Domingo, 21 de maio de 2017 - 05h03
HISTÓRIAS DO LÚCIO
Lúcio Albuquerque, repórter
RÁDIOS EM PORTO VELHO
Euro Tourinho, jornalista, diretor do ALTO MADEIRA
Quando fechar uma edição de um jornal mesmo hebdomadário, nestas lonjuras da Amazônia Brasileira, como a nossa Porto Velho, que a notícia, fato, acontecimento que podia chegar mais rápido levava 7 dias, isso depois que o grande Rondon inaugurou a obra de macho, a Linha Telegráfica Cuiabá/Santo Antônio do Rio Madeira, o jornalista precisava ser bom de ideias, de pena, de conhecimentos, ter um vasto cabedal de conhecimento geral, pois o periódico, o jornal era editado apenas com matérias locais, pois não havia, exemplo deste Alto Madeira de publicar uma notícia de fora, Manaus e Belém mais próximas e cidades capitais as quais Porto Velho era ligada por subordinação, administração de órgãos como exemplo a Receita Federal do hoje, dependia de abastecimento quase total de mercadorias de modo geral.
De Manaus para cá, dependendo do rio Madeira cheio ou época de rio seco, com mínimo de calado era de 10 a 15 e 20 dias para se receber uma correspondência ou por acaso um jornal, ou ter informações, conversa de pé de ouvido com "chegantes”, para ser transformado em noticia.
De Belém, a mesma catilinária, aumentando apenas a distância, o tempo que passava para 30 dias, ou mais.
Para encurtar aonde queremos chegar, foi o aparecimento dos três primeiros a bateria em Porto Velho, isso lá por outubro de 1807 quando o navio, Índio do Brasil, movido a lenha, com caldeira e "roda de palhetas" traseira para impulsionar o barco que atracava no Pontão Aripuanã, um casco de navio enorme, imenso, velho, que fazia a vez de atracadouro, de cais de Porto Velho, onde desembarcavam os passageiros e as mercadorias que vinham para a região, entre eles, motivo desta história um "cacheiro viajante" - hoje chamado pomposamente, de Representante Comercial - muitos deles com a veia de "marreteiro" que trazia lado a lado o que ele vendia (representava) ao comércio oficialmente, foi o caso dos três rádios a bateria que foram vendidos
Um para o cel. Emídio Feitosa, destaque na cidade; um para o Beda Lima, a época chefe, agente dos Correios e Telégrafos e o terceiro para o Agente Fiscal do Norte de Mato Grosso, Homero de Castro Tourinho. Foi um acontecimento, na cidade, era só o que se comentava entre os 5 mil e poucos habitantes da pequena cidade de Porto Velho. Pensávamos que, com os três aparelhos de rádio, Porto Velho tivesse encostado ao restante do pais, conquistando o mundo através das notícias, das informações, da música.
Tudo ilusão! Recepção não ruim péssima; só com muito esforço e se o assunto nos fosse familiar, podia se "captar" alguma coisa; no mais só chiado, barulho, estalido, põem radio pra cá, põem rádio pra lá, muda antena, coloca mais alta, quase nas nuvens, penitência de lascar para se ouvir alguma coisa. O rádio ainda era pouco conhecido por estas bandas, novidade, curiosidade.
Tem fatos pitorescos de notícias "apanhadas" no rádio e comentada no AM, uma delas deu até uma interpelação de Londres, Londres mesmo, Inglaterra, uma carta do chefão Francisco de Assis CHATEAUBRIAND Bandeira de Melo querendo saber, querendo confirmação da noticia e a fonte colhida, já que se tratava de uma nota do falecimento na Polônia, do cardeal Spelman, líder no combate, na luta ante comunismo no mundo.
Pela presença do tal rádio, em casa, um belo dia o meu pai homem intelectualizado, lia muito, estava em seu quarto de onde ouvia o nosso grande compositor clássico CARLOS GOMES eu chego na sala mudo de onda, o "velho" veio "P" da vida e deu-me uns puxões de orelha mandou-me sentar e começou uma aula de bom gosto, pois eu não devia ter cometido aquela heresia, dando-me uma aula sobre o valor de Carlos Gomes como compositor clássico, maestro nativo, escritor, homem importante no mundo da música clássica, erudita, autor do conhecido mundialmente de “O GUARANI”.
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