Domingo, 10 de setembro de 2017 - 19h09
No Tijolaço, por Fernando Brito – Os arautos do “corte de gastos” não dizem nos seus discursos tecnocratas que, além da degradação dos serviços públicos de saúde e educação, atira na paralisia tudo o que vinha sendo feito no Brasil em matéria de habitação, mobilidade urbana e infraestrutura em geral.
A matéria publicada hoje pela Folha mostra o tamanho do retrocesso em investimentos em obras e instalações públicas.
Na comparação até julho, uma volta a patamares de dez anos atrás. Como o Governo tem de cortar e cortar mais desesperadamente a partir de agora, para tentar cumprir a meta do “rombo ampliado”, é provável que ao final do ano, o nível caia mais alguns anos, na comparação, aos tempos em que Lula recebeu o país quebrado de FHC.
“As despesas com obras, conservação de estradas e Minha Casa, Minha Vida despencaram 40% no período (de 2013 para cá).Em julho (somando as despesas dos últimos 12 meses), esses gastos somaram R$ 19 bilhões, ante os R$ 32 bilhões despendidos em 2013.
Despencaram, não: seguem despencando. Em 2016, o acumulado no programa de habitação, nos sete primeiros meses do ano, caiu de R$ 9 bilhões para apenas R$ 3 bi. Agora, baixou para R$ 1,65 bi.
Nas não é só o investimento público que está caindo. O privado, já paralisado pela crise, ainda vai perder a sua fonte maior, o BNDES, que será forçado a devolver, este ano e em 2018, R$ 180 bilhões em títulos públicos que lastreiam seus empréstimos, para ajudar as fechar as contas de Henrique Meirelles.
No Brasil, para investir, não há outra alternativa para investir senão o crédito do BNDES, exceto para quem tem tamanho para tomar crédito em dólar no exterior. E olhe lá se farão isso neste momento de dólar subvalorizado e tensões mundiais à vontade, criando um risco imenso para endividar-se em moeda estrangeira.
É por isso que o “espetáculo do crescimento” que Meirelles anuncia para amanhã só pode acontecer como bolha financeira. Farsa, como tudo o que acontece por aqui, ultimamente.
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