Quinta-feira, 30 de julho de 2015 - 05h36
Uma parte importante do Estado de Rondônia, parceiro desde a época do Território Federal, chega neste 30 de julho ao cinquentenário e, pelo visto, pronto para continuar rumo ao primeiro centenário, o 5º Batalhão de Engenharia de Construção, primeira unidade da Engenharia Militar brasileira a se instalar na Amazônia e que nesse período foi a “unidade-mãe” das que se seguiram, na região, nesta Arma.
O 5º BEC, ou o “Quinto” como chamam muitos que por lá já passaram ou que ainda estão, “nasceu” da decisão do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco de criar uma unidade para assumir a manutenção da BR-029, depois 364, aberta cinco anos antes e que estava praticamente fechada pela falta de manutenção.
A FESTA: FORMATURA, SELO, ORQUESTRA E BAILE Os cinquenta anos do 5º BEC serão comemorados hoje, 30, e amanhã, 31, em grande estilo, para marcar bem a data de criação do batalhão pioneiro da Arma de Engenharia do Exército na Amazônia. Hoje, 30, 19 horas – data da criação, será realizada uma formatura no pátio interno do Batalhão “Coronel Carlos Aloysio Weber”, seu primeiro comandante. 6ª feira, 31 – 19 horas Palácio das Artes – Lançamento do selo comemorativo do cinqüentenário e, a seguir, concerto musical com a Banda de Música da 17ª Brigada e da Orquestra “Villa Lobos”. 21 horas – Baile comemorativo do “Pioneiro da Amazônia”. |
Sem qualquer dúvida a criação do Batalhão e sua destinação para ter sede em Porto Velho (uma companhia em Vilhena, outra em Vila Rondônia, um grupamento em Abunã e uma companhia em Rio Branco) estava dentro da visão estratégica de Castelo Branco e que mais tarde ficou mais visível com as Operações do Projeto Rondon cujo dístico nas camisetas era “Integrar para não entregar”.
O “Quinto” também veio num momento em que havia necessidade de ocupar a região, talvez até para complementar o trabalho do Marechal Rondon iniciado em 1907, ocupação que já vinha sendo incentivada pelo governo federal e que a partir de 1968 foi responsável pela “explosão” que permitiu transformar em coisa do passado a figura do Território e surgir “A nova estrela no azul da União”.
Ao chegar a Porto Velho depois de uma viagem de 31 dias, o contingente, constituído apenas por voluntários, foi recebido com festa. Era dia 20 de fevereiro de 1966, sob comando do coronel Carlos Aloysio Weber, os componentes já tinham uma boa noção do que enfrentariam: na 029 não havia pontes, as passagens sobre os grandes rios era sobre balsas puxadas por cordas e nos igarapés de menor porte era sobre “pinguelas”, numa estrada que tinha uma bitola curta e exigia muito de cada um dos componentes – como já fizera em 1960 com a “Caravana Ford”.
Nestes 50 anos o “Quinto” tem uma grande participação no processo de desenvolvimento de Rondônia e do Acre, não apenas como unidade de Engenharia, mas, também, como autêntica escola de formação de profissionais e de cidadãos que por ali passaram nas várias incorporações.
O CABO PEDRO, PRIMEIRO SOLDADO
Quando se fala em um personagem do 5º BEC em Porto Velho é comum a memória dirigir sua atenção para a figura do cabo Áureo, cuja marca ficou tão forte que mesmo quando promovido a sargento continuou sendo, para quem o conhecer, o “cabo”.
Mas do grupo de praças que veio com o primeiro contingente certamente o único que ainda resida em Porto Velho seja o capixaba Pedro de Souza Filho, hoje funcionário aposentado da Assembleia Legislativa.
“Eu era soldado do 3º Batalhão de Caçadores sediado em Vitória (ES) e um dia o sargento “cantou” no boletim que estava sendo formada uma unidade de Engenharia, mas que só aceitavam voluntários e cuja sede seria em Rondônia”.
Residindo em Porto Velho, o cabo Pedro lembra ainda que quando o sargento acabou de “cantar” o boletim ele deu um passo à frente e se apresentou como voluntário, sendo enviado para a cidade de Rio de Janeiro, onde estava sendo organizado o contingente. “Fui o primeiro voluntário”, ele se orgulha em dizer.
“Eu nem sabia que existia nem onde era Rondônia”, recorda, citando que depois do “Quinto” se instalar ele serviu em várias localidades, como em Manoel Urbano, no Acre. Dos oficiais ele sempre cita “o capitão Pastor, um oficial que sempre nos tratava bem”
CHEGADA ALTEROU QUADRO SOCIAL
Até a chegada do primeiro contingente do 5º BEC a sociedade portovelhense era composta basicamente por funcionários da Madeira-Mamoré, servidores do Governo e comerciantes. Como lembra o professor Aleks Palitot (newsrondonia.com.br) “Com a chegada do 5° BEC a Porto Velho, houve muita alteração no quadro social, muita modificação de comportamento; estratificação das classes sociais, até estão indistintas”.
Sem dúvida o choque da chegada daquela unidade militar, ainda mais porque uma de suas missões básicas era erradicar definitivamente de funcionamento da ferrovia Madeira-Mamoré, e face ao momento histórico que se vivia, essa ação gerou dificuldades de relacionamento com a sociedade local.
Jornal Alto Madeira, edição de 1966, |
Além de erradicar a EFMM o BEC também fez transferir para onde é hoje o Bairro da Liberdade os moradores da região até hoje conhecida como Baixa do União, além de ocupar casas até então utilizadas por ferroviários.
Isso gerou um choque muito forte que em alguns segmentos locais ainda dura até hoje, não sendo novidade as queixas especialmente com relação à Madeira-Mamoré – no caso talvez tenha faltado um trabalho de relações públicas por parte do BEC.
Mas também houve sensíveis benefícios, como a “injeção” de recursos na economia local haja vista a presença de um batalhão com mais de 200 homens, fazendo circular o dinheiro no pequeno comércio de então.
Escritores como o professor Abnael Machado de Lima cita sempre e o falecido historiador Esron Penha de Menezes lembrava, um setor que foi muito beneficiado pela vinda do 5º BEC foi o da Educação, com as esposas dos oficiais e sargentos, em grande parte professoras e, mesmo seus maridos, sendo aproveitados para lecionar nas escolas locais onde havia dificuldades para atendimento de várias disciplinas.
Essas mudanças não aconteceram só em Porto Velho. Em Vila Rondônia (depois Ji-Paraná) e Vilhena, onde o BEC instalou contingentes, também os militares deram grande contribuição tanto para desatolar veículos nos lamaçais da BR quanto para as administrações dos então distritos, o que é sempre lembrado por antigos moradores.
DO DESAFIO À “ESTRADA DAS ONÇAS”
O 5º BEC não “abriu” a BR. Ela foi aberta cinco anos antes da criação do “Quinto” numa espécie de desafio do coronel Paulo Nunes Leal ao presidente JK, quando Paulo Leal, então governador do Território Federal de Rondônia, cobrou de JK que construísse o “outro lado da cruz”, referência ao fato de ter aberto a Belém-Brasília.
Mas a estrada, aberta em 1960, parecia que iria se transformar apenas numa picada no meio da selva amazônica, seguindo o roteiro traçado em 1907 pelo Marechal Rondon. Ainda em 1960, em pleno inverno, Paulo Leal mandou que um grupo de motoristas e mecânicos do Território fossem a São Paulo e trouxessem de lá veículos, mas a missão era trazer “rodando”. Dois meses depois de saírem da capital paulista eles chegaram a Porto Velho. Era a Caravana Ford.
Três anos depois a rodovia estava tomada pelo mato e o presidente Jânio Quadros, em 1961, referiu-se a ela com “estrada das onças”. Em 1963 os jornalistas Vinícius Danin e Milton Alves foram de lambreta a Brasília onde pediram ao presidente Jango que não deixasse a estrada acabar. Dois anos depois o presidente Castelo Branco constituía o BEC.
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