Quarta-feira, 23 de maio de 2007 - 15h30
Não me recordo o fato gerador da frase, mas aí por volta de 1976, quando eu estava ainda no jornal A Tribuna, o Nonato Cruz, hoje um repórter de ponta daqui da cidade, estava iniciando, o pautei para entrevistar o diretor do Alto Madeira, jornalista Euro Tourinho. O Euro atendeu e escreveu uma crônica em que começava assim: Foi preciso um foca para eu lembrar de ..... O "foca" era o Nonato Cruz que dava, àquela altura, seus primeiros passos nessa vida de contar da vida dos outros, o jornalismo.
Agora é minha vez de repetir a frase do Euro: Foi preciso um grupo de focas para eu lembrar que dia 15 de abril fez 90 anos a História desta terra, ou melhor, a melhor testemunha viva desta região, o jornal Alto Madeira. O grupo de focas no caso são estudantes do curso de Jornalismo da Uniron que estão preparando um documentário sobre o AM e, esta semana, eu fui um dos entrevistados.
O AM, como é carinhosamente chamado o segundo jornal mais antigo da Amazônia mais que ele só o Jornal do Comércio, em Manaus, que é de 1904, anda capenga, mas, como já ocorreu em outras vezes, pode a qualquer momento repetir o Fênix, e retomar a caminhada. Mas não vou me prender a isso. Preiro falar de História.
Parte, testemunha e (sendo a própria) História desta região, o AM praticamente assistiu todos os eventos ocorridos por aqui, ou que com aqui se relacionaram, desde 1917, na realidade desde 1915 porque é sucedâneo de O Município cujos equipamentos foram vendidos aos fundadores do AM.
Numa terá onde se valoriza pouco sua origem e sua História, não é demais lembrar alguns fatos importantes cobertos pelas sucessivas composições da redação do AM:
História: O fim da I Guerra Mundial; a instalação do município de Guajará-Mirim; a nacionalização da Estrada de Ferro; a última visita de Rondon em 1928; a visita do presidente Getúlio Vargas; o início e o fim da II Guerra Mundial; a criação e a implantação do Território; a abertura da BR-364; a avalanche da migração rumo à última fronteira agrícola; a criação dos municípios da BR; o movimento pela criação do Estado; os Governos Humberto Guedes e Jorge Teixeira, responsáveis pela criação e a fase atual, mais moderna, de afirmação do próprio Estado.
Política: O AM noticiou toda a fase política regional, as eleições de 1919; os efeitos das revoluções de 1924 e 1930; as sucessivas trocas de governadores na época do Território; a disputa entre cutubas e peles-curtas; a cassação de Renato Medeiros pelo AI-2; a época do Dr. Bengala (como era chamado o advogado Jerônimo Santana); as eleições no Estado, a primeira e a segunda Constituintes; as eleições para governador; as sucessivas crises políticas de um Estado com 25 anos de vida a primeira que acabou gerando um fato inédito no país, com a posse, como interina, da dra. Janelene Melo que se tornou a primeira mulher-governador no Brasil.
Economia: O AM testemunhou e noticiou a crise econômica do início dos anos 1920; o ressurgimento com o Território; mais tarde com o garimpo de cassiterita, e os fatos que em 1971 fecharam o garimpo manual; a explosão trazida pela migração que veio pela BR e que mudou a face dessa parte da Amazônia; os efeitos negativos da crise de 1991; os bons fluxos do Beron e os maus fluxos gerados pela intervenção em 1995; o esforço de todos para fazer de Rondônia uma terra digna de se viver.
Esportes: Logo em seu início o AM publicava matérias esportivas, como o título do Ypiranga, primeiro campeão de futebol de Porto Velho, na metade da década de 1920; a vitória da seleção do Guaporé sobre a do Amazonas em 1952, o bicampeonato do fundista José Pereira da Silva, em 1957 e 58 em Manaus, incluindo o jogo do Moto Clube no Maracanã em 1969; os vários torneios do Copão da Amazônia, com o bicampeonato do Moto e o campeonato do Ferroviário; os três títulos brasileiros e os dois vices das seleções de voleibol, a lista é longa.
Social: Em 1918 pelo processo de voto popular era eleita a primeira Rainha da Beleza de Porto Velho, embrião do concurso de Miss; a seguir a eleição da dama que melhor dança; a criação do colunismo social em jornal local; na década de 1960 o AM realizava o concurso Miss Rondônia, sob a batuta de Ciro Pinheiro e Vinícius Danin; o concurso que apontava o prefeito e o governador mirins
O AM não foi, para dezenas de jornalistas e de repórteres, dentre esses últimos eu me inscrevo, que atuaram e atuam em Rondônia, apenas uma redação a mais. Foi uma escola de vida e de afirmação profissional.
Eu não tenho dúvida: quem quiser pesquisar, falar ou escrever sobre a História de Rondônia terá que fazer forte referência ao velho AM.
E aqui me penitencio por ter caído a moeda só quando os focas foram me entrevistar.
Inté outro dia, se Deus quiser!
Fonte: Lúcio Albuquerque
jlucioalbuquerque@gmail.com
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