Quarta-feira, 2 de novembro de 2016 - 05h01
Um dia após a escolha do novo prefeito da cidade, o popularmente conhecido só como professor Nazareno, com um daqueles artigos que ninguém ousa escrever, jogou um balde de água fria no melhor do sonho do portovelhense.
O povo tinha amanhecido inebriado com as promessas do estranho na política que ao longo da campanha provou que não era tão estranho, mas mesmo assim foi eleito, como estranho.
“Agora essa cidade vai melhorar”, ouvi da vendedora de banana do mercado do km Um, uma eleitora que sequer tinha ouvido falar do candidato a quem deu o voto.
Nazareno sacaneou, deu um cutucão do tipo que acorda às 10 da manhã na segunda, a pessoa que dorme pensando que é domingo.
No título do artigo, foi logo dando os pêsames ao futuro alcaide e até por isso, inclusive que tem preguiça de ler, leu.
Quando escreveu, Nazareno não pensou duas vezes em disparar sua língua calibre 32 e acabou varando o coração de gente que aqui nasceu ou escolheu pra viver.
“Sujeira, lixo, catinga, carniça, fedentina, bosta, esgoto a céu aberto e imundície é o que não faltam por aqui. Fico muito triste pelo senhor, pois pegou um dos piores abacaxis de sua vida. Cidade fedorenta, sem árvores, escura, violenta, sem praças, sem planejamento urbano nenhum e repleta de gente mal educada não é o lugar ideal para se fazer política.”
Quem não foi atingido ao ler, contou pros outros e o artigo surtiu um efeito vazo entupido. O dia todinho comentaram o mal-estar causado, a vergonha e o mau exemplo para as criancinhas que escaparam de serem comidas por comunistas.
Nem vou citar outro parágrafo pra não ser linchada nas redes sociais como Nazareno.
Imagine! Ele disse que “a maioria da população daqui é composta de gente simplória, sem a menor leitura de mundo e que crê em Deus, Cristo, Natal e Papai Noel.”
Finalmente achei o que considero um erro no texto do professor que escreve Nostradamicamente e a partir deste parágrafo que realça injusta culpa seletiva no processo eleitoral, direi o que penso.
Primeiramente, Fora PSDB! Um partido que tem a sigla suja feito cueca de menino com a marca de cocô que parece um rastro de bicicleta.
Segundamente, obrigado.
E finalmente, parabéns por provocar demonstrações de amor à cidade em quem não deu a mínima aos absurdos que o eleito disse sobre o que o Nazareno chamou de “antessala do inferno”.
O prefeito eleito disse durante a campanha que pra cá ninguém vem nem com passagem barata, que talvez a pesca sirva como atrativo turístico e que tradições culturais como o Arraial Flor do Maracujá não merecem apoio do Estado por meio de emendas parlamentares.
Os que se afetaram com o artigo do professor calaram e no dia 30 de outubro votaram maciçamente no candidato que não só desdenhou, mas revelou profundo desconhecimento e desapego da cidade.
Até quem promove atos em defesa do patrimônio histórico e cultural riquíssimo da capital fez campanha pelo candidato que mais menosprezou a cidade.
Os revoltados com o artigo não suportaram ler o que se aproxima da verdade, mas consagraram por meio do voto o poema de amor mais fuleiro já dito em campanhas eleitorais por essas bandas.
“Porto Velho, eu vou cuidar de você, curar tuas feridas, limpar todos os cantos e enterrar os desencantos.”
O candidato que escolheu como sócia a esposa de um senador cassado, também tocou o coração dos eleitores ao dizer que Porto Velho “sempre foi vítima de pessoas ferozes, verdadeiros algozes que lhe sugaram, surraram e espoliaram.”
E lá pelas tantas do poema prometeu o que toda amante ou prostituta sonha em ouvir:
“Vou fazer o que ninguém fez, cuidar, acariciar, amar.
Não vou prometer porque não sei enganar, só sei realizar.
Vou fazer tudo por você, porque meu compromisso é com você.”
Quantas amantes e prostitutas já caíram nessa conversa e até o fim da vida dormiram com a realidade?
Já preferi o engano, quem nunca? E espero que leiam corretamente o que escrevi. Será?
Já estrebuchei com outros textos azedos do professor, daqueles que a gente prova e cospe. Foi preciso um tempo pra entender o que ele de fato quer com tais provocações.
Foi com muita raiva e só com ele, que aprendi a mergulhar numa isca textual polêmica.
O que Nazareno quis foi desmoralizar os que dizem amar Porto Velho e caem sempre nas mesmas esparrelas de discursos eleitoreiros. Não tenho essa técnica, sou romântica, mas sei ler e quando mais desafiante melhor.
Ele provocou os eleitores e o eleito.
Dizem que o homem nasce e morre pela boca e, quem viver verá que Hildon Chaves jamais poderá cumprir em 4 anos a promessa de adornar canteiros, perfumar ares e fazer felizes todos os lares dessa cidade que parece imensa por seus problemas.
Mas, o povo que se contorceu de raiva por não saber ler os textos do professor Nazareno, amou o discurso messiânico do tucano.
O fato é que nem o professor e muito menos o político economizaram nas palavras pra atingir o íntimo do portovelhense.
A diferença é que um escreveu sob o ponto de vista da realidade e ou outro da ficção pura e simples.
Um apertou o balão de oxigênio para que sintam vontade de viver, para que reajam à ilusão que a política provoca.
O outro simulou uma respiração boca a boca em quem já teve morte cerebral.
Professor Nazareno não é leitura para apressadinhos e contra-indicado à hipócritas.
Certa vez ele comparou Roberto Sobrinho com Juscelino Kubitschek e acharam que era um elogio.
Não é à toa que seus alunos de escola pública sempre estão entre os melhores no ENEN.
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