Quarta-feira, 3 de janeiro de 2007 - 20h52
Lúcio Albuquerque
nmarielle@terra.com.br
Fala sério, presidente...
Em seu discurso de posse, e a seguir em ocasiões diversas, o presidente Lula da Silva tem alardeado a disposição de, neste segundo mandato, jogar duro em relação ao problema da segurança pública, na realidade da insegurança pública que este país enfrenta e que, desde algum tempo, mas com maior ênfase desde os atentados de São Paulo, se tranformaram em claros atos terroristas - e só não vê assim quem não quer.
Será que Lula desta vez fala sério? Não que eu seja cético nem adepto de São Tomé, mas francamente eu só acredito se tiver provas provadas de que esses arroubos não passem apenas de meros arroubos.
Resolver o problema de segurança pública não é apenas uma medida administrativa, apesar de depender, e muito, de medidas administrativas.
(Apenas para citar um exemplo daqui mesmo de Rondônia: eu soube, e torço para que não seja realidade, que no cone sul do Estado o trabalho de inteligência da Polícia Militar estava funcionando e, aí, foi desativado. Será?).
Segurança pública não é só, como querem os fazedroes de discursos e aqueles que apenas repetem palavras que lhes colocam às bocas, botar mais policiamento nas ruas, comprar mais viaturas, equipamentos, armas, etc.
Ela começa em ações muito distantes de qualquer ação policial: na confiança que o cidadão tem de ter na instituição chamada Estado; no processo educacional (em que não haja necessidade de mostrar número de aprovações apenas para dizer que se está trabalhando sério); no incentivo aos valores morais, éticos e cívicos, dos quais andamos muito distantes nos últimos tempo; no não atropelamento da hierarquia; em leis que realmente sejam cumpridas (mas que elas próprias não sirvam apenas para gerar a desconfiança generalizada de que só quem transgride a lei é beneficiado) e vai por aí afora.
Quando se fala em valor cívico há quem ache besteira. Ainda recentemente o historiador Esron Menezes contava que em uma cerimônia no quartel dos Bombeiros uma alta autoridade estadual deixou-se ficar com o chapéu quando era cantado o Hino Nacional. Apenas um exemplo de mau exemplo de quem deveria dar o bom exemplo.
Começamos a ter problemas também quando se passou a entender que representa despesa remunerar melhor salários para profissionais de Educação, Saúde e Segurança Pública. Quando se colocou de lado valores da cultura, da história, da família - e nestes últimos a Imprensa também tem uma enorme culpa.
Veja-se, por exemplo, a situação de grandes cidades brasileiras. EStá mais do que dito que o chamado "crime organizado" se abastece também a partir do que entra pelas nossas fronteiras. Mas teima-se em permitir que elas continuem abertas, sem uma fiscalização efetiva. A idéia que o cidadão comum tem é de que só aparece fiscalização quando se acendem luzes de televisão para uma reportagem.
Na realidade em questão de segurança pública neste país há muito tempo se vivem situações de guerrilha urbana. Fala-se muito em "direitos humanos" e eu não sou contra, mas por qual motivo direito humano não tem também o cidadão que trabalha, paga impostos e sustenta o sistema? Exemplos? a própria falta de confiabilidade na instituição chamada Estado. Baste este, mas há muitos mais.
Há quase 50 anos Juca Chaves cantou: ..."o policial, quase sempre uma ilusão".... E ele não se referia ao policial, agente da ação de Estado, mas o "policial" que "quase sempre uma ilusão" já era, àquela altura, o próprio Estado e não seu agente.
De qualquer forma espero que o presidente agora esteja falando sério e aja dessa maneira. Mandando, por exemplo, que contingentes do Exército, da Marinha e da Aeronaútica sejam deslocados das praias sul-sudeste-nordeste para as áreas de fronteira da Amazônia. Mandando que se aumente o contingente de auditores de órgãos ambientais na Amazônia, mandando que os contingentes das polícias Federal e Rodoviária Federal sejam aumentados nessa região.
Ao lado, claro, de outras medidas que não sejam apenas para encher discurso, como aquela frase de que o Bolsa Família tirou muits famílias da miséria.
Inté outro dia, se Deus quiser!
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