Domingo, 26 de julho de 2020 - 17h47
A série 1964 em Rondônia certamente foi do que escrevi o mais comentado, cobrado e debatido comigo. O que está ali é fruto daquilo que tomei conhecimento através de não sei quantas entrevistas, muitas conversas e leitura de assuntos sobre o tema. Pedi a algumas pessoas que fizessem correções. E a outras que dessem depoimento sobre fatos da série.
Mas, antes de continuar esse capítulo final, quero agradecer aos muitos que me ajudaram a construir a série. Ao falecido professor Abnael Machado de Lima e ao Anísio Goraieb pela consultoria. Enumerar a todos fica difícil porque são e foram muitas pessoas, como o ex-vice-governador Assis Canuto e o jornalista (falecido) Euro Tourinho. Por isso estendo meus agradecimentos a todos; aos sites que têm publicado a série e lembrando da importância do jornal Alto Madeira, onde trabalhei mais de 25 anos de minha vida profissional e onde eu tive a ingrata missão de editar seu último número encerrando uma trajetória superior a um século.
OPINIÕES
Zé Carlos Sá, jornalista, blogueiro: “O legado deixado pela Revolução de 1964 para Rondônia é grande, a começar pelo incentivo de povoamento dessa imensa região, pela manutenção aberta do acesso terrestre, ligando Rondônia ao restante do país. O asfaltamento da BR-364 também se deve aos militares”, disse o jornalista (http://banzeiros.blogspot.com.br)
Hugo Evangelista, advogado, membro da Academia de Letras de Rondônia, ACLER, escritor, advogado: “Houve alguns excessos por aqui, mas menores do que se teve conhecimento em outras regiões. Quanto ao legado não se pode negar que foi positivo para Rondônia, é só comparar o que éramos e as obras que construíram, especialmente modificando e ampliando o fator econômico, a ocupação do solo e outros benefícios”.
Antonio Candido, historiador, professor, membro da Academia de Letras de Rondônia - ACLER:” Se você quer uma opinião sobre o legado do "período da revolução" nós temos as melhorias da BR-364, a rodovia Porto Velho-Guajará, a criação do Estado de Rondônia, o desenvolvimento agrícola”. Mas Candido também fez críticas: “A maneira como se deu a extinção da ferrovia Madeira-Mamoré foi o fato mais violento”, o que também disse o romancista Paulo Saldanha.
Euro Tourinho, diretor do jornal Alto Madeira e membro honorário da ACLER: “Negar que Rondônia teve benefícios é querer negar a história. Claro que houve excessos, mas para o então Território houve melhoras importantes e a maior delas foi atender à antiga reivindicação da criação do Estado”.
Abnael Machado, membro fundador da ACLER, historiador, professor aposentado da Unir na cadeira de Geografia e História da Amazônia, colunista do jornal Alto Madeira e do site gentedeopiniao.com.br: “Honestamente não se pode desconhecer que os governos militares realizaram projetos que permitiram o desenvolvimento econômico e social da região alcançando resultados positivos”. Ele destacou a ação do INCRA no assentamento dirigido de migrantes, a mudança do sistema econômico do extrativismo vegetal para a agroindústria, a criação de dezenas de municípios, a implantação da UNIR.
Anísio Goraieb, consultor da série, escritor e membro da Academia Rondoniense de Letras: “Acho que os destaques do regime militar em Rondônia foram esses. Criação da Fronteira de Expansão Agropecuária em 1970, cujos efeitos firam a grande migração, a instalação do Incra e a execução da reforma agrária e urbana. A criação do 5o. BEC em 1965 e sua instalação em Porto Velho em 1966 com a finalidade de implantar o rodoviarismo, construir a BR 425 e erradicar a ferrovia Madeira Mamoré. Alterar o eixo e a denominação da BR 029 para BR 364, para interligar Rondônia e Acre ao sistema rodoviário nacional e viabilizar o acesso às correntes migratórias procedentes do sul e sudeste. Isso em 1974”
José Lopes de Oliveira, engenheiro-agrônomo, advogado, escritor, ex-executor do INCRA: “O período trouxe enormes mudanças benéficas para Rondônia e uma que marcou foi o projeto desenvolvido pelo INCRA, sob comando do capitão Sílvio Gonçalves de Faria, que permitiu que em Rondônia acontecesse a única aplicação real de reforma agrária no Brasil, e que deu certo”.
Paulo Cordeiro Saldanha, romancista, membro da ACLER e da Academia Guajaramirense de Letras, colunista do site gentedeopiniao.com.br: “O conjunto de ações benéficas do período foi coroado com a criação do Estado, o que aconteceu pela soma de trabalho de vários governadores, o esforço daqueles que moravam e dos que vieram para cá, o planejamento feito pelo governador Humberto Guedes e cuja implantação final ficou a cargo do seu sucessor Jorge Teixeira”.
Paulo Saldanha ainda enumera: “A ação distributiva de um INCRA revolucionário, atuante, competente e voluntarioso, que agia em cima do planejamento decidido, com efeitos positivos no alcance social, gerando a substituição da forma de economia e provando que na Amazônia era possível produzir gêneros alimentícios em larga escala; a vinda de recursos, transformado em audacioso programa desenvolvimentista denominado Polonoroeste, com ações múltiplas; a integração da região, via telecomunicações, um esforço coroado de êxito, seja por conta dos serviços telefônicos, seja pela Televisão, atitudes tomadas desde o Governo Marques Henrique; a pavimentação da BR-364, favorecendo, dest’arte a integração geopolítica da nova unidade criada em 1981 com o centro-sul do País”.
WILLIAM MARTINS
O escritor e presidente da Academia Rondoniense de Letras, professor William Haverly Martins também contribuiu com sua opinião a respeito do “Legado de 1964 para Rondônia”. Seu depoimento:
“Costumo dizer que o legado de 1964, sequencia outros legados, notadamente o de Rondon. Sempre houve uma grande preocupação do Exército Brasileiro com a garantia institucionalizada das nossas fronteiras, principalmente depois que Solano Lopez, El Supremo, sonhou com o domínio da Bacia do Prata.
Ao assumir as rédeas do governo brasileiro, em 1964, os militares trouxeram à baila o velho projeto que visava solidificar as nossas fronteiras ocidentais, e conseguiram! tanto que aquele legado – 1964 a 1985 – se estende até os dias de hoje, são os 21 anos mais longos da história. Não fosse a geopolítica de integração nacional, adotada pelo Exército Brasileiro, representada pela coordenação das ações dos generais presidentes e dos governadores nomeados, inspirados no lema INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR, não teríamos uma política local de apropriação econômica do espaço, ocupando a fronteira e contribuindo para o surgimento de mais um estado na federação brasileira.
Era como se cada presidente militar, ao assumir o governo, já trouxesse, embutido no discurso, a concretização das reticências do presidente anterior, originada no legado do Rondon.
Não foi à toa, portanto, que Rondônia se sobressaiu como fronteira de expansão agrícola e polo de migração, com um planejamento coerente com as contingências regionais extrativistas, mas com ênfase principal na agricultura e na pecuária, que se apresentavam ao futuro, como altamente promissoras.
Os presidentes e governadores militares foram responsáveis por todas as grandes obras que deram suporte ao nascimento do Estado de Rondônia, possibilitando a solidificação da estrutura geopolítica e preparando a economia para o gigantesco salto ao futuro, com a pujança vivenciada nos dias de hoje”.
CORREÇÕES
O escritor e advogado José Lopes de Oliveira fez algumas correções relativas ao Incra:
Capitão Sílvio - Em 1978 o capitão Sílvio Faria já não era o executor estadual do Incra.
Eleições de 1978 – Ao contrário do que informou um funcionário dos mais antigos do Incra, Paulo Brandão, José Lopes, que também atuou no Incra, garante que o capitão Sílvio não coordenou a ação do órgão na campanha de 1978.
Prisões em 1964 - Citei que as prisões de membros do governo foram feitas durante o dia. O comerciante José Oliveira Barroso, o Carmênio, que estava à frente da prefeitura porto-velhense no final de março de 1964, disse que ele e outros membros da administração foram detidos em sua casa na madrugada de 31 de março a 1º de abril. “Uma patrulha mista de policiais da Guarda Territorial e da 3ª Companhia de Fronteiras foram me buscar em casa eram 3 da manhã. Fui levado para o Palácio do Governo e ali fiquei detido até 10 horas da manhã. Respondi a três IPM – Inquérito Policial Militar”.
Professor Dante Fonseca, e outros que leram, questionaram minha citação sobre a figura que entrou na história como “Velho Pimentel”, contestando sob a citação da inexistência de documentos que comprovem sua existência. Em uma viagem a Manaus encontrei na Biblioteca da Associação Comercial relatos em forma do que chamavam de “Jornal de Bordo”, feitos por comandantes das embarcações, em que citavam um flutuante e um velho que seria o dono ou morador. Da mesma forma, o relato de um engenheiro no primeiro número do Alto Madeira faz referência flutuante.
A figura do “Velho Pimentel” aparece em outros relatos, como no texto “História do complexo do Museu EFMM e o Porto do Cai N'Água” (https://www.gentedeopiniao.com.br/colunista/abnael-machado/historia-do-complexo-do-museu-efmm-e-o-porto-do-cai-nagua), que narra: “A partir de 1872 se estabeleceu no antigo “Porto Velho dos Militares” o agricultor conhecido por Velho Pimentel, em um sítio (pomar), construindo um improvisado ancoradouro (Porto de lenha), na foz do atual igarapé Grande (hoje área do Porto do Cai N’água), para embarque de lenha nos navios movidos a vapor d’água. O local passou a ser nominado “Porto do Velho”.
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