Quarta-feira, 13 de julho de 2022 - 16h03
A Polícia Federal deflagrou,
na manhã desta quarta-feira (13/07/2022), a operação GUARDIÃO URU com o
objetivo de prender preventivamente o principal suspeito da prática do homicídio
do indígena ARI URU-EU-WAU-WAU e cumprir busca e apreensão. ARI integrava grupo
de vigilância indígena contra a exploração ilegal na região e era referência
entre os indígenas.
A vítima ARI URU EU-WAU-WAU
foi encontrada sem vida na manhã de 18/04/2020, caído na margem esquerda da RO
010, km 12, Jaru/RO, apresentando lesões no pescoço e cabeça. Inicialmente a
Polícia Civil de Jaru/RO conduziu as investigações e, conforme relatório
parcial apresentado em 2020, sugeriu o declínio de competência para a Justiça
Federal, tendo em vista que uma das linhas investigativas levantadas era que o
motivo da morte se relacionava com divergências no tocante à venda ilegal de
madeiras na reserva indígena. Nesta fase da investigação a autoria do crime
ainda era incerta. Após os tramites legais, a competência foi devidamente
fixada na Justiça Federal no dia 26/05/2021 e, a partir deste momento, os
trabalhos investigados foram conduzidos pela Polícia Federal.
Como medidas iniciais, a
Polícia Federal realizou inúmeras diligências de campo, técnicas investigativas
especiais, realizou entrevistas, oitivas, interlocução com servidores que
atuaram no tempo dos fatos, apreciação minuciosa de todos os elementos
probatórios até então colhidos nas primeiras horas após o crime, além de
contato com pessoas próximas da vítima visando compreender os últimos passos de
ARI. Vale consignar que, em razão da gravidade do caso apurado, a Polícia
Federal de Ji-Paraná e o Ministério Público Federal, constantemente, realizam
reuniões visando definir estratégias de ação.
Ressalte-se que uma das
medidas investigativas adotadas na investigação foi a elaboração de laudo
pericial indireto produzido pela Polícia Federal, com base nos elementos
probatórios juntados no tempo dos fatos, que concluiu que a morte ocorreu entre
01:00 e 03:00 da madrugada do dia 18/04/2020.
As lesões, os vestígios e as
circunstâncias apontaram para a ocorrência de morte violenta. Como o corpo não
demonstrava sinais de autodefesa, uma das linhas investigativas apuradas pela
Polícia Federal trata-se da hipótese de o autor do crime ter oferecido
substância que, uma vez ingerida pela vítima, deixou ARI desacordado para então
iniciar as agressões físicas que culminaram em sua morte. Posteriormente,
conduziu o corpo para outro local.
Com o avanço das investigações
foi possível chegar ao possível autor do crime que, segundo apurado, recaem
suspeitas da prática de outros homicídios. Atualmente, encontra-se preso
preventivamente pela prática de outro crime de homicídio, ocorrido, aproximadamente,
8 (oito) meses após a morte de ARI. Na operação foi decretada nova prisão
preventivapela 3ª Vara Federal Criminal. A motivação do crime ainda será melhor
esclarecido pela Polícia Federal de Ji-Paraná, que está à frente das
investigações.
Conforme dispõe o art. 7º do
Código de Processo Penal, para verificar a possibilidade de haver a infração
sido praticada de determinado modo, a Polícia Federal irá proceder, antes do
término das investigações, à reprodução simulada dos fatos visando confrontar as
possíveis versões para a dinâmica do crime de homicídio qualificado. A pena
para este crime pode chegar até 30 anos (Art. 121, §2º, IV, do Código Penal).
O nome da operação trata-se de uma homenagem ao indígena ARI URU-EU-WAU-WAU que sempre lutou pela proteção da Terra Indígena URU-EU-WAU-WAU.
Superintendência Regional em Rondônia – Polícia Federal
Divisão de Comunicação Social
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