Sexta-feira, 6 de dezembro de 2013 - 12h44
Lúcio Albuquerque
Sete, não. Ele teve oito nomes, dentre os quais um número. Mas tornou-se, em sua luta contra a segregação racial, num dos líderes mais importantes da humanidade e alcançou essa posição não por cotas ou outro artifício tão em moda no Brasil onde colocam de lado a meritocracia para se manter no poder.
Seu nome? Mandela, mas pode chamar de Tata, Nelson, Madiba, Khulu, Dalibhunga e Rolihlahla. Ou, como na prisão de Robben Islandonde ele ficou mais de 25 anos e o chamavam os carcereiros: Prisioneiro 46664.
Neste dia 5 de dezembro o mundo ficou muito menor: morreu com mais de 95 anos de idade o homem que recebeu ao nascer o nome de Rolihlahla, que traduzido pode significar aquele que traz problemas, mas cujo trabalho a favor da igualdade racial deu-lhe outra denominação, Dalibhunga, que significa «criador ou fundador da conciliação, do diálogo» (*).
Primeira criança negra em sua aldeia a estudar na escola normal, o futuro Prisioneiro 46664 foi também o primeiro advogado negro da África do Sul e seu primeiro presidente não branco e, apesar de quando em sua juventude ter se filiado a um partido que defendia a luta armada contra o apartheide passou a defender, ainda que em conflito com alguns antigos companheiros (leia Mandela conversas que tive comigo), o diálogo e o entendimento para chegar ao bem comum.
Único ser humano que tem uma data particular concedida pela ONU (Organização das Nações Unidas) - 18 de julho, data do aniversário dele, é o Dia Internacional Nelson Mandela, quando se viu livre da prisão e foi eleito presidente de sua nação, o Prisioneiro 46664 não usou de benefícios a segmentos mais humildes para manter-se e a seus companheiros no poder e nem foi outra vez candidato a presidente, exemplo para tantos dirigentes (SIC!) mundiais que fazem da ascensão ao poder um modo de vida e/ou uma capitania hereditária.
Mandela teve vários grandes méritos não seguido por muitos que o elogiam. Nunca mudou o discurso para beneficiar a si e seus companheiros o que é comum em alguns que chegam ao poder; e, ainda, comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, para o sistema do um homem, um voto, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa.
E, ainda, uma forte arma usada por ele para promover a reconciliação isso pode ser considerado milagre? foi fazer que os discriminados (não só negros, mas também membros de diversas outras etnias incluídos brancos que não concordavam com a segregação) gostassem do esporte preferido dos brancos, o rugby, fazendo ação política com o esporte, tornando Francois Pienaar (veja o filme Invictus) o capitão de equipe mais famoso dentre tantos outros atletas que tenham ocupado tal função nos mais diversos esportes.
VEJA A SEGUIR OS MUITOS NOMES DE MANDELA:
1 Rolihlahla (*)
Quando nasceu foi chamado Rolihlahla Mandela pelo pai (Nkosi Mphakanyiswa Gadla Henry). Em Xhosa, Rolihlahla significa «que traz problemas».
2 - Nelson
O nome Nelson foi-lhe atribuído na Escola Primária. De acordo com a Fundação Nelson Mandela foi-lhe dado pela professora no primeiro dia de aulas em Qunu,e não se sabe de alguma razão especial, apenas que era um nome muito popular na altura.
3 - Madiba
Madiba é o nome do clã Thembu a que Mandela pertence. Foi também o nome de um chefe Thembu no século XIX. Chamar Madiba a Mandela é sinal de carinho e respeito.
4 - Tata
Significa «pai» em Xhosa. Como é considerado o pai da democracia na África do Sul, Mandela é carinhosamente tartado por «Tata».
5 - Khulu
Em Xhosa, Khulu é uma abreviatura de «uBawomkhulu», que significa «avô» e também é sinónimo de grande e supremo. É mais uma forma carinhosa de se referirem a Mandela.
6 - Dalibhunga
Aos 16 anos, Mandela foi iniciado na vida adulta numa cerimónia tradicional Xhosa em que recebeu o nome de Dalibhunga, que significa «criador ou fundador da conciliação, do diálogo». Usado no cumprimento deve ser precedido por «Aaah!», «Aaah! Dalibhunga».
(*) Fonte: lux.iol.pt
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