O título é claro, os dois bois-bumbás tradicionais que realizam a maior festa folclórica da região fronteiriça com a Bolívia não disputaram título na arena.
E, por isso, a festa teve um significado ainda maior. Foi uma celebração de amor à cultura e uma homenagem ao músico do boi Flor do Campo, Márcio Menacho, vítima de um latrocínio dois dias antes do evento.
O crime revoltou os moradores, mas foi com um gesto de união que as torcidas suportaram a dor pra manter a tradição que completou 20 anos.
O boi-bumbá Malhadinho trouxe como tema “Natureza Mãe de Todas as Tribos”.
Com música, dança e performance teatral contaram a história dos rios, da fauna e flora.
Com uma atitude que elevou ainda mais o valor da comunidade que se veste de azul e branco, dançarinos se apresentaram diante da torcida vermelha e branca para prestar solidariedade à família de Márcio Menacho.
Não havia rivais na arena, mas irmãos de tradição cultural.
O boi Flor do Campo enfocou os “35 Anos de Tradição Cabocla”. Para simbolizar a presença do músico assassinado executou eletronicamente as músicas que haviam sido gravadas com sua participação. Márcio Menacho era tecladista e irmão do puxador de toada.
O Flor do Campo estava impecável com sete alegorias, mas deu pra ver muitos brincantes chorando a falta do amigo que partiu precocemente.
Quando o filho de Márcio entrou na arena para carregar a foto pai, o público foi também chorou.
O menino que testemunhou a morte do pai, protagonizou a cena mais bela e emocionante da última noite.
Com uma coragem indescritível, se misturou aos bailarinos e dançou para homenagear o pai e agradecer o apoio da torcida.
A fundadora do boi Flor do Campo, professora Georgina , bastante emocionada, recebeu o cumprimento do boi e a festa encerrou com o aplauso de ambas as torcidas e de todos que viram esse momento dramático, mas profundamente belo, o dia em que os bois-bumbás tradicionais da pérola do Mamoré não duelaram.
Fonte: Blog da Luciana
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)