Domingo, 25 de março de 2012 - 12h06
Para muitos moradores da capital rondoniense, incluindo aí professores, é comum a afirmação de que se conhece pouco da história de Porto Velho, ainda mais porque até mesmo dentre historiadores há divergências sobre a origem da cidade e do seu nome, haja vista as mais diversas versões circulantes e à ausência de uma discussão séria que, para dirimir as dúvidas, poderia ser patrocinada pela Fundação Iaripuna, ou pela Universidade Federal.
Foi essa falta de discussão que levou, em 2007, à suspensão monocrática, pelo prefeito Roberto Sobrinho, da proposta de comemorar o centenário da cidade naquele ano, o que acabou reforçando a teoria do historiador Francisco Matias para o qual falta a Porto Velho até um documento que seja considerado sua certidão de nascimento.
Mas, apesar da notória falta de interesse das autoridades municipais e estaduais, em preservar e difundir melhor a história da capital rondoniense, há alguns mecanismos capazes de oferecer ao interessado informações sobre as coisas da Porto Velho de antanho.
E, para tal, não é assim tão difícil. Um exemplo claro de que há bons caminhos é encontrado no poema que, para muitos, é considerado o clássico do gênero quando se fala de poesia acerca de Porto Velho do passado, aquela cidade que literalmente terminava no KM 1. E essa peça da nossa literatura é o poema Porto Velho Antigo, de autoria do Bolívar Marcelino (1), falecido no final de 2010, texto encontrável no livro Chuvas de Inverno.
Um exemplo do passeio na história que o poema Porto Velho Antigo nos proporciona é lembrar que, ao contrário dos últimos mais de 40 anos, a capital já teve um porto efetivamente, e não apenas um barranco de atracação para pequenas embarcações (O Cai n’Água).
Isso está já na primeira estrofe, quando o mestre Bolívar Marcelino nos lembra que a cidade já teve um porto, e não só o grafado em seu nome: Porto Velho/da minha infância/e da minha adolescência/das barrancas do rio/ do velho trapiche..... que muitos chamavam também de píer palavra que significa embarcadouro ou cais..
Quem prestar atenção a uma música do cantor/compositor Ernesto Melo (todas sextas-feiras à noite no Mercado Cultural), ouvirá dela a citação de um boêmio, Antonio do Violão, personagem melhor explicado pelo glossário feito por Bolívar para que se entenda cada um dos locais e/ou personagens de sua poesia.
Mesmo que você não seja estudante ou professor, apenas seja morador ou de passagem por esta cidade que nem tem sua certidão de nascimento, mas que, ainda assim, queira ir um pouco além de saber que já temos shopping, é interessante ler a poesia de Bolívar Marcelino e, se ainda mais, tiver interesse de conhecer algumas coisas sobre a Madeira-Mamoré, o convite é buscar em outro autor, misto de historiador e poeta, o professor Antonio Candido (2), em seu livro Madeira-Mamoré - O Vagão dos Esquecidos.
Aliás, este livro, na ocasião em que se comemora o centenário da inauguração da ferrovia, deveria estar sendo reeditado numa homenagem até ao trabalho realizado pelo seu autor, e porque oferece um momento de conhecer personagens e paragens do que representou a Madeira-Mamoré para nós.
São duas – poderia ser muito mais – sugestões para nossos professores, de literatura inclusive, para nossos secretários municipal e estadual de Educação, para incentivarem o melhor conhecimento de Porto Velho através de uma leitura leve, capaz de ser bem absorvida, e que pode ser reforçada com outros livros de autores locais sobre a história e a caminhada da capital rondoniense. Produção nós temos. Falta apenas quem tem a responsabilidade cultural/educacional tratar com carinho do assunto.
Inté outro dia, se Deus quiser!
1 – Bolívar Marcelino foi membro fundador da Academia de Letras de Rondônia.
2 – Antonio Candido é membro da Academia de Letras de Rondônia
Fonte: Lúcio Albuquerque
Repórter, membro da Academia de letras de Rondônia e da Academia Guajaramirense de Letras jlucioalbuquerque@gmail.com
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