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Lucio Albuquerque

Cientistas debatem no valhalla mazelas amazônicas


Lúcio Albuquerque

- O senhor é o cientista Osvaldo Cruz?

- Sim, sou eu. E o senhor eu já vinha acompanhando há tempos, olhando daqui do Valhalla......

- É, e temos o mesmo inimigo que, um século depois de sua visita, ainda mata na região.

Assim deve ter sido o encontro de dois brasileiros que marcaram suas presenças num dos mais respeitados institutos de pesquisas sobre doenças tropicais, o Instituto Pasteur, na França, e que depois de se tornaram personagens importantes no tema, decidiram vir para o Brasil.

De um lado Osvaldo Cruz, autêntica lenda quando se fala de combate a doenças tropicais. De outro o mais importante cientista brasileiro na pesquisa da malária, Luiz Hildebrando Pereira da Silva ou, como era chamado por aqui, “Doutor Hildebrando”, um cara simples, que não gostava de rapapés, preferindo estar com seus estudantes e com os motivos daquilo a que dedicou a vida, a busca de uma medicação contra a doença que é tida como “endêmica” na região e que especialmente em Rondônia no período da grande colonização (1968 a 1990) foi responsável por milhares de mortes.

(Da malária, dizia outro médico, o rondoniense Jacob Atallah, que não tem ainda uma vacina porque as regiões onde ela grassa estão longe dos grandes centros políticos e econômicos do mundo).

Mas quando os dois entabulavam as primeiras conversas eis que surgiu um grupo de cidadãos, detentores de respeitáveis e vastos conhecimentos científicos, dentre eles o brasileiro Carlos Chagas a quem são atribuídas duas descobertas fundamentais para os que seguiram seus passos na busca de encontrar meios de melhor combater e malária. Ele identificou a forma de contato e a evolução dos transmissores da doença – a Carlos Chagas também é atribuída a mesma descoberta com relação ao “mal de chagas”.

O trio brasileiro estava ainda na fase de apresentações quando surgiu um cidadão logo reverenciado por todos os cientistas que se encontravam no local, ninguém menos que o francês Louis Pasteur, a quem certamente o novo hóspede do Valhalla, o cidadão honorário rondoniense Hildebrando Pereira, prestou suas homenagens.

Depois, quando os três brasileiros já retornavam ao tratamento dos temas aos quais dedicaram suas vidas, eis que chegou mais um importante personagem ligado a uma doença que aflige milhares de amazônidas, o cientista norueguês Gerhard Henrik Armauer Hansen, descobridor do bacilo causador do que muitos ainda chamam de “mal de Lazaro” ou “lepra”, mas que a comunidade científica reconheceu, a partir da descoberta de Armauer como “mal de Hansen”.

Para todos o novo habitante do Valhalla teve de explicar por que preferiu deixar Pairs e não se ligou a nenhuma instituição científica de grande porte no país, preferindo se instalar num lugar distante do mundo, em Rondônia, onde passou a gerir o Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicias, o Ipepatro, cujo grande desafio, agora, será continuar mesmo sem a presença física de seu idealizador.

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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