Terça-feira, 28 de junho de 2016 - 14h20
O encontro na calada da noite entre o presidente interino Michel Temer e o quase cassado deputado Eduardo Cunha deixou muita gente apavorada como em de Sucupira, cidade da genial ficção de Dias Gomes, O Bem Amado.
O que o presidente tratou em particular, sem anotar na agenda, com o parlamentar afastado, réu em duas ações no Supremo Tribunal Federal?
Pior, o deputado foi afastado da presidência da Câmara, porque o STF considerou que ele representava risco às investigações.
Temer deve ter sido aconselhado ao pé do ouvido pelo espírito do finado Jarbas Passarinho: “Às favas, neste momento, todos os escrúpulos de consciência!”
À imprensa, o interino disse que foi tratar do atual momento político e que ‘aqui no Brasil há esse preconceito. Acha que não se pode falar com ninguém”.
Pra Temer pode não ter nada a ver sussurar na alcova vice-presidencial com Eduardo Cunha, mas embora o deputado não seja acusado de matar ninguém como Zeca Diabo, sua imagem se assemelha à do cangaceiro pelos serviços sujos que prestou exercendo cargos públicos.
Não está presidente da Câmara porque foi necessário impedir que destruísse provas, corrompesse testemunhas e manobrasse o seu processo de cassação.
Não tem nada a ver uma ova Michel Temer!
Na novela, o prefeito contrariou o temor dos moradores de Sucupira quando recebeu Zeca Diabo e foi duramente criticado. Odorico Paraguassu o contratou para matar alguém só pra poder inaugurar o cemitério prometido em campanha.
Mas, tanto na ficção quanto na realidade, traidor acaba se dando mal e o prefeito que abandonou o cangaceiro na hora em que ele era acusado por todos, acabou inaugurando o cemitério.
O encontro às escondidas entre Temer e Cunha para ‘tratar do momento político’ não tem justificativa.
É a imagem mais avacalhante do presidente interino até o momento.
E se Temer falhar com o que prometeu a Cunha, pode parar no cadafalso pra onde planejou mandar outros.
Sua morte política será inevitável.
Quando Zeca Diabo matou Odorico, disse sem titubear numa das cenas mais fantásticas da teledramaturgia brasileira: “Um traidor não merece viver. Ainda mais um traidor que se faz de protetor e amigo. A mim, o senhor me deu uma palavra, aos jornalistas deu outra.”
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