Sexta-feira, 21 de setembro de 2012 - 10h59
Lúcio Albuquerque
“Mexeu com o Lula, mexeu comigo”. “O Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.
Há alguns anos, se não me engano em seu primeiro mandato, o senhor Luiz Inácio viu-se envolvido em denúncias, parece-me até ter sido justamente as primeiras do mensalão e aí vários carros eram vistos com um plástico colado dizendo “Mexeu com o Lula, mexeu comigo”, uma ameaça aberta a quem tivesse a coragem de, pelo menos, criticar a barba do cidadão que o Leonel Brizola chamou de “sapo barbudo”.
Agora, em manifestação promovida por sindicatos paulistas, supostamente para tratar da greve (uma greve que bem pode ser vista como tentativa de reduzir o espaço do noticiário do mensalão e não uma tentativa real de conseguir melhoras para o trabalhador), o presidente da CUT (aquela Central que usa o dístico de “Única”, mas que, em verdade, não é), lança mais um bordão, quer dizer, a mesma coisa acrescida de novos vocábulos: “O Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”.
Ora, por que essa reação (opa! estou usando um termo que antigamente, e nem faz muito tempo, era chavão (e ainda o é) na boca daqueles que acham que só suas idéias devem prevalecer)? E olhe que a primeira vez em que disseram que o senhor Luiz Inácio estava envolvido com o mensalão nem foi a revista Veja e, sim, o autor da denúncia, deputado Roberto Jeferson, e já faz tempo.
A coisa (a reação, desculpem os reacionários!) foi forte e não ficou restrita apenas ao presidente da CUT. Em Brasília, presidentes dos partidos que pedem voto ao eleitor, mas vivem aplaudindo tudo que o Governo faz, assinaram uma “Carta à sociedade brasileira” em que acusam estar havendo um “golpe”, dizem que está sendo atingida “a honra e a dignidade do ex-presidente” e vai por aí afora, até a acusação de que há pressão sobre o STF para condenar os envolvidos no mensalão.
Há dias lideranças do PT, o mesmo partido que foi contra o Plano Real e que jurava sempre defender transparência, posicionaram-se contra as sessões do STJ serem transmitidas ao vivo. Nesta quinta-feira o presidente da Câmara Federal deputado Maia, do PT, acusou o julgamento do mensalão de “falácia”. O prefeito do Rio de Janeiro afirma reconhecer o esquema, mas alega que o senhor Luiz Inácio está fora da questão.
E vai por aí afora. Dizer que estão tentando tumultuar a eleição? Caramba! Pelo noticiário o que se sabe é que a disputa está transcorrendo normalmente em todo o país e os crimes são aqueles de sempre: candidatos assassinados e outros comprando votos, mas não que isso vá abalar a disputa.
Afirmar que há “tentativa de golpe” ou “tumulto na disputa eleitoral” parece-me ser apenas geração de factóide, e nisso essa turma é mestra, e talvez eu pense dessa forma porque sou politicamente incorreto, se você, leitor, julgar que ser politicamente incorreto é apenas usar do direito de pensar conforme você entende que devam ser as coisas e não como querem que você pense.
Nessa questão, o que observo a partir do que leio no noticiário, parece-me estar havendo o desespero que parece ter tomado conta do próprio PT cujos candidatos, em algumas capitais, e que não conseguem decolar, como em Manaus, onde o ex-senador Artur Virgílio está à frente em todas pesquisas, e ele, ainda conforme o noticiário, seria inimigo preferencial do senhor Luiz Inácio ou, parafraseando Churchill, que disse: “Se Hitler invadir o inferno eu me aliarei ao demônio para derrotá-lo” o ex-presidente fará o mesmo para não ver Artur Virgílio prefeito da principal cidade do norte do país.
Está certo, o que tudo isso tem a ver com o título “Por que não investigar Luiz Inácio?”. É que um leitor das mal traçadas linhas que este aprendiz de repórter de província escreve, mandou um email dizendo e perguntando: “Lúcio, vou usar o nome que você usa quando se trata do Lula e que você não o chama assim: Por que não investigar Luiz Inácio?”.
Respondi ao leitor que não sei. Afinal de contas, conforme a Constituição “Todos são iguais perante a Lei”, vai daí ele e qualquer outro brasileiro pode ser investigado, respeitados todos direitos que tenha de defesa o que entendo ser justo em qualquer caso.
Talvez, para os petistas, seja em razão de que sem o senhor Luiz Inácio o partido desapareça, até porque, parafraseando o rei Luiz XIV, que dizia "L'État c'est moi", alguém no PT imagine que o senhor Luiz Inácio copie seu xará e queira proclamar que “O PT sou eu”.
Quanto às outras siglas elas costumam estar sempre com o Governo, seja lá quem for e qual comportamento tenham. Para esse grupo, e é bom o PT não esquecer isso, “o melhor governo é o próximo”.
Inté outro dia, se Deus quiser!
Em tempo: eu não gostaria de estar na pele do juiz de 1ª instância ao qual, se o senhor Luiz Inácio vir a ser julgado, vai competir dar a sentença.
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