Quinta-feira, 17 de setembro de 2015 - 05h17
Historiador Abnael Machado diz que
o “Barão” vai fazer um século em mais 3 anos
O professor Abnael Machado de Lima entende que há algo de errado quando a Escola “Barão do Solimões” anuncia comemoração de seus 90 anos de funcionamento. Para ele a cronologia está errada porque na realidade dentro de mais três anos o mais antigo colégio do Estado estará completando seu primeiro centenário, e não em 1925.
Historiador, membro da Academia de Letras de Rondônia e do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia, ex- presidente do Conselho Estadual de Educação, Abnael Machado de Lima cita como base de suas afirmações um livro de sua autoria, “História da Educação em Rondônia” e outro, assinado pelo historiador Esron Penha de Menezes (falecido em 2009).
“Há algo de errado”, disse ele. “É só observar que com a classificação de “Escola” o “Barão do Solimões” foi criado em 1918 pelo governo amazonense, quando havia mais duas escolas, municipais, a “Abílio Borges” e a “Jonathas Pedroza” que funcionavam em Porto Velho”.
A seguir lembra que só em 1923 é que o “Barão” passou à condição de “Grupo Escolar”, sendo que em 1944, com a instalação do Território deixou de ser administrado pelo governo amazonense.
De 1923 a 1944, conforme o professor Abnael, o “Barão do Solimões” teve os seguintes diretores: Protásio Independente Ribeiro da Silva, Isabel Angelita, Gracilásio Lago e Silva, Amarintes Gesta, Maria Angélica Montenegro, Isaura Borges, Ilse Borges, Guilhermina Borges e Leonardo Reis de Carvalho.
Ele lembra ainda que o “Barão” peregrinou em várias sedes antes e chegar ao prédio atual, inaugurado em 1940. Antes dele, a escola funcionava num prédio de madeira na esquina das avenidas Farqhuar com a Sete de Setembro.
Almino Affonso, que foi vice-governador de São Paulo e Ministro do Trabalho, foi aluno do “Barão” |
Não seria exagero dizer que a história do prédio onde hoje está o colégio “Barão do Solimões” se misture em muitos casos com a história da própria cidade de Porto Velho, tantos fatos políticos tiveram como sede ali.
Sua construção, conforme o historiador Abnael Machado de Lima, demandou de uma decisão do diretor da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré Aluízio Pinheiro Ferreira em construir um prédio para abrigar uma escola moderna, capaz de oferecer boas condições de educação para os jovens de então.
Há quem cite que a inauguração teve a presença de ninguém menos que o presidente Getúlio Vargas, em outubro de 1940, quando ele visitou a escola, num dos muitos programas que cumpriu na (hoje) capital rondoniense.
Outro fato importante foi ter sido ali que em 1944 o governador Aluízio Ferreira, o primeiro do Território Federal do Guaporé, considerou instalado o Território criado em setembro do ano anterior.
NOMES
No “Barão” estudaram pessoas que depois se destacaram na sociedade local, e até fora, como foi o caso do aluno Almino Álvares Affonso, na década de que várias vezes foi quem conduziu, na década de 1940, a Bandeira do Brasil nos eventos cívicos. Almino depois foi deputado federal pelo Amazonas, ministro do trabalho, vice-governador paulista e deputado federal na bancada de São Paulo.
A professora Aurélia Banfild foi da primeira turma de professorandas formadas pelo Instituto Maria Auxiliadora, n a primeira metade da década de 1930 e tornou-se, a seguir, na primeira descendente de “barbadianos” a lecionar Português.
Durante algum tempo, conforme contou em entrevista ao Jornal ALTO MADEIRA, pouco antes de falecer, em 2008, ela também exerceu a direção da escola, mas gostava mesmo era de dar aulas.
Sentada em sua casa na Rua Almirante Barroso, ela gostava de rememorar histórias de quando saía de onde morava e caminhava a pé, debaixo de chuva para dar aulas. “Tive muitos alunos que depois se destacaram em Rondônia”, ela lembrava.
Outro nome que faz parte da história do Barão do Solimões é o professor Cardoso, que como técnico de voleibol revelou muitos atletas para a seleção rondoniense, especialmente no naipe feminino, numa época em que o esporte ganhou muitos títulos nacionais.
Também no esporte outros nomes que fazem parte dessa história são a professora Socorro (já falecida) e o professor Samuel Johnson, um dos muitos que estudaram ali e que depois de concluídos seus estudos voltaram, na condição de professores.
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