Segunda-feira, 3 de junho de 2019 - 20h15
É fato que pseudo humoristas de internet costumam tirar onda com a aparência deste ou daquele para alavancar acessos, curtidas e compartilhamentos.
Dá até dinheiro para quem tem talento em zombar com os ‘fora dos padrões’.
Quem faz piada com os ‘feios’ nem precisa ser bonito de acordo com o paradigma europeu hegemônico.
Faz rir.
Mas, é feio.
O Brasil multiétnico e multicultural é um paraíso pra quem vê graça em fortalecer a primazia do modelo eurocêntrico de beleza.
Muitos se desindianizaram ou desafricanizaram para parecer mais próximos do modelo civilizatório empurrado, sob vários aspectos, goela abaixo da nossa América Latina.
Muita coisa se aproveita da fusão biológica e cultural com nossos colonizadores, mas o padrão de beleza não dá boa piada.
É mergulhar na ninguendade a que se referiu Darcy Ribeiro, na obra O Povo Brasileiro.
“Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem, viveu por séculos sem consciência de si”.
O pior do colonialismo estético não é estar sempre na moda, mas marginalizar grupos que não se dobram a ele.
As ‘feias’ e os ‘feios’ praticam contracultura, revolução.
É extraordinariamente belo ver alguém desproporcional ao arquétipo de beleza universal, destruir uma piada preconceituosa como a feita pelo canal Humor Rondoniense.
A publicação:
“Perguntar não ofende:
Porque a esquerda não tem mulher bonita?”
O anonimato é a roupa dos covardes. É vedado. Não se sabe quem são, resultado de que cruzamento étnico e se foram paridos aqui.
Invisíveis, mas populares.
Miram na estupidez, afinal, a internet é campo fértil.
Nem sempre cola, o que é um alento.
Classificar beleza por opção política não engraçado, nem bonito.
Seja com mulheres de esquerda ou de direita.
E, convenhamos, a pluralidade que se sobressai na esquerda é linda!
Não é a carcaça que alteia uns seres humanos e rebaixa outros, mas o caráter.
Uma pessoa que luta pelo bem coletivo vale mais que milhares de indiferentes ou dezenas de milhares de militantes da padronização racista e excludente do século 19.
A mestiçagem que foi às ruas defender a educação da política racista do governo Bolsonaro, é o que tem se revelado mais lindo nesses tempos horríveis.
Só que a beleza democrática não pode ser vista no breu em que se encontram os pseudo humoristas.
É tão profundo o abismo em que se meteram que não chegam os raios de sol.
“Não há cárcere bonito”.
Perguntar não ofende: os pseudo humoristas se acham bonitos em posição ideológica pela miscigenação ou padrão europeu?
Me façam rir.
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