Quarta-feira, 23 de novembro de 2016 - 19h56
Aos amigos, os favores. Aos inimigos, a lei. É exatamente a prática desse provérbio no governo de Michel Temer que tem feito muita gente reconhecer, aos poucos, que pior do que estava, está.
A quem de forma consciente ou não, apostou que o país caminharia rumo à moralidade política sem Dilma e o PT no comando, restou a frustração e desesperança.
Não bastasse a nomeação de 15 ministros enrolados até o pescoço com a justiça e as denúncias que forçaram a queda de cinco, Temer segue não dando a mínima para a opinião popular.
Basta o senador Romero Jucá como exemplo de subordinação ao intolerável.
Após ser flagrado em áudios tramando o fim da Operação Lava Jato com um delator, Jucá deixou de ser ministro do planejamento.
Mas, Temer fez questão de indicá-lo a líder do governo no Senado.
Nesta quarta-feira, 23, Romero se tornou réu pela oitava vez no Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito da Operação Zelotes, que investiga fraudes no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), da Receita Federal.
Além de dois inquéritos referentes à Operação Lava Jato e um sobre fraudes na construção da Usina de Belo Monte, Romero agora também é investigado por corrupção passiva e prevaricação.
Fosse Romero o Delcídio
Fosse Dilma ainda a presidenta eleita
Das sacadas da classe média que se acha burguesa se ouviria o barulho das panelas e muita gente estaria nas ruas uma hora dessas exigindo a cassação e prisão do líder do governo no Senado.
Em novembro de 2015 o senador Delcídio do Amaral era preso, sob a acusação de tentar obstruir as investigações da Lava Jato. Um áudio o derrubou e, convenhamos, potencialmente menos comprometedor que os de Romero Jucá, que revelaram não a tentativa de livrar a pele de um investigado, mas de todos.
A prisão do então líder do Governo Dilma foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavaski e no mesmo dia, em uma votação aberta, os senadores a mantiveram por votação com 59 votos favoráveis, 13 contra e uma abstenção.
Delcídio passou 80 dias detido e cinco meses após a revelação do áudio foi cassado por 74 votos no Plenário, por quebra de decoro.
Curiosamente, completou cinco meses que vieram à tona os áudios de Romero Jucá com potencial de parar a república.
Em conversa com Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, Jucá confessou que o impeachment de Dilma Rousseff foi parte de uma trama diabólica para conter a Operação Lava Jato.
Não causa pena ou estranheza a celeridade em julgar e punir Delcídio, mas a demora que beneficia Romero.
Cabe até perguntar pra Fátima Bernardes quem deveria ser preso primeiro, considerando a potencialidade do ato: Delcídio ou Romero?
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