Fosse a prefeitura de Porto Velho uma das empresas do prefeito Hildon Chaves (PSDB-RO), diriam que alguém ‘enterrou uma cabeça de jumento’ no Palácio Tancredo Neves para sabotar sua gestão.
A expressão popular é usada quando um negócio não vai bem e ninguém sabe por que. Vem da lenda de que o acasalamento de égua com jumento resulta em animal problemático. É, portanto, um lugar amaldiçoado o que abriga uma cabeça de jumento enterrada.
Com mais de 65% dos votos e com aliados em duas mesas diretoras eleitas na câmara de vereadores, Hildon tinha tudo para não terminar o primeiro ano tão anêmico.
As reformas que encaminhou foram aprovadas nos primeiros dias de governo e muitos vereadores até confessaram nem ter lido.
Ao fim de um ano o prefeito tucano sequer conseguiu montar uma equipe para “cuidar da cidade” como prometeu tão romanticamente em versos aos eleitores.
11 secretários já despencaram e há perspectiva de que mais um não resista até o fim deste mês.
O Globo divulgou que “os prefeitos eleitos com a promessa de adotar, no setor público, o padrão de eficiência da iniciativa privada estão entre os que mais registraram trocas de secretários e dirigentes em 2017. Nelson Marchezan Júnior, em Porto Alegre; Hildon Chaves, em Porto Velho; e Rafael Greca, em Curitiba, são os recordistas de baixas.”
O entra e sai comprometeu as ações de secretarias importantes como a Semad, Semed, Semusa, Emdur, Semagric, Semisb, Semtran, CGM, Semfaz e a chefia de gabinete que supervisiona tudo.
Até o vice-prefeito chegou a ser afastado ao se envolver no esquema de propinas JBS, segundo delator. É uma sombra que assombra Hildon.
A instabilidade com o secretariado arruinou o plano emergencial que comoveu os eleitores de Hildon.
É mais um prefeito que prioritariamente nomearia uma equipe com “qualificação eminentemente técnica”.
Mais um que garantiu como primeira urgência uma “Tomada de Contas Especial”.
Não bastasse a falta de uma equipe comprometida, capaz de planejar e executar, o tucano acumulou durante o ano o desgosto de eleitores por medidas impopulares, a inimizade com vereadores da base aliada e o descontentamento do empresariado que tanto ajudou a catapultá-lo da lanterna à vitória na corrida eleitoral.
“Porto Velho deixa eu cuidar de você?”, dizia o tucano durante a campanha.
Quem disse sim, hoje se pergunta como.