Quinta-feira, 7 de setembro de 2017 - 11h04
Há 1 ano, quando o Senado estava prestes a sacramentar o golpe à democracia, o juiz Sérgio Moro desprezou o que o ex-ministro Antônio Palocci queria acrescentar às investigações da Operação Lava Jato.
O ‘italiano’ que agora acha que é o ‘italiano’ da lista da Odebrecht sem nunca ter sido assim chamado, disse em abril de 2016 que se Moro quisesse, poderia apresentar “fatos com nomes, endereços e operações realizadas”.
Mas, Moro não quis ver as tais provas e sequer ouvi-lo. Soou como ameaça.
“Suas declarações em audiência, de que seria inocente, mas que teria muito a contribuir com a Lava Jato, só não o fazendo no momento pela ‘sensibilidade da informação’, soaram mais como uma ameaça para que terceiros o auxiliem indevidamente para a revogação da preventiva, do que propriamente como uma declaração sincera de que pretendia naquele momento colaborar com a Justiça”, disse Moro.
Agora, na iminência de uma nova denúncia por corrupção contra Michel Temer, o juiz quis.
O depoimento de Palocci passou a ter tanta importância que abafou o escândalo do ‘bunker’ de Geddel Viera, ex-ministro e operador de confiança do presidente golpista.
Aliás, sem uma denúncia ‘anônima’, a Polícia Federal não teria encontrado mais de 51 milhões de reais em malas e caixas no apartamento emprestado a Geddel. Moro e os membros da força-tarefa estiveram tão obcecados em provar que o triplex do Guarujá é de Lula que não perceberam que a um quilômetro do local onde Geddel cumpre prisão domiciliar era guardada uma fortuna.
As digitais do amigo de confiança de Temer foram encontradas no apartamento-cofre de propinas, mas a grande imprensa deu destaque mesmo foi ao depoimento de Palocci contra ex-presidentes petistas.
Não bastasse isso, sem mais nem menos, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Dilma e Lula por obstrução de justiça. Para ele a nomeação do ex-presidente como ministro só visava protegê-lo com o foro privilegiado.
Por que Janot não agiu para impedir que Temer nomeasse vários ministros investigados na Lava Jato, ninguém sabe.
Mas, esse assunto que perdeu o sentido com mais de 15 ministros enrolados com a justiça, também domina o noticiário.
E daqui pra frente, Lula e Dilma seguirão em destaque pra ofuscar o oferecimento da nova denúncia contra Temer.
Parece muito claro o jogo bruto para manter a “solução mais fácil” e vantajosa aos golpistas, ou seja, Temer no poder.
A torcida do golpe até já engrossa o coro de que o depoimento de Palocci é que temos de mais grave neste momento.
O povo que não deu a importância devida aos áudios que incriminam Michel Temer e Aécio Neves e às imagens das malas de dinheiro de Rocha Loures e Geddel Vieira, já se deixa manipular pelo depoimento de Palocci contra Dilma e Lula.
Tudo muito conveniente a quem manipula os resultados para vencer o jogo. E não sem quebrar o país.
Moro, agora, deixou Palocci falar à vontade.
Soa estranho o peso que o depoimento de Palocci tem agora e se der mais um ano de trabalho a Moro como previu o ‘italiano’, o acordo para manter Temer e blindar os de sua laia segue inabalável.
O depoimento oportunista de Palocci, abafa o que se prova com sons e imagens contra Temer e sua camarilha e coloca em evidência o que se ouviu dizer de Lula e Dilma.
A torcida do golpe está de prontidão para ao contrário do que fez o apóstolo Tomé, crer sem ver ou, ver e não crer.
A única certeza neste momento é que segue o jogo bruto para atingir um resultado manipulado.
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