária a ser paga pela Petrobras nos Estados Unidos.

Da desmoralização das grandes empresas de engenharia brasileiras à operação da polícia contra a indústria da carne.

Da privatização dos ativos públicos à negociação para a venda da Embraer ou o aluguel da Base de Alcântara.

São eventos interligados.

Obedecem à mesma matriz.

É a ação do Robin Hood ao contrário.

Tira do pobre para dar ao rico.

E, para isso, trata o brasileiro com choque.

Choque e pavor.

No futuro, quando olharmos para 2016, 2017 e talvez 2018, diremos que estes foram os anos da infâmia.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoDomingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Ruanda vai taxar igrejas e acusa pastores de enganarem fiéis

Ruanda vai taxar igrejas e acusa pastores de enganarem fiéis

Proliferação de igrejas neopentecostais no país africano levou governo de Paul Kagame a acusar pastores de “espremerem dinheiro” de ruandeses mais pob

Levante feminista realiza encontro nacional para frear violência contra as mulheres

Levante feminista realiza encontro nacional para frear violência contra as mulheres

Luciana Oliveira, de Brasilia – Mais de 130 mulheres vindas de 20 estados do país participaram do evento em Brasília que durou três dias.Foram intensa

Quilombolas vencem eleição para prefeito em 17 cidades

Quilombolas vencem eleição para prefeito em 17 cidades

Candidatos que se declararam quilombolas venceram as eleições para prefeito em 17 municípios, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).A ma

Incêndio criminoso eleva tensão em terra indígena Igarapé Lage

Incêndio criminoso eleva tensão em terra indígena Igarapé Lage

No 247 – A terra indígena Igarapé Lage, do povo Wari é uma ilha cercada por fazendas. Tem mais de 107 mil hectares e fica no Oeste do Estado, próxima

Gente de Opinião Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)