Sábado, 25 de junho de 2016 - 19h39
Lúcio Albuquerque, repórter (E), Time do Moto Clube (C) e Gervásio (D).
Para aqueles homens, quase todos funcionários do governo do Território de Rondônia, a emoção deve ter sido enorme: entrar num Maracanã (que quase todos só ouviam falar quando escutavam jogos pelos aparelhos de rádio, ou liam notícias) para jogar ali no que então era considerado o “templo” do melhor futebol do mundo, onde gênios como Gerson, Garrincha, Didi e muitos outros se apresentavam, mas onde imperava um fora-de-série, ninguém menos que Pelé, deve ter sido uma emoção muito grande.
E foi por isso que no dia 21 de agosto de 1969, quando na partida principal o Brasil “esmagou” a Colômbia por 6x2, que aquele grupo liderado pelo jornalista Rochilmer Rocha, pisou no gramado do “Maraca” e levou um choque: circulando a vista pelas arquibancadas e pela geral, havia mais gente ali do que toda a população do Território, e um pouco mais.
Ao contrário de hoje quando a informação chega rápido e viajar não é tão difícil, naquele tempo havia todos os problemas: a delegação iria num avião da Sudeco, mas o governador de então não conseguiu “e eu e mais alguns companheiros compramos “fiado” as passagens”, lembrou Rochilmer em entrevista a mim concedida.
O primeiro choque foi com o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. “Nós saímos andando e bem poucos, como era meu caso que havia estudado e trabalhado lá, já havia estado naquelas ruas. Os jogadores às vezes ficavam assustados”, conforme Rochilmer(FOTO).
Os jogadores rondonienses chegaram cedo ao “maior do mundo”. E, por obra do destino, estavam dentro do mesmo espaço onde os roupeiros da seleção brasileira já arrumavam o material de cada atleta do time então dirigido pelo jornalista João Saldanha. “Eu fiquei encantado. Corri pelo túnel e levei um susto vendo tanta gente. Deu uma tremedeira”, lembrou Walter Santos (*) também em entrevista a mim concedida. Aliás, foi de Walter um gol estilo “folha seca do Didi”: a bola foi lá onde “a coruja dorme”. Golaço!
Em campo, a seleção formada por jogadores dos times profissionais do Bonsucesso, Madureira e São Cristóvão, com a camisa da Petrobras. Resultado final: 3x3 e a Taça veio para Porto Velho.
Walter Santos narra o gol do Moto Clube no Maracanã em 1970.
Vídeo do Viva Porto Velho, apresentado por Viriato Moura e Anísio Gorayeb
Está certo, você talvez esteja estranhando por que, afinal, o “Moto teve participação no título”. Bom, o Moto Clube rondoniense fez a preliminar – antigamente era chamada “esfria sol” – de um jogo da seleção brasileira que, a seguir, seria tricampeã mundial.
E por que lembrar isso agora? Caramba! Você não lembra? Dia 21, segunda-feira passada, completou-se 46 anos que o Brasil meteu 4x1 na Itália e deixou enlouquecidos, nós aqui e os mexicanos que lotavam o “Azteca”.
Bom, console-se: não só você nem lembrava mais, como grande parte da imprensa especializada também não lembrou. Lamentável país de memória curta.
(*) Walter Santos, ex-jogador, jornalista, liderou também a Federação de Voleibol de Rondônia quando os times locais foram campeões brasileiros em diversas categorias e naipes.
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