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Lucio Albuquerque

Brasil denunciado na Corte Internacional


Brasil denunciado na Corte Internacional  - Gente de Opinião

Durante décadas os “malaeiros” foram absorvidos pelo tóxico
do DDT e, depois, abandonados à própria sorte

“Malaeiro” era como ficaram conhecidos os trabalhadores da antiga Fundação Sesp e, a seguir, Sucam, que, carregando malas, uma bomba de borrifar às costas e uma prancheta de anotações, batiam palmas, de porta em porta, para aplicar uma substância conhecida como DDT - Dicloro Difenil Tricloroetano, para imunizar contra carapanãs.

O Sindsef anunciou o encaminhamento de denúncia, à Corte Internacional de Direitos Humanos, citando que a grande maioria dos “malaeiros” brasileiros, especialmente na região Norte do país, e seus familiares, estão contaminados devido ao contato direto com o produto, na aplicação, ou quando chegavam em casa e suas roupas, infectadas, se misturavam às dos familiares, transmitindo os males gerados pelo DDT, e sem receber indenizações e atenção a que tenham direito..

A desinformação era tamanha que os próprios ¨guardas da Sucam¨ou ¨malaieiros¨, como eram chamados os agentes de endemias, utilizavam para armazenar água para o preparo da alimentação diária o mesmo balde de era utilizado para preparar o DDT para borrifar as casas dos colonos que estavam iniciando suas vidas nas inóspitas regiões do Brasil.

O Congresso Nacional brasileiro tem demonstrado preocupação com o caso, com várias iniciativas legislativas para ajudar aos ¨malaieiros, infelizmente todas, até agora, inócuas.  Há, inclusive, um Projeto de Emenda à Constituição, a PEC 17/2014, produzida pelo Sindsef/RO e apresentada no Senado pelo Senador Valdir Raupp (PMDB/RO), que se encontra na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, com pedido de vistas do Senador Aluízio Nunes Ferreira (PSDB/SP), líder do governo federal no Senado.


A morte por veneno
tem sido a resposta

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A única resposta que o Governo em dando aos “malaeiros” é deixar que eles sofram, grande parte morrendo envenenada pelos resquícios do DDT. O Sindsef/RO iniciou um trabalho visando obrigar o governo a pagar indenizações e o tratamento, e é o único sindicato ou entidade do gênero no país a custear totalmente os exames de sangue para identificar a presença do DDT no organismo dos trabalhadores doentes.

Mais de oitenta por cento desses exames deram positivos. Todos viraram ações judicias que se arrastam há décadas, ora na Justiça Federal, ora na Justiça do Trabalho. E quando um servidor ganha uma ação contra a União, Brasília recorre e a decisão judicial é suspensa. Os servidores intoxicados estão morrendo à mercê da própria sorte. O Estado brasileiro nada fez. Nada faz.

Devido o governo não cumprir ordens judiciais, o Sindsefestá buscando a denúncia a organismo internacional, visando atender seus filiados e, paralelo com isso, promover um debate internacional sobre o uso inadequado do DDT e forçar o governo brasileiro a promove o tratamento da saúde e indenizar todos os servidores prejudicados e seus familiares.



Livro conta o drama dos 'malaeiros'

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 O livro relata o trabalho, as dificuldades e o drama
de um grupo de homens abandonados pelo “patrão” – o governo

 
Antonio Serafim da Silva, poeta, memorialista, membro da Academia de Letras de Rondônia, quando fala dos “malaeiros” fica emocionado, e não é para menos: autor do livro “Rondônia, a malária e os malaeiros” narra uma história que ele não ouviu dizer.
O livro narra a história, as dificuldades, os dramas, a desesperança e as críticas ao “patrão”, o governo federal, com base num aspecto fundamental: é a história dele mesmo, Antonio Serafim, e de tantos outros que um dia salvaram as vidas de muita gente, mas dos quais o governo esqueceu.

Participante ativo da defesa dos direitos dos “malaeiros”, ele próprio participando e acompanhando – tantas vezes até à morte de outros desse grupo – Antonio Serafim tem queixas quando o assunto seja o abandono a que estão relegados.

Seu livro é uma espécie de forte libelo acusatório. Recentemente um projeto preparado pelo Sindsef e apresentado pelo senador Valdir Raupp no Senado, chegou á comissão de Constituição e Justiça daquela Casa, mas parou porque o líder do governo, o senador paulista Aluízio Nunes Ferreira pediu “vista”, e o projeto sumiu numa das gavetas de seu gabinete.

Fonte: Lúcio Albuquerque

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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