Sexta-feira, 24 de abril de 2020 - 16h23
Há mais de um mês, todos os dias, incluindo sábados, domingos e feriados, a rotina é a mesma para um grupo de 20 pessoas, incluindo o padre, na paróquia Sagrada Família, em Porto Velho. A tarefa começa logo depois das 7h30 para o coordenador Alexandre Garcia, com curso superior em Contabilidade e duas pós-graduações, na organização das atividades, e para o grupo entre 15 e 20 pessoas, que entra em ação das 10 horas em diante, normalmente até um pouco depois das 16 horas.
Localizada na Avenida Buenos Aires, logo após o campo do 13, a igreja Sagrada Família é dirigida pelo padre Valdecir Cordeiro, e a partir das 10 horas de cada dia começa a se formar uma fila de pessoas em situação de rua ou outros que passam por problemas ainda que tenham uma moradia. Ao chegar eles formam uma fila sempre orientados para ficar de 1,m a2 metros, e até os policiais da PM que estão ali sempre dão apoio. Às pessoas que vão em busca de atenção a paróquia oferece banho de chuveiro (muitos dispensam esse serviço), além da refeição, um marmitex, uma fruta e suco. Mas antes há o registro de cada um dos que estão na fila, feito por uma equipe da Semasf.
O grupo de voluntários é formado por profissionais de várias áreas, inclusive aposentados que estão ainda fora da zona de risco do coronavírus e estudantes, incluindo até quem não seja efetivamente católico ou membro9 de outra paróuia, mas turma “pega no pesado”, como dois deles disseram, “tirando um tempo para ajudar quem precisa, tomando todas as precauções para evitar qualquer tipo de contágio”. Para um voluntário, professor de duas escolas particulares, “é um trabalho ao mesmo tempo muito estafante, mas, por outro lado, muito gratificante. Quando chega no fim já estamos esgotados e é preciso lembrar que a maioria de nós temos família e filhos em casa. E que no dia seguinte tudo começa novamente”.
A preocupação com a higiene é fundamental e constante. “Aqui ninguém fica sem máscara em momento algum. Apesar do calor ela é companhia a todo o momento, desde quem está na cozinha até ao atendimento no portão que é o pessoal mais exposto. Sabão e álcool 70, gel, passando pelo pessoal que cuida dos banheiros, da distribuição da comida, da lavagem das toalhas dos que vêm também tomar banho, do pessoal do cadastro e até na hora de limpar, quando tudo é novamente higienizado”, explica o padre Valdecir.
A comida é parcialmente fornecida pela prefeitura, através de sua Secretária Municipal de Assistência Social e Família, Semasf , que fornece de 70 a 80 refeições por dia, e o restante, que pode chegar até mais 60, feito na própria paróquia através de doações feitas por pessoas de diversas condições sociais “até por quem nem frequenta aqui conosco, por isso somos gratos àqueles que estão conosco ajudando de forma direta e, também, aos que nos ajudam de forma indireta, como a Polícia Militar e aos funcionários da Semasf e os doadores”, diz o padre Valdecir.
“Esse trabalho, feito sob orientação integral do nosso arcebispo dom Roque Palosch, vem recebendo ajuda de muita gente, incluindo outros religiosos, como é o caso do padre Miguel (Paróquia São João Bosco), mas o mais importante é o sentido de solidariedade e de humanidade, dos que estão aqui no grupo e dos que nos ajudam e que por motivos diversos, como os idosos, e pessoas que nem são paroquianas, mas que têm sido fundamentais para que continuemos nessa missão através de pessoas que nos frequentam”, diz o religioso.
O coordenador Alexandre Garcia é funcionário da paróquia. “Meu dia aqui começa 7h30 e não tem hora para acabar. Felizmente o grupo de voluntários é muito bem comprometido com a causa. Normalmente acabamos por volta das 16 horas, depois de encerrar a distribuição de atenção aos que nos procuram, 14 horas, aí é hora de limpar tudo, pronto para começar no dia seguinte. Quando encerra, é hora de fazermos uma avaliação, e definirmos o trabalho a seguir. Em meu caso e alguns mais pode ser a hora de sairmos para atender famílias carentes, em alguns casos distribuindo pequenos ranchos ou roupas, tudo doado”.
Alexandre não elogia apenas o grupo voluntário, mas lembra ser importante o apoio da Polícia Militar e dos funcionários da Semasf. “Esse pessoal, como os doadores, são fundamentais para que o objetivo determinado por dom Roque seja alcançado, diz ele que até 2017 era funcionário da Arquidiocese e que a partir daí está responsável pela parte administrativa da Sagrada Família.
Nesse período todo o padre Valdecir diz que a paróquia está dando um exemplo de amor, e cita passagem da Bíblia sobre o bom samaritano, onde consta “Ele viu um homem como ele, que precisava de ajuda. Ele não ficou indiferente; ele ajudou”.
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