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Lucio Albuquerque

EM ROMA, COMO OS ROMANOS (III)


 
Lucio Albuquerque, repórter

Nesses países da Europa, especialmente os que tiram grande lucro do turismo, conhecer a história e as belezas é coisa que pode ser feita a pé, bastando para tal ter disposição para subir ladeira, descer ladeira, subir escadas, descer escadas, aspirar fumaça de cigarro – as mulheres fumam mais que os homens, e os homens fumam muito, incluindo garçons e cozinheiros que nem dispensam os cigarros ainda que preparando a comida.

É o caso da Itália. Em Florença ficamos num castelo onde uma pessoa conhecida nossa garantiu ter visto até visagem, ouvido vozes. As paredes recheadas de retratos, desenhos e diploma assinados pelos reis italianos, diplomas de guerra, paredes com mais de meio metro de largura, subindo escadas que rangiam a cada passo, e uma vista maravilhosa para um vale, em meio a uma imensa plantação de oliveiras, com a cidade ao fundo. Em baixo uma adega carregada de tambores de vinho produzido lá mesmo.

Apesar de situado no alto da colina, com uma estrada de acesso estreita e em zigue-zague, os carros e lambretas (moto aqui deve ser muito cara porque o transporte popular depois do carro é a lambreta) sobem em alta velocidade. E pela manhã bem cedo – o sol aparece 5h30 e vai embora 22 horas - há quem passe correndo subindo a serra

O castelo havia sido há muitos anos um convento, em algumas portas ainda são vistas grades, o que deixou a suposição de terem sido usados, esses quartos com grades, de clausura para freiras ou frades. O café da manhã era servido num espaço subterrâneo, o que aumentava a sensação de almas penadas atrás de cada porta. O duro era que dali para a cidade tinha de descer uma serra, e o frio era muito forte, apesar do calor durante o dia.

No restaurante do castelo a tradicional forma de atendimento encontrada em todos locais da Itália que andamos: ruim. Conseguir uma informação foi coisa que tivemos de aprender a fazer usando o jeito italiano. Ou, como num passeio pelo olival, perguntar a dois trabalhadores africanos que nos atenderam muito bem.

Ainda em Florença fomos a um casamento em outro castelo, este construído no século XIII, com direito a seteiras, torres de vigias, escadas com degraus altamente irregulares, sala de armas – com espadas, arco e flecha, lanças, punhais, floretes, espadas, armaduras de cavaleiros medievais, bacamartes, pistolas de carregar pela boca e, claro, mais estórias de fantasmas contadas por dois funcionários do local que, para fazer o castelo ficar mais medieval, foi iluminado durante a festa com tochas.

Vibração, especialmente das mulheres, foi quando chamaram para partir o bolo, mas ele foi todo armado na frente dos convivas e noivos, por um confeiteiro fiorentino que, depois, contou ser praticante do “calcio fiorentino” – calcio é como chamam aqui o futebol, só que mais violento do que toda a violência dos jogos do brasileirao. Mas apesar da briga generalizada durante as partidas, segundo o confeiteiro, ao final confraternizam porque “somos todos buona gente”. E, como no outro castelo, mais adega e mais barris envelhecendo o vinho produzido lá mesmo.

Vamos deixar o turismo para amanhã.

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