Sexta-feira, 10 de novembro de 2017 - 17h12
No 247, por Fernando Brito, do Tijolaço – Já foi duro para os colunistas da grande imprensa a desilusão com aquele que “ia unir o Brasil”, com uma base parlamentar avassaladora que aprovaria todas as reformas que o mercado queria, que entendia de romance e “era até um senhor bonito”.
Hoje, o berreiro já não era pelo “senhor que nos ajuda”, mas pelo namorado de muitos anos, o querido tucanato.
Recolhi alguns trechos do chororô dos jornais de hoje, a começar com a fúria da colunista Eliane Cantanhêde com Aécio Neves, por ter rasgado os últimos farrapos dos punhos de renda dos tucanos:
“O senador Aécio Neves virou o queridinho do eleitorado anti-PT e anti-Lula e chegou bem perto de virar presidente da República em 2014, mas virou uma alma penada assombrando o PSDB, partido cujas tendências suicidas vêm piorando desde que Fernando Henrique desceu a rampa do Planalto. Piorando, aliás, com ajuda do próprio Aécio.
Com que autoridade Aécio pode pôr o dedo na cara do também senador Tasso Jereissati e destituí-lo da presidência interina do PSDB? O passado o condena, depois de ter-se aliado oportunisticamente a Lula contra José Serra, em 2002 e 2010, e contra Geraldo Alckmin, em 2006. E o presente não deixa pedra sobre pedra na sua construção política.”
Mas, em nome da verdade, sobra também para Tasso, de quem diz que “age como bom e velho “coronel” do Ceará, cheio de certezas e de mandonismo”.
Míriam Leitão, que poelo PSDB engoliu aquele grosseiro “não fale bobagem” de José Serra, fala sem piedade do senador mineiro:
Com um gesto apenas, Aécio entregou vários recados: que o PSDB não é um partido, é um feudo com dono; que a impunidade subiu-lhe à cabeça; que a proposta de renovação do partido e a autocrítica foram enterradas; que o afastamento do senador, quando ele entrou em apuros por receber dinheiro de um empresário investigado, era puro teatro. Ele era o verdadeiro presidente da tucanolândia, tanto que teve força para destituir o seu suposto substituto e nomear outro para o lugar. Se o partido precisava de mais um sinal de decrepitude, ele foi entregue ontem pelo senador que deveria estar ocupado em explicar as entregas de dinheiro de Joesley Batista feitas através do primo.
Merval Pereira, a quem já citei no post anterior, já nem chora as lágrimas que lhe correram após a vitória que escapou por um triz em 2014:
Tudo indica, porém, que o partido está ferido de morte e, pior do que da primeira vez em 1988 [data da criação do PSDB], os dissidentes não têm para onde correr, pois não há tempo para criar um novo partido e nem parece à disposição uma legenda para abrigá-los até abril, data limite para os que quiserem se candidatar a algum cargo em 2018.
Ricardo Noblat (aliás, ilustrando o post sem nenhuma metáfora, com a silhueta de um homem com um revolver apontado à cabeça) diz que “ao invés de se fingir de morto vivo, pois é isso que ele é, Aécio reagiu com o ato inconsequente de destituir Jereissati da presidência do partido. Com isso, voltou à boca do palco de onde se afastara inconformado. E mostrou outra vez de que lado está e ficará. Está do lado dos que resistem às mudanças, dos que querem manter a política como ela sempre foi, e dos que ainda insistem em se agarrar a um governo de fachada”.
Veremos como transitarão, a confirmar-se a candidatura de Luciano Huck, para apoiar o candidato que, segundo Merval, tem condições de “fazer uma campanha populista”, porque “distribui casa e conserta carro”.
As Gretas Garbo de nossa mídia vão ter de olhar no Google para ver onde fica o Irajá.
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