Sábado, 31 de maio de 2014 - 20h16
Na Copa do Mundo de 1994, como não sou chegado a assistir jogo de futebol, disse ao editor Ivan Marrocos, no ALTO MADEIRA, para arrumar um fotógrafo que eu pretendia sair pelas ruas de Porto Velho registrando como pessoas de diversas profissões estavam vendo a Copa. E lá fomos nós dois.
Conversei com o arcebispo de Porto Velho, em seu escritório no prédio onde muito antes funcionou o colégio dom Bosco e com o então candidato a governador Valdir Raupp (eleito alguns meses depois).
Houve alguns causos interessantes. O agente funerário que estava “colado” na TV e conversando comigo quando o telefone tocou anunciando mais um falecido. O cara deixou-me “a ver navios” e saiu dizendo que não podia perder aquele “cliente” porque nada faturara ainda naquele dia.
Mas o caso que não esqueço mesmo foi quando aportei à residência de uma importante liderança religiosa não católica. Fui recebido por uma senhora que explicou o pastor estar preparando uma palestra para um grupo de fiéis e, por isso, não me poderia atender.
Disse meu nome e insisti que ela fosse lá com ele. O pastor mandou que eu entrasse. Em seu escritório, com vários livros abertos em cima e diversas anotações, atendeu-me bem e repetiu o que eu já ouvira antes. Eu estava para acreditar que ele não estava interessado no jogo, quando literalmente a cidade explodiu: fogos, buzinas, gritos. Pior que bem ao lado da casa funcionava um dos botecos mais frequentados da cidade e que, ao chegar, eu vira que estava “bombando”.
O pastor, que garantira não estar interessado no jogo, chamou um rapaz que estava na sala e: “Menino, vá aí no bar saber se foi gol do Brasil, quem fez e quanto está o jogo”.
Quanto ao preparativo para a palestra, ficou para depois do jogo.
Já em 2002 eu estava num hotel, em Rio Branco fazendo um “frila” e tinha de enviar uma matéria sobre eleições para um veículo no “sul maravilha”. Era domingo, decisão do Mundial. Consegui que o hotel me arrumasse uma salinha perto do café e estava lá trabalhando.
Eu tinha prazo e meu tempo já estava fechando. Estou trabalhando quando entra uma hóspede. “O senhor não vem assistir o jogo? Todos os hóspedes estão na sala do café”.
Ela foi embora e eu continuei. Daqui a pouco retornou, pelo visto já com o jogo em andamento. “O senhor não vem mesmo?”. Respondi que não podia. Foi embora e voltou: “O Brasil já está ganhando de um a zero. O senhor é brasileiro?”.
Mas, de todas as histórias e estórias ouvidas por aqui, relativas à Copa do Mundo, a que eu mais me divirto é com a contada pelo mestre Esron Penha de Menezes. Aconteceu na final da Copa de 1958. Ele e alguns amigos foram ouvir (a TV só foi instalada em 1974 e jogo direto só em 1978) a final Brasil x Suécia no Bancrevea Clube.
Esron: em 1958 “torcendo pelo inimigo”
A estática forte complicava a recepção da transmissão direta de Estocolmo, os rádios eram poucos, muitos movidos à força de baterias de carros. O sinal da emissora chegava através de uma antena – um fio entendido a muitos metros de altura entre duas varas compridas.
Jogo começado, gol. Esron e seus amigos vibraram, soltaram foguetes e nem atentaram que não houve festejos em outros pontos da cidade. Talvez o uísque sem gelo tenha feito a diferença. Mas o importante era festejar.
Foi aí que chegou um convidado retardatário querendo saber o motivo de tanta festa. “Gol do Brasil”, gritaram os que festejavam. O amigo disse que o gol fora da Suécia, que marcou primeiro mas perdeu de5x2. “E ainda queria saber se nós estávamos torcendo pelo inimigo”, ria Esron mais de meio século depois.
CAUSOS DO MANÉ
1973. Jogando pelo cachê, que me desculpem os que pensam diferente ou os que nunca o viram jogar, Garrincha, vulgo Manoel Francisco dos Santos, foi o jogador mais importante do Brasil nas conquistas de 1958 e 1962. Em 1973 ele se apresentava em qualquer local, desde que pagassem o preço.
Garrincha, com a camisa do Moto
Clube, no campo da 3ª Cia de Fronteira
E naquele ano de 1973 ninguém menos que ele, Garrincha, desembarcou no velho aeroporto do Belmont – onde hoje é o aeroporto de Porto Velho – para fazer um jogo de apresentação, um tempo pelo Moto Clube e outro pelo Ferroviário (os dois melhores times de futebol local e que já não disputam mais nossos campeonatos).
“Foi um momento mágico”, lembrou o ex-centro-avante Faz-Tudo, enquanto tomávamos café no boteco da Zenilda, no Mercado Central que jogou um tempo ao lado e outro contra Garrincha, no campo da (atual) 17ª Brigada, com o público literalmente dentro das quatro linhas. O resultado pouco interessou. No dia seguinte Garincha foi jogar em outra cidade, Guajará-Mirim, e o estádio Paulo Saldanha não coube de tanta gente, inclusive centenas de bolivianos que “invadiram” a “Pérola” para ver “o anjo das pernas tortas” (*) jogar.
Já Coutinho, parceiro de Pelé no Santos e reserva de Vavá na Copa de 1962, conta sempre que quando acabou o Mundial Chile parecia que Garincha não entendera que o Brasil já ganhara novo título. “Ele ficava dizendo: “Já acabou? Que torneio pequeno”.
De Garrincha também contam muitas outras histórias e estórias, como a de um dos técnicos da seleção brasileira. No vestiário o treinador dizia aos atletas que era para fazer isso e aquilo, que era para etc e tal.
Foi aí que Garrincha teria interrompido: “O senhor já combinou tudo isso com o time dele?”.
(*) Anjo das pernas tortas - Termo criado pelo jornalista Nelson Rodrigues para identificar Garrincha.
Amanhã:
HISTÓRIAS DAS NOSSAS COPAS DO MUNDO (7)
Minha Copa do Mundo inesquecível
Lúcio Albuquerque
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