Terça-feira, 7 de outubro de 2014 - 19h47
Até há pouco tempo futebol era sinônimo de Brasil no exterior. Coca-cola era de refrigerante, o PT auto-proclamado como sinônimo de ética e, o Ibope como sinônimo de pesquisa, de audiência, etc. Nesse campo um jornalista daqui, e que nos deixou em 2011, era sinônimo de análise política regional, o “Anglo-paraibano”, vulgarmente conhecido por Paulo Queiroz.
A escrita política do PQ era tão forte que era comum ouvir de pessoas de todos os níveis sociais, quando discutíamos algumas coisas políticas o interlocutor dizer “eu li no Paulo Queiroz” – sem citar o jornal em que ele escrevia. E fim de papo.
Conan Doyle, escritor inglês do Século XIX criou um personagem para caracterizar o típico detetive súdito de Sua Majestade real, representado conforme aquele clima ruim que sempre está em Londres, com uma capa, um boné e seu charuto, cunhando uma frase quando queria explicar como chegara à conclusão acertada. Virava-se para um personagem auxiliar e proclamava: “Elementar, meu caro Watson”.
E nada mais dizia e nem lhe era perguntado. Verdade final.
Está bom. Holmes e Watson são dois personagens de ficção. Pesquisa também pode ser citada, igual a Orçamento, como uma peça de ficção. Mas tal e qual orçamento, a pesquisa eleitoral influencia, muda voto e até elege quem não deve ser eleito. Como o orçamento, a pesquisa também pode ser subestimada ou superestimada.
Igual a orçamento, a pesquisa eleitoral também tem sua margem de erro, para mais ou para menos, e a desculpa de sempre: “Os dois são feitos por pessoas e sendo humanos os erros podem ser admitidos. Donos do poder nosúltimos doze anos têm sido muito beneficiados pela superestimação denúmeros e seus adversários pela subestimação.
O que se viu nessa campanha, primeiro turno, foi um festival de erros que, para quem observa ou já participou de campanha eleitoral não é novidade. Já assessorei várias campanhas eleitorais e sempre fui contra encomendar pesquisa para divulgação. Sou favorável àquela para consumo interno, é das externas que vivem os “institutos” de pesquisa que, como disse o Reinaldo Azevedo (Rádio Jovem Pan, programa Pingos nos ii, aqui transmitido diariamente das 18 às 19 horas pela FM 98.1) muitas vezes se confundem e chegam a apontar números irreais.
Foi o que aconteceu na eleição de domingo. Como explicar que da noite para o dia Aécio Neves tenha crescido tanto enquanto as pesquisas apontavam o “muito pelo contrário” e que a ele estava reservado apenas o papel de coadjuvante?. Quem já assessorou campanhas, meu caso, não dá crédito aos números solenemente enunciados pelos locutores das emissoras de TV.
(Em 1998 na campanha do turno, todas as pesquisas davam governador Valdir Raupp como reeleito e o candidato José Bianco em quarto ou quinto lugar, isso a 10 dias da eleição. O que se viu? Bianco venceu no turno e foi eleito no segundo).
Bem, pelo menos os analistas, pesquisadores, diretores e donos dos institutos de pesquisas dessa vez não inovaram. Deram as mesmas desculpas quando confrontados com os números, como na disputa pelo governo gaúcho em que o candidato do PMDB, conforme as pesquisas já muito bem batido pelo pretendente do PT, terminou bem na frente, e o Aécio Neves subiu quase 10% (ou algo próximo a 15 milhões de eleitores inscritos) e indo para o returno.
As desculpas? Mudou o humor do eleitor ou, então, que pode ter sido uma onda, mas os institutos não têm a decência de, publicamente, admitir que o erro foi deles mesmos, preferindo atirar sobre o eleitor a desculpa esfarrapada de sempre. O eleitor é o vilão da história.
Ou, como diria Sherlock Holmes a seu assessor, “elementar, meu Caro Watson.
A culpa é do mordomo!
Lúcio Albuquerque
jlucioalbuquerque@gmail.com
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