De vez em quando pinço, dos e-mail que recebo, uma questão para comentar dentro de uma visão própria e que, claro, se alguém discordar vou dar-lhe toda razão disso, ainda que eu não concorde com a argumentação e prefira manter-me com o que tenha afirmado antes. Outras vezes recebo perguntas sobre um ou outro fato e procuro responder dentro do que entendo ou, como já aconteceu várias vezes, remeto o perguntador a outra fonte que, sei, tem muito mais condição de responder.
Estava eu assuntando sobre esse fragmento de pergaminho escrito três séculos, ou coisa assim, da morte de Cristo, onde quem estudou o dito pedacinho de pergaminho afirma ter Jesus sido casado, e até converse com algumas pessoas sobre o assunto. Aí abro o e-mail e está lá a pergunta do Fernando Saldanha, conhecido de alguns anos, residente agora em Assis, São Paulo. E vem ele com a pergunta:
- Lúcio, e se Jesus tivesse mesmo sido casado, isso o que muda em você?
Bom, não é novidade para ninguém que eu sou torcedor do Fluminense. E nem fico chateado quando meu neto e as netas, influenciados pelos respectivos pais, repetem que torcem pelo Flamengo ou pelo Corinthians. Ainda outro dia minha neta de 3 anos falou que o melhor time do mundo é o Flamengo e, quando eu disse que não concordava, ela concluiu com a autoridade de quem tem três anos e acha que seja dono do mundo.
- Pois eu acho. (E, como encerram inquéritos, "nada mais disse nem lhe foi perguntado").
Você que me lê já deve ter visto várias vezes que sou "politicamente incorreto", porque a tese do "politicamente correto" é, em meu entendimento, a grande justificativa para alicerçar a máxima nelsonrodriguiana de que "toda unanimidade é burra". E o fato de pensar não pelo que os outros tenham de modismo, mas pelo que acho correto até que alguém me prove estar eu errado, já me tem feito ouvir algumas abobrinhas de quem é incapaz de estabelecer seu próprio pensamento sobre fatos que ocorram.
Sou dos que entendem que o livre arbítrio, como outras coisas da Lei não devam apenas compor textos ou estarem aí para encher papel. Cada um de nós, observado o respeito à Lei, deve ter todo o direito de pensar como quer, de posicionar-se e, claro, se for o caso, de responder perante a Lei.
Pois é, você está pensando que eu estou enchendo papel de abobrinhas, mas é que gosto de deixar as coisas bem claras para evitar dúvidas de interpretação. Sou, por exemplo, apesar de algumas amizades serem contra e eu respeito seus pensamentos, a favor que o religioso deva ter a opção (e não a obrigação) de constituir família como qualquer outro vivente.
Mas, voltando à questão se Jesus foi casado ou não. O que acho disso?
Primeiro deixo bem claro que não sou muito versado em Bíblia, daí não discutir a questão à luz da Palavra. Mas, como ser pensante, respondi ao Fernando Saldanha que creio ter tido Jesus, como ser humano, todo o direito de ter tido uma esposa como é dado a qualquer outro ser humano.
Em meu entendimento o fato de Jesus possa ter tido uma esposa não muda o que aprendi e cultivo, a fé que tenho em Seus ensinamentos, até porque não conheço que haja de parte da religião que professo qualquer impedimento a crer que o fato agora levantado seja uma cláusula pétrea.
O que é que teria de mais, afora o fato de termos uma nova visão do Jesus milenar que nos vem sendo mostrado ao longo de tantos séculos?
Por isso na abertura do texto-resposta ao Fernando fiz uma pergunta: "E você, Fernando, o que acha?".
Ao final dei a mesma resposta que você já leu antes de chegar aqui: Se ele foi casado isso não muda nada na fé que tenho.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)