Sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013 - 18h43
Nas extremidades, professora Marise Castiel e senhora Labibe Bartolo. Ao centro a senhora Fátima, filha de dona Labibe. |
Costumo guardar citações de coisas que vivenciei nessa vida de repórter, mais de 40 anos, e que eu não consigo esquecer. Numa virada da memória não esqueço minha professora de 3º ano, dona Claide, no dia em que fui entrevistá-la e ela soltou a frase ao lembrar que eu fora seu aluno e saber da minha profissão: “Repórter, grande coisa você não daria mesmo” (ver culturarondoniense.com.br, link Coisas que acontecem com a gente).
Mas essa agora é para lembrar a senhora Labibe Bártolo, a quem entrevistei duas vezes, numa delas, não lembro bem quem era o fotógrafo, mas, certamente, o outro entrevistador era o jornalista Zé Carlos Sá (http://www.banzeiros.blogspot.com.br/), parceiro de outras entrevistas, aqui e em Brasília.
Dona Labibe era uma instituição. Não se tratava apenas de uma pessoa, mas de uma pessoa que foi testemunha da história desta cidade, assim como o foi, em épocas seguintes o jornalista Esron Menezes.
Conversar com dona Labibe era como dar um passeio no passado, na época em que Porto Velho estava praticamente começando (afinal ela chegou aqui em 1912, aí entre três e quatro anos de vida, oriunda de Manaus).
Dona Labibe, para quem não sabe, foi a primeira voz feminina a participar de ato público, ainda adolescente com algo em torno de 14 anos, quando fez a leitura de um poema em honra à Independência do Brasil, dia 7 de setembro de 1922.
Pois é, e naquela entrevista dona Labibe, tendo ao lado a professora Fátima, sua filha, rememorou fatos de seu passado e que podem ser comprovados bastando uma visita ao CEDOC do Governo, no Prédio do Relógio, onde, em números do Jornal Alto Madeira, é fácil encontrar seu nome relacionado dentre os artistas de peças que se apresentavam na nascente Porto Velho.
E a passagem da entrevista que me ficou gravada na memória, foi quando ela falou sobre o Bloco do Noroeste, formado por jovens e senhoras da melhor sociedade local. Em determinado momento lembrou do carnaval de 1923 quando ela, com 15 anos, foi eleita “Rainha”.
Ora, se foi eleita veio a pergunta seguinte (afinal em concurso de miss e rainha sempre há premiação): “E que prêmio a senhora ganhou?”. E ela, com a tranquilidade de quem estava contando sua própria história, respondeu:
“Ganhei uma faixa e um sabonete”.
Talvez até abusando da bondade dela, quisemos saber: “E o que a senhora fez com os prêmios”.
Ela retomou: “Ora, meu filho: o sabonete eu usei. A faixa eu guardei”. E mandou que dona Fátima fosse buscar a faixa, já amarelada, mas dentro de um invólucro de plástico.
Fonte:Lúcio Albuquerque
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