Ontem passei horas debatendo com um duende que vive numa bota que só uso no frio sobre a questão da isenção jornalística.
“Todos os veículos de comunicação primam pela imparcialidade como forma de permitir a quem recebe a informação um raciocínio sem manipulação intracraniana”, disse a pequena criatura que nasceu lá pras bandas da Noruega por volta do século 13.
De fato li isso nos manuais de jornalismo, mas a história confirma exatamente o contrário.
Prova disso, é que um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, a Rede Globo, criou um site em que “revisita sua história com um olhar crítico” e nele reconhece após 50 anos, o erro pelo “apoio editorial ao golpe militar de 64”.
Tá lá pra quem quiser ver.
Da reeleição de Dilma Rousseff pra cá, do aniquilamento da democracia em benefício da cleptocracia, não há debate que ocorra sem questionamentos ao papel da imprensa nesse período.
Uns enxergam manipulação, outros negam.
Peço que psicografem meu ‘te avisei’ quando a Globo e tantos outros conglomerados pedirem desculpas pelo ‘erro’ de apoiar o ‘”o acordo com o STF, com tudo” à ruptura democrática.
Não há imparcialidade do golpe ao caos. Acreditar nisso é como ver duendes.
O ideal de que os dois lados da notícia sejam mostrados para que o leitor/ouvinte/telespectador ou internauta tire suas próprias conclusões nunca foi tão corrompido pela mídia tradicional.
Tem veículo que simplesmente desistiu do jornalismo e o serviço que presta é de assessoria em benefício de determinado grupo de forças políticas.
Há vários, mas vou usar como paradigma o programa Papo de Redação, na rádio FM Parecis, que ontem ao noticiar a greve geral em Porto Velho usou até uma mensagem do líder Movimento Brasil Livre para desqualificar a reação popular.
Não sei se 7 ou 10 mil pessoas foram às ruas, mas sei que foram muitas e diversificadas as vozes.
Como quem foi em todos em todos os protestos contra o golpe, garanto nunca ter visto nas margens do rio Madeira uma marcha com um cardume tão variado de sindicatos.
Como blogueira de posição declarada, poderia atribuir o sucesso da manifestação exclusivamente à esquerda. Prefiro a sinceridade de dizer que foi a participação de gente de todas as correntes ideológicas e partidárias, com interesses comuns, que garantiu o sucesso do ato.