Sábado, 14 de março de 2020 - 15h24
Quando, ainda bem jovem, e bota jovem nisso, comecei a trabalhar em jornal ele era paginado, e a composição dos textos, preparados pelo redatores, depois de revisados e passado na mão do copidesque (vai ver que a turma nova nem sabe o que seja essa palavra) só depois era levado para a oficina, quando a organização das matérias ou colunas eram feitas manualmente, letra ou sinal a letra ou sinal – assunto que trato em meu livro “Da Caixa Francesa à Internet/100 anos da Imprensa em Rondônia”.
Sem o excelente trabalho que fazem os diagramadores – ou como gostam de ser chamados hoje os editores gráficos, a distribuição do material era feita pelo paginador e muitas vezes acontecia do texto ficar maior ou menor que o espaço previamente estabelecido. Então o responsável pela paginação entrava na redação e dizia: “Seu fulano, a matéria tal deixou um buraco assim” (mostrando o espaço com as mãos).
E o redator tinha de dar o jeito para encontrar material que coubesse naquele “buraco assim”. Haviam dois caminhos a serem seguidos, era apenas escolher um. Pegar um “calhau” –comercial já com o clichê feito e que desse no tamanho ou, ainda, o clichê de fotografia qualquer, desde que resolvesse o problema. Em A Tribuna (jornal de Porto Velho que viveu de 1976 \a meados da década de 1990) um clichê de desabamento serviu depois para vendaval, queda de barreira em estrada, queda de avião etc.
Todo esse “nariz de cera” (não sei se a turma nova sabe o que significa, mas certamente sabem o que significa “introito”, que é o mesmo). Tive bons mestres, todos, à exceção de um, jornalistas ”práticos”, formados nas próprias redações, mas aprendi algumas lições que continuando utilizando, até porque entendo que se deve priorizar a informação e não atores, mas isso, pelo visto, não é levado em conta no jornalismo moderno.
No livro que citei acima há o caso de uma assessora que mandou um texto dizendo que o órgão onde trabalhava estava aplicando um curso de “tráfico e consumo” de drogas. Quando a matéria saiu ela veio dizer que a prejudiquei. Ainda esta semana a assessoria da OAB/RO distribuiu uma nota sobre reunião da entidade com o corregedor do TJ rondoniense sobre medidas preventivas face ao coronavírus, uma boa ideia, por sinal. Quase 500 palavras e nenhuma delas sobre o motivo da ida à reunião. Só depois entrou o assunto.
Lembrei do tempo de “cortar pelo pé” ou “cortar pela cabeça”. O fato aconteceu em Manaus, antes de eu começar a “provar da cachaça chamada jornalismo”. O paginador entrou na redação e disse que a matéria tal tinha “um buraco assim”. O redator mandou: “Corta pelo pé”. No dia seguinte, o que era a narrativa de um assassinato, tinha tudo, menos a narrativa do crime. Tudo porque os quatro primeiros parágrafos contavam do clima na ocasião, das crianças que brincavam, dos papagaios que tracejavam o horizonte. Nas três últimas linhas estava lá: “Com toda a beleza daquela tarde, fulano de tal disparou dois tiros e matou seu companheiro de bebida”.
O “corta pelo pé” estava ali, como o “corta pela cabeça”, quando o redator mandava tirar exatamente o que depois se convencionou chamar de “lead” – o que, quando, como, onde, por que e quem.
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