Domingo, 6 de maio de 2007 - 13h04
Rondon, muito mais do que apenas sua língua
O leitor pode até estranhar o título da coluna, daí ser necessária uma explicação: língua de Rondon era como os índios chamavam à linha telegráfica que o patrono de Rondônia implantou, interligando a margem do Rio Madeira até a cidade do Rio de Janeiro, via Cuiabá onde iniciou o trabalho.
Viajando no tempo, na realidade a Missão Rondon, que neste mês de maio completa 100 anos e que em nosso Estado nem é lembrada pelos responsáveis da História e da Cultura, inclusive de órgãos oficiais, foi a primeira ação do Governo Federal em procurar integrar a região Noroeste brasileira à própria Nação.
É preciso verificar que já nos estertores do período imperial o Conde D´Eu, marido da Princesa Isabel, foi a Manaus e lá (está registrado nos anais da Associação Comercial do Amazonas) assumiu o compromisso de interligar o Amazonas ao Rio de Janeiro por via telegráfica. O que, claro, não foi cumprido.
Em 1907 Rondon, que já fizera trabalho em uma Comissão para interligação via telegráfica o Rio de Janeiro com a região do (hoje Estado) Mato Grosso do Sul, foi ungido responsável pela nova missão, agora de conduzir os fios até o Amazonas.
O que me questiono há muito tempo resume-se apenas a uma questão: Será que a Missão Rondon era apenas para implantar a Linha Telegráfica, ou havia interesse do Governo Federal em, através disso, também afirmar a brasilidade nas regiões onde ele andaria? A resposta talvez esteja (para sermos mais modernos) na Guerra do Paraguai, uma disputa que a historiografia oficial brasileira precisa reexaminar.
Àquela altura D. Pedro II mandou instalar pelo menos um posto armado, aqui mesmo em Porto Velho, supostamente para evitar possível invasão (?) boliviana, já que aquele país era citado como favorável aos paraguaios, na região.
Ao lado disso e eu admito: muito mais importante a Missão Rondon veio também numa hora em que se aclaravam mais as necessidades do Brasil conhecer melhor sua parcela Oeste. É uma opinião minha, mas creio ser coerente, haja vista a Missão Rondon não ter sido apenas para derrubar 20 metros de largura de floresta, plantar postes e esticar fios. Vieram especialistas, cientistas, cartógrafos, uma clara demonstração de que o Brasil precisava saber o que continha mesmo aquela parcela considerável de si mesmo.
Afora que me provem o contrário, não tenho qualquer dúvida de que a Missão Rondon ia muito além de sua língua, apesar de, oficialmente, ser isso seu objetivo.
LAMENTÁVEL
Lamentável, mas nada de novo no front. O 5 de maio, data oficial do nascimento do patrono de Rondônia, continua fora de qualquer manifestação histórica por aqui. Até mesmo quando outros Estados comemoram a coincidência do mês com o século da Missão Rondon, aqui, nada de novo no front. Nem o lamento.
REVISTA
Li com atenção a entrevista do sr. César Clodovil ao jornalista Zé Katraca. Ele cita apenas a página 13 da revista sobre Porto Velho como sendo errada. Na realidade há outras aberrações, como na página 64. Aliás, perguntaram se eu recomendaria a compra da dita cuja. Eu, não. Afora que façam correções nos erros das línguas portuguesa e inglesa e, também, nos desvios históricos.
CONTRA
Ouço entrevista de um representante da OAB nacional e outros luminares contra a redução da idade penal. Bom, da OAB e desses luminares eu já esperava. São contra tudo que a sociedade quer. E na maioria das vezes ganham.
APLAUSOS
Para o trabalho da Fundação Cultural ji-paranaense pelo trabalho de preservação histórica que nem o estado consegue. E se me perguntarem sobre apupos? Vai para os responsáveis pelo museu (eu disse museu? Perdoem) Rondon em Vilhena. Podridão, fedentina, cabas, abelhas, formigas, lixo, abandono total naquele local onde, de quebra, os cupins estão destruindo o prédio. Ah! Sim. Técnicos da prefeitura vilhenense garantem que estão tentando recursos para restaurar o prédio. Mesmo admitindo que há algum recurso, eles não explicam direito por qual motivo, pelo menos, a Prefeitura de Vilhena não manda fazer uma faxina no local.
Inté outro dia, se Deus quiser!
Fonte: Lúcio Albuquerque
jlucioalbuquerque@gmail.com
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