Quarta-feira, 17 de agosto de 2016 - 14h46
A carta da presidenta afastada, Dilma Roussef, aos senadores e ao povo brasileiro, confirma que ela subiu na prancha, só falta o empurrão aos tubarões.
Reforçar o apelo à realização de um plebiscito para decidir o futuro do país com novas eleições é admitir que não há outra alternativa de ‘convencer’ o Senado a parar o processo de impeachment.
Se insistisse no retorno à presidência a qualquer custo, Dilma condenaria o país à gana do Congresso Nacional que já provou ser insaciável na conjuntura que garante a governabilidade.
Para salvar a democracia, Dilma se resigna à dramática circunstância que não é consenso em suas bases populares de apoio.
“A democracia é o único caminho”, disse.
Os golpistas reagiram com desdém, afinal, a eles também não resta outra alternativa para estancar a “sangria da Lava Jato” senão fingir até o fim, que podem se orgulhar de estar agindo certo por caminhos tortos. Os descarados sabem que estamparão nas fotografias o semblante de quem venceu com meios que não justificam o fim.
A imensa parcela da sociedade que tanto se mobilizou pela aprovação do impeachment, nem cara tem pra poluir as redes sociais festejando a vitória que o mundo inteiro questiona.
Tudo é o que parece a poucos dias da votação definitiva no plenário do Senado, de um lado uma presidente que foi boicotada pelo Congresso Nacional com a ajuda do Supremo e da mídia e, de outro o stablishment que não dá mínima pra valores democráticos e que coloca todos no bolso.
Cabia trechos da música de Chico Buarque ‘Apesar de Você’, composta em 70 e liberada oito anos depois, o que não impediu que se tornasse um hino cantado pelo povo nas ruas como ato subversivo contra a censura.
Quem ‘desiventou’ a democracia vai pagar dobrado cada lágrima rolada de pesar.
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