Segunda-feira, 18 de junho de 2018 - 19h23
Criada há 157 anos, a Caixa Econômica Federal (CEF) é um dos atuais alvos da equipe econômica das forças golpistas que integram o governo de Michel Temer (MDB).
Após anúncio recente do ex-ministro da Fazenda e pré-candidato a presidente Henrique Meirelles (MDB) de que o banco está sendo preparado para a privatização, durante sabatina com jornalistas no último dia 6, especialistas e trabalhadores manifestam preocupação com a iniciativa do governo.
O economista Roberto Piscitelli, professor da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB), destaca que a venda do banco tende a provocar um efeito em cadeia em diferentes áreas.
“Abrir mão disso, privatizar a Caixa, significa que o governo vai ser um mero regulador, se tanto for, das ações realizadas pelo mercado dentro de uma ótica privatista, portanto, adeus aos programas sociais”, alerta.
Entre outras coisas, a CEF é responsável pela gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pelo seguro-desemprego e tem papel importante no financiamento de programas sociais federais, como o Fies, o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, que atende a 13 milhões de pessoas em todo país.
Piscitelli ressalta que o banco cumpre um papel social ao financiar habitações de baixo custo, política que não está no escopo de atuação da rede privada.
Mercado viciado
O professor aponta ainda que a privatização traz como perspectiva o aumento da concentração bancária no país. Um relatório apresentado este mês pelo Banco Central mostra que o Brasil tem um dos mercados mais concentrados do mundo, com 82% dos ativos controlados pelos cinco maiores bancos – CEF, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander. O levantamento se baseia em dados de 2016.
Segundo Piscitelli, a venda da Caixa tende a deixar o mercado imobiliário brasileiro mais vulnerável às políticas de lucro da rede privada.
“Consequentemente, [vai gerar] maior dificuldade de acesso ao crédito e ao licenciamento de crédito mais barato pra setores prioritários ou segmentos com menos proteção social”, diz.
Nos últimos dois anos, após o golpe de 2016, a política atual da CEF já vem caminhado em outro sentido. Segundo dados do Banco Central, entre 25 de maio e 1º de junho deste ano, a Caixa registrou a taxa de juros mais alta (2,02%) para crédito pessoal consignado no comparativo com os outros quatro maiores bancos do país.
A ex-presidenta da empresa Maria Fernanda Coelho destaca que os demais bancos públicos têm apresentado comportamento semelhante. Maior rigidez na renegociação de dívidas e tarifas acima da inflação estão entre os destaques. Na avaliação da ex-dirigente, a política inverte o papel dos bancos públicos na economia.
“Em vez de terem uma atuação anticíclica, [eles] estão tendo uma atuação pró-cíclica, ou seja, aprofundam a crise”, ressalta.
Pior para os trabalhadores
A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira Leite, acrescenta que o projeto de privatização tem prejudicado também os funcionários dos bancos públicos e o serviço prestado à população.
Dados do Banco Central apontam que, entre dezembro de 2015 e abril deste ano, o Banco do Brasil e a CEF, juntos, fecharam ao todo 693 agências pelo país. Além disso, o número de empregados caiu 11% no período, por meio de Programas de Demissão Voluntária (PDV) e outras medidas.
“Esse desmonte todo afeta a sociedade de maneira geral e os trabalhadores, em particular, por conta do medo da privatização, do receio de perder os empregos, da sobrecarga de trabalho. Tem agência onde eles não conseguem sequer sair pra almoçar”, protesta Juvandia .
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