Quarta-feira, 27 de janeiro de 2016 - 07h16
Não haverá carnaval em seis municípios do Estado e a desculpa é a mesma: investir o dinheiro destinado à folia momesca em áreas mais importantes. Não tem carnaval, mas o bloco dos caras de pau formado por administradores incompetentes desfila, inclusive, na contramão do dever de fomento à cultura.
Em Vilhena não vai dar, não vai dar não, conforme divulgado na imprensa, por causa da crise econômica e porque o orçamento de R$ 50 mil reais destinado à cultura será aplicado em áreas urgentes. Ora vejam, justo a prefeitura que é alvo da Operação Stigma, que apura um esquema de desvio de dinheiro da União no poder executivo. Estão sob investigação vários servidores e secretarias. A Vilhena dos famosos Donadon, que vive um verdadeiro carnaval na prefeitura com um escândalo de corrupção recente, agora corta os recursos do carnaval pra dar um bom exemplo de eficácia do uso dos recursos públicos.
E Cacoal? Lá o bloco arrastou um monte de servidores e a denúncia é de formação de organização criminosa pra desviar dinheiro da prefeitura.
Abram a ala da hipocrisia! Evitem os arrastões nos cofres públicos que não precisarão cortar orçamento da cultura. Não tenho a menor dúvida de que houvesse objeção à roubalheira sobraria dinheiro pra investir em todas as áreas, sem sacrificar uma manifestação popular que é patrimônio da cultura brasileira.
Em Porto Velho, a Polícia Militar é quem dá as ordens sobre a que horas, onde e como o povo pode ocupar as ruas pacificamente pra fazer o que faz desde que a cidade nasceu, carnaval de blocos populares. Não bastasse o desprezo do poder público com as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver que o carnaval contempla, quem deveria conter excessos, avança preventivamente. Não há efetivo, dizem. Há dez anos havia o dobro de blocos e menos policiais e o carnaval nunca foi interrompido. Hoje, há menos blocos e mais policiais e a ladainha piorou e muito. Onde já se viu a Polícia dizer em quais dias e de onde devem sair os blocos carnavalescos? Tanto o governador, quanto o prefeito deveriam reunir seus secretários pra dizer que cultura é um direito do cidadão e um dever do Estado. Antes de se recolherem no feriado prolongado de carnaval, devem dizer pra polícia militar fazer só o que lhe incumbe e não inventar confusão.
Quem não gosta deve se limitar a reclamar dos supostos culpados de terem plantado ou regado a semente do carnaval. Que xinguem os negros vindos da África, pois regaram a semente com ricos cantos e danças. Aos europeus que a adubaram com o uso de máscaras e até batalhas de banho de urina. Antes destes, antes de Cristo, aos que já plantavam, os gregos e romanos, com monumentais orgias e bacanais.
O carnaval forma a identidade de muitos povos, mas a brasileira sem carnaval ia adquirir transparência total por perda de dados históricos. Onde os governos fomentam a festa como atrativo turístico há um retorno econômico, mas o importante mesmo é o aspecto cultural que constitui patrimônio de indiscutível e invejável valor.
É como descreveu o antropólogo Roberto Damatta: Mudou o estilo de se vestir, de comer e de morar; as cidades ficaram enormes, chegamos à era dos computadores e dos telefones celulares; trocamos a moeda e o mundo globalizou-se. E o Carnaval continua. Ele tem sido uma das poucas coisas permanentemente nacionais.
Abram a ala da hipocrisia! O carnaval está em todos que nasceram aqui, mesmo nos que não gostam de curtir a folia momesca.
O que ocorre de fato é uma cruzada contra o carnaval, por motivações religiosas e politiqueiras.
É insuportável imaginar Rondônia sem carnaval, o Brasil sem carnaval. Ainda bem que é impossível imaginar essa tragédia, porque vale a pena a desobediência civil por um direito consagrado constitucionalmente.
Luciana Oliveira
Empresária e Jornalista
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