Quinta-feira, 11 de janeiro de 2018 - 06h11
No DCM, por Joaquim de Carvalho – A pesquisa do IBGE que mede o custo de vida (INPC) constatou que no ano passado as coisas ficaram mais caras do que o reajuste do salário mínimo decretado pelo governo federal — 2,07% contra 1,81%.
Em outras palavras, o mínimo perdeu poder de compra.
Ao decretar o reajuste, o governo não tinha ainda o índice de inflação, divulgado hoje, mas já sinalizava que sabia da sua insignificância.
Para o governo, o reajuste minúsculo era necessário para economia de 3,4 bilhões de reais ao longo do ano.
Na prática, se o índice de inflação fosse usado para a correção do mínimo, o trabalhador teria 2 reais a mais no fim do mês.
É quase nada e, ao mesmo tempo, é um corte escandaloso.
Escandaloso quando se verifica que o governo que nega uma nota de dois reais ao trabalhador é o mesmo que autoriza o ministro da articulação política a liberar 10 bilhões para obras.
E não são obras estratégicas para o crescimento do país.
São obras em redutos de deputados que votarem a favor da reforma da Previdência.
Na linguagem da política, obras de campanha.
O governo vai gastar três vezes mais para cooptar deputados que aceitarem participar de outro golpe contra a população – endurecer as regras da aposentadoria.
Não bastou o teto dos gastos públicos — que representa menos dinheiro para saúde e educação.
Também não foi suficiente a reforma trabalhista — que não gerou novos empregos, mas abriu uma janela para mais lucros aos grandes empresários.
O governo moverá mundos e fundos — principalmente fundos — para alterar as regras de aposentadoria.
O discurso será o do terror — ou se aprova a reforma, ou o Brasil acaba —, o mesmo que vem sendo usado desde meados de 2016.
A jornalista canadense Naomi Klein tem um estudo interessante que descreve como essa estratégia tem sido usada para aprovar reformas de caráter neoliberal, cujo efeito mais conhecido é a concentração de renda.
Ela chama de A Doutrina do Choque.
O golpe de Pinochet no Chile, o massacre da Praça de Tiananmen, o Colapso da União Soviética, o 11 de setembro de 2001, a guerra contra o Iraque, o tsunami asiático e o furacão Katrina foram eventos usados para promover as mesmas reformas que agora atingem em cheio o Brasil.
No país, a crise foi maximizada até nos encontrarmos em um estado parecido com o de guerra civil, sem armas e sem sangue, mas com o mesmo ódio latente.
Perguntaram a Naomi klein se as grandes potências tinham errado a mão no Oriente Médio, com a crise do Iraque, e provocado estragos não previstos.
Ele disse que não, pois o objetivo era esse mesmo: gerar pavor, para que ficasse gravado na memória da população, e assim implantar medidas impopulares sem grandes resistências.
Será que ninguém percebe que o Brasil está sob ataque?
Do impeachment à condenação de Lula, da Lava Jato ao acordo de indenização bilionária a ser paga pela Petrobras nos Estados Unidos.
Da desmoralização das grandes empresas de engenharia brasileiras à operação da polícia contra a indústria da carne.
Da privatização dos ativos públicos à negociação para a venda da Embraer ou o aluguel da Base de Alcântara.
São eventos interligados.
Obedecem à mesma matriz.
É a ação do Robin Hood ao contrário.
Tira do pobre para dar ao rico.
E, para isso, trata o brasileiro com choque.
Choque e pavor.
No futuro, quando olharmos para 2016, 2017 e talvez 2018, diremos que estes foram os anos da infâmia.
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