Quinta-feira, 6 de janeiro de 2022 - 15h00
Jesus Burlamaqui Hosana. Governador do Território do Guaporé durante um ano e nove meses entre 1952 e 1953, realizou obras importantes durante o período, mas sua administração ficou manchada pela ação de um suposto “agente secreto” boliviano, e por acreditar na informação desse “007 às avessas”, gerou um folclore no mundo político do Guaporé há coisa de 70 anos.
Segundo contavam os então funcionários públicos e historiadores Esron Penha de Menezes e Abnael Machado de Lima, além do jornalista Euro Tourinho, um dia, em início de 1953, surgiu no gabinete do governador Bularmaqui Hosana, pedindo uma audiência particular, um cidadão boliviano e, quando instado sobre o assunto alegou que só faria isso ao próprio governador.
Em segredo até do pessoal do gabinete – Esron era um dos membros, o governador atendeu ao boliviano que disse ter sido membro do serviço secreto daquele país até recentemente quando uma revolução derrubara o presidente e ele, o “secreta”, teve de fugir mas recebera a missão de comunicar ao governador do território que um grupo de pessoas em Porto Velho estava tramando.
A história contada, conforme Abnael, Esron e Euro, foi de que esse grupo, do qual fariam parte os médicos Renato Medeiros e Ary Pinheiro, e o engenheiro Wady Darwich Zacharias, junto com outros, pretendiam instalar a “República Socialista do Guaporé”, da qual fariam parte também os departamentos bolivianos do Pando e do Beni.
Bularmaqui Hosana nem pestanejou: chamou o chefe de polícia e o comandante da Guarda Territorial, mandando prender todos os denunciados, sem ouvir ninguém. “São todos comunistas, querem instalar a República Socialista do Guaporé”, dizia o governador” que em 1944 fora o secretário-geral do governador Aluízio Ferreira.
O jornalista Montezuma Cruz, citando entrevista com o historiador Abnael Machado de Lima, conta que “Além deles, mandou prender também Manoel Bezerra, Sadi, Eliezer e Boanerges, funcionários públicos, empresários e outros. “O governador que havia agido precipitadamente, por conta própria cientificou ao ministro do Interior e Justiça, ao qual era subordinado “O ministro determinou soltar todos os presos e a seguir exonerou o Bularmaqui”, lembrava o jornalista Euro Tourinho.
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