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Lucio Albuquerque

CARDOSO: PERDI UM AMIGO, RONDÔNIA PERDEU UMA REFERÊNCIA NO ESPORTE


CARDOSO: PERDI UM AMIGO, RONDÔNIA PERDEU UMA REFERÊNCIA NO ESPORTE - Gente de Opinião
PERDI UM AMIGO, RONDÔNIA PERDEU UMA REFERÊNCIA NO ESPORTE
Lúcio Albuquerque, repórter
O cabo Cardoso passou para o "outro lado do balcão". A família perdeu seu líder maior. Eu perdi um amigo desde o dia que aqui cheguei, há 43 anos. O esporte rondoniense, notadamente o Voleibol, perdeu uma grande referência.
Dois dias depois de chegar o Walter Santos,  que já me conhecia desde 1973, convidou-me para ir ao ginásio do Flamengo, onde aconteciam os Jogos Militares ( 5º BEC, CFAR, Guarda Territorial, o batalhão de Rio Branco e o de Guajará). Lá ele me apresentou o Cardoso, ou, como o próprio disse: "Cabo Cardoso".
Apaixonado  por voleibol, ele ainda dava umas pernadas no futebol de salão, disputado na quadra do CFAR (17ª Brigada). O time da atual 17ª foi campeão. No voleibol o melhor jogador era o Resende, depois empresário do ramo de lavanderia.
Eu já era árbitro de voleibol, com alguma experiência em competições maiores, logo me enturmei com quem mexia com o esporte, o próprio Walter Santos - que não jogava mas era um organizador, a Dilza, o major Luiz Pinto, a Professora Socorro, o João Tavares, o Chiquilito, os professores Ricardo Canto, Mâncio Danilo Pires e outros. Havia um campeonato, mas a coordenação era da Federação de Desportos de Rondônia.
Depois de dois anos nos organizamos para criar a Federação de Voleibol de Rondônia, e coincidiu do Gilmário Pinheiro, o Gil, descer do avião, rumo ao Acre, e acho que deram mais de um litro d'água do Madeira para ele beber, porque acabou ficando aqui e se tornando o grande nome, como treinador, do voleibol rondoniense.
O seu Dudu, presidente do Flamengo da Arigolândia, cedeu o ginásio para a Federação e começamos a realizar lá um torneio, jogando só adolescentes na faixa de 12 a 14 anos. A quadra era dividida em três, de lateral a lateral, e ali surgiriam os grandes nomes que iriam em seguida trazer conquistas nacionais para o nosso voleibol.
Eram sábados e domingos de festa: a garotada lotando, vários times participando, pais, mães, avós, etc, não havia vencedores. Havia festa. O Gil fazia a peneira e em seguida a Federação realizava competições.
Gonzaga, Luizinho, Wânia, Wanderlan, Sérgio, Edna Melo (1), Alexandre Badra, Feitosa, Zeca, Amarildo, desculpem, fazem mais de 40 anos daquela caminhada e a memória já não responde como quero, então peço desculpas. Todos oriundos das várias edições do torneio Gigantão.
Na quadra do colégio Barão do Solimões o Cardoso ficava "fabricando" atletas. Era mestre em formar a base e muitas garotas e garotos saíram dali para as nossas seleções.
Em 1978 o Cardoso estava lá em Maringá com a seleção no Campeonato Brasileiro. Em 1979 o time feminino infanto-juvenil foi vice-campeão, e o Cardoso estava na comissão técnica com o Gil - que dirigia também a masculina que foi campeã.
Nos anos seguintes, e sempre com o Cardoso na linha de frente, o nosso voleibol continuava a crescer. O grande jogo escolar no feminino era o Auxiliadora com o Barão. Na competição de clubes era o Ypiranga, do Cardoso, contra o Ferroviário.
O voleibol tinha a maior plateia dos esportes de quadra locais. Numa época em que os recursos eram inexistentes, o v olei era de ponta, e ganhava nome nacional. 
Em determinado momento nós, da turma que iniciamos a jornada (o  Orlando Júnior era do time), nos afastamos da Federação. Mas alguns continuaram ligados no esporte, o Cardozo, a Dilza, a professora Socorro.  
O primeiro a pegar "expresso da meia-noite" foi o major Luiz Pinto, depois o Chiquilito, primeiro presidente da Federação, a seguir a professora Socorro, o João Tavares e, agora, o Cardoso - não lembro que outro também já tenha "embarcado".
Mas tenho a certeza de que segunda-feira o Valhalla (*) estava com a porta de entrada em rebuliço desde que o jornalista Sérgio Melo, em edição extra no pool de rádio e TV de lá, com aquela voz única entrou em edição extra  informando à colônia rondoniense que o cabo Cardoso estava chegando.
Na recepção do Valhalla logo a turma foi lá, os jornalistas esportivos Carlinhos Neves e Walmir Miranda, de carona porque estavam fazendo nada na redação também foram os jornalistas Paulo Correia, Ivan Marrocos, Sérgio Valente, Pedo Sá e até o Paulo Queiroz que havia finalizado sua coluna "Política em Três Tempos" e o Vinícius Danin - que a turma chamava de "deletério".
Todos queriam uma "exclusiva" com o novo habitante do Valhalla, mas o João Tavares e  a professora Socorro já estavam com o convite para que o Cardoso assumisse a escolinha de vôlei do Valhalla.
Na chegada, abraços, perguntas e uma recepção com direito a um lanche reforçado, porque o Cardoso chegou com muita fome, tudo ao som dos violões do Ênio Melo (irmão da Edna) e  do Antonio do Violão.
(1) A Edna era irmã do Ênio Melo.
(*) A minha maneira de homenagear uma pessoas éla qual tenho respeito e amizade, e que tenha pegado o "expresso da meia-noite" é assim. À família do cabo Cardoso, sinceramente, minha solidariedade e que o senhor de todos nós tenha um bom lugar para ele. O Valhalla era o céu dos grandes guerreiros wikings.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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