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Lucio Albuquerque

Silêncio total na sala: o único som era do rádio


             Até à Copa do Mundo de 1950, o (hoje) maior evento futebolístico do Planeta não havia alcançado tal status, mas, de qualquer forma, já chamava a atenção e o futebol já se impunha como o esporte a atrair maiores multidões. Mas a cobertura jornalística apenas engatinhava, ainda mais porque o torneio daquele ano, realizado no Brasil, sofria das feridas abertas pela II Guerra Mundial encerrada pouco antes. O grande meio de se saber do que acontecia eram os despachos telegráficos enviados pelos jornalistas aos jornais.

                Em frente a jornais em São Paulo e Rio de Janeiro era comum as pessoas se aglomerarem para conhecerem os últimos acontecimentos, e isso era possível através da informação que lhes era passada pelos painéis ali existentes.

                Sem contar com a  televisão – ainda que esse veículo de comunicação tivesse feito suas primeiras transmissões esportivas em 1936, quando transmitiu para TVs em Berlim os Jogos Olímpicos realizados naquela cidade – era o rádio quem detinha o maior espaço, tanto é que, nas casas de quem tinha um aparelho desses nem falar era permitido quando estivesse ligado. O único som permitido era o que vinha do rádio.

                                                              

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Heron Domingues apresentando por cadeiade rádio o Repórter Esso.

                A grande “estrela” do noticioso radiofônico naquela época foi o jornalista Heron Domingues, que de 1941 a 1968 apresentou o “Repórter Esso”, programa que tinha tanta credibilidade que quando em 1945 terminou a II Guerra Mundial, dizia-se que, no Brasil, ela só acabou depois que Repórter Esso noticiou.

                A BATERIA ACABOU NA METADE DO JOGO

                O jornalista Euro Tourinho, diretor do ALTO MADEIRA, chegou a jogar futebol quando estudante do colégio Dom Bosco, em Manaus. Mais tarde, quando teve de assumir a direção do seringal da família, para poder ouvir o único meio de comunicação que contava à época, em meio à selva, ele usava o aparelho de rádio herança de seu pai, só que no seringal não havia luz elétrica e o equipamento funcionava com a força gerada por bateria.

Para evitar ficar sem o rádio funcionar, Euro contava com um conjunto de 12 baterias que na “baixada” – quando ele saía do seringal e vinha para Porto Velho, trazia para recarregar, e se por acaso todas ficassem vazias quando estivesse ali o jeito era esperar a próxima vinda a cidade, e nesse tempo todo nada de se ouvir a estática e o som da rádio.

                “O som era muito ruim e às vezes ficava só o chiado do rádio, levando até alguns minutos antes de se poder entender alguma coisa, mas era muito importante ter o aparelho que dava status para as famílias que tinham um”, ele lembra.

                “E às vezes em plena transmissão de um jogo de futebol, quando a narrativa estava sendo melhor ouvida, a bateria acabava. Até trocar por outra a partida já havia acabado e não se conseguia mais saber que lado havia ganho”, recorda o decano do jornalismo rondoniense.

Amanhã: HISTÓRIAS DAS NOSSAS COPAS DO MUNDO (3)

            Muita força e trabalho duro para transmitir jogos em Porto Velho

Lúcio Albuquerque

jlucioalbuquerque@gmail.com

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