Segunda-feira, 15 de junho de 2020 - 12h15
Aluízio Ferreira disputou sua última eleição em 1958
(ganhou em 1947 e em 1950, perdeu em 1954), aos 61 anos, quando ganhou sua
última disputa, pela legenda do PTB, com 3.660 votos tendo como adversário seu
ex-aliado o médico Renato Medeiros, cujo período de pré-campanha foi complicado
porque o ex-governador Araújo Lima, cuja administração fora pontilhada de
grandes obras, decidiu lançar seu nome para disputar contra Aluízio (que
transformara sua nova candidatura a um espécie de “julgamento de sua passagem pelo
Território”, depois da derrota de 1954 para outro seu ex-aliado, o
ex-governador Joaquim Vicente Rondon).
Araújo Lima, segundo o jornalista Euro Tourinho e o
historiador Esron Menezes, era um intelectual, autor da letra do poema Céus do
Guaporé, que a partir da criação do Estado foi sagrado como o Hino Oficial de
Rondônia, fez um bom trabalho quando
governou, era bem aceito pela comunidade mas, conforme o funcionário público
Walter Bártolo, “não tinha sangue nos olhos” quando o assunto era política.
Depois de amealhar várias lideranças para a campanha, inclusive o importante
apoio da professora Marise Castiel e seu marido Raphael.
Na biografia de Marise, sua filha Sandra conta que a mãe
arregimentou lideranças e vários cabos eleitorais para alavancar o nome de
Araújo Lima, mas, como se diz na área política, “não decolava”, e Araújo Lima
decidiu retirar dizendo que havia sido “traído”.
Sem ter adversário na convenção, Renato Medeiros ganhou a indicação mas um grupo considerável
de partidários de Araújo Lima teriam mudaram de lado e Aluízio venceu
novamente, mas Renato reorganizou a oposição ao “cacique” e quatro anos depois,
quando Aluízio se aposentou e decidiu lançar seu primo, o ex-governador do
Guaporé Ênio Pinheiro, que já não conseguiu ganhar o eleitorado e ficou pior
porque no último comício da campanha, quando uma caçamba da prefeitura invadiu
o espaço dos “renatistas” e causou muitos acidentes, repetiu-se o que ocorrera
quatro anos antes, porque partidários de Aluízio, que não aceitavam a candidatura
de Ênio Pinheiro e muito menos com aquela violência, votaram no líder dos pele-curtas, que já estava
muitos pontos à frente na campanha.
Em 1962, como se fosse um “canto do cisne”, Aluízio apresentou um projeto criando o
Estado de Rondônia, não foi adiante e um fator teria sido que naquele mesmo ano
foi aprovada a criação do Estado do Acre.
Aluízio encerrou seu último mandato na Câmara Federal mas continuou
articulando em Brasília e no Rio de
Janeiro. No Território, seu grupo ficou num vácuo porque, como a imensa maioria
dos líderes que “olham para o próprio umbigo”, ele não preparou um substituto.
Derrotado, na condição de fiador da campanha de Ênio
Pinheiro, Aluízo teria, conforme a acusação dos peles-curtas, usado de amizades com seus ex-companheiros de
farda, em 1964, pra conseguir a cassação
do deputado Renato Medeiros, inclusive, conforme ouvi várias vezes, o
nome de Renato teria sido colocado à mão na lista original de cassados. Com
Renato substituído pelo suplente Hegel Morhy, mas não tendo o mesmo carisma que
o titular, e sem um nome capaz de formar uma liderança fora capaz de levar
adiante o legado de Aluízio, ambos os lados ficaram órfãos, politicamente
falando. Hegel se tornaria o primeiro
guajaramirense a chegar a deputado federal, mas em 1966 não conseguiu novo mandato e encerou aí sua
carreira política.
Em 1960 o presidente Juscelino Kubistchek mandou abrir a
rodovia BR-29 (BR-364), começando um novo e muito importante capítulo na
história não só para Rondônia, mas, também, para a própria Amazônia Ocidental.
Aquela década de 1960 foi marcada por uma mobilização que juntou estudantes, dirigentes
de entidades comunitárias, jornalistas e praticamente toda a sociedade, o movimento
próprio, surgindo aí o movimento pela criação da unidade federativa
Pró-Rondônia Estado.
Em 1965 o Governo perdeu eleições para governador em dois
grandes colégios eleitorais do país, Negrão de Lima venceu no Estado da
Guanabara e Israel Pinheiro em Minas. Foi editado o Ato Institucional nº 2,
acabando com os partidos surgindo aí só dois, a Arena, umbilicalmente ligada ao
governo, e o MDB, uma espécie de oposição consentida.
Em Rondônia, onde as duas principais, talvez únicas
lideranças políticas, estavam fora de cogitação, Aluízio aposentado e Renato
Medeiros cassado, a Arena lançou candidato em 1966 o ex-governador Paulo Leal,
e o MDB confirmou a candidatura de Hegel Morhy, que tentava a eleição. Hegel
perdeu.
Paulo Leal teve 4.352
votos, menos de 400 que Renato levou quatro anos antes. Leal renunciou
ao mandato e em 1970 tentou ser candidato, mas levou o que em política da época
se chamava “uma rasteira” que abriu espaço para a ascensão de um ilustre
desconhecido, o goiano Jerônimo Garcia de Santana.
Mas isso é outra história.
Um ano antes, em 1969, pelo decreto-lei 411, assinado pelo
presidente Costa e Silva, autorizava a
realização de eleições para vereadores – sem direito a salário ou qualquer outa
ajuda financeira – e pela primeira vez Guajará Mirim, que era município desde
1928, teria eleição. Porto Velho teve
sua primeira escolha de vereadores (então chamados “intendentes”) em 1915.
Eleitos em 1969, sob a presidência do mais votado, o arenista Anísio Goraieb, a
Câmara Municipal se reunia no gabinete do prefeito.
No ano seguinte haveria eleição para a única vaga de
deputado federal do Território. Apesar
de ter renunciado ao mandato para o qual fora eleito em 1966, o ex-governador
Paulo Leal resolveu se lançar candidato à vaga pela Arena. O jornalista e
advogado Rochilmer Rocha contava que Leal estaca tão certo da vitória na
convenção, devido ao trabalho que seria feito pelos seus amigos em Porto Velho,
que praticamente não apareceu no Território para a campanha.
Várias vezes Rochilmer relembrava essa história. Paulo Leal
depois de renunciar, sumira. Em 1970 visitou o Território e se lançou candidato, mas muitos seus eleitores
lembravam que ele não ficara como deputado como fora eleito em 1966, e faziam
restrições a seu nome. A convenção fora marcada para um domingo. “O Paulo
chegou no voo da Cruzeiro do Sul e fomos recebe-lo no aeroporto. Estava muito
sol. Quando ele veio, imaginando que a comitiva viera para iniciar uma carreata
da campanha, recebeu a notícia”.
A convenção tivera antecipada seu horário de encerramento,
das 16 para 12 horas. A ata estava fechada e os convencionais haviam eleito
outro nome. “Deram uma rasteira no
coronel Paulo e muitos eleitores dele se bandearam para o outro candidato, do
MDB”. Naquele ano ninguém conseguia no MDB aprovar um nome. Sem outro, a
convenção resolveu lançar na disputa um filiado que chegara O Território dois
anos antes. Seu nome: Jerônimo Garcia de Santana, que sempre andava com uma
bengala e por isso passara a ser chamado
“Doutor Bengala”. Começava ali uma nova era na política do Território.
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