Juca e Pedro tinham razão
Aí pelo início dos anos 60 o "menestrel maldito" Juca Chaves cantou que "...um policial, quase sempre uma ilusão...". Em 1968 o vice-presidente da República Pedro Aleixo negou-se em assinar o Ato Institucional nº 5 e, ao ser perguntado qual a razão, respondeu que não tinha medo da Lei, "...mas do guarda que vai aplicar a Lei".
Pois é: ambos os dois tinham, e têm razão. Pelo menos é esta a dedução a que cheguei depois de receber a queixa de um engenheiro, deficiente físico, multado por estacionar seu carro em espaço reservado, adivinhem para quem? Pois é: por estacionar seu carro na área específica para deficiente físico o engenheiro alega ter sido multado.
Você pensa que fica por aí? Não. O mesmo engenheiro se queixa de ter sido multado por "não estar usando o cinto de segurança", apesar dele alegar que, devido à sua condição física e ao carro adaptado usar só o cinto abdominal, o "duas pontas". E que isso, ele alega, não teria sido levado em conta pelo policial.
Ora, vamos! O leitor pode pensar que eu tenho algo contr o policiamento do trânsito. Pelo contrário: quem se der ao trabalho de ler o que tenho escrito há muitos anos verá que sou favorável, mas também entendo que não se pode pagar policiais apenas para multar, até porque essa não é a finalidade de suas funções conforme a Lei diz.
Mas, quando só se vê os PMs do trânsito, em grupos, aplicando multas, é de se pensar que a metodologia pedagógica adotada pelo comando da Companhia de Trânsito - ou do Batalhão se o for - é de punir, caso, por exemplo, de queixas contra multas aplciadas a motoristas que estacionaram em oblíquo ao lado do Prontocor. Está certo: não há norma mandando fazê-lo, mas já se tornou uma tradição que o estacionamento ali seja assim. Mas é uma questão dupla, de tradição e de aproveitamento de espaço.
Quando vemos policiais do trânsito em cruzamentos com semáforos e não os vemos irem para o meio da rua orientar o tráfego quando o semáforo tem problema ou falta luz, então alguma coisa está errada. Aliás não só este setor está errado: por que não se fez até agora nenhuma ação séria de educação no trânsito? Ou a metodologia pedagógica do setor entre nós é, também, a de multar?
Inté outro dia, se Deus quiser!
CLúcio Albuquerque
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)