Quarta-feira, 15 de maio de 2013 - 15h57
Lúcio Albuquerque
Convenhamos: com 6 mil médicos, cubanos ou de qualquer outra nacionalidade, resolve-se o problema de saúde no Brasil?
A resposta, certamente, será negativa desde que se tenha um pouco de coerência e se pense de forma global na questão de saúde.
Bom, antes de tudo é preciso ficar bem claro que eu também entendo que faltam médicos no Brasil – e possa falar com conhecimento de causa, pelo menos em relação a Amazônia, porque já andei praticamente a região toda, inclusive em longas viagens de barco,e não conheço o inferno verde apenas de ouvir dizer.
Ao anunciar que serão contratados 6 mil médicos estrangeiros, e considerando que estamos a menos de dois anos da próxima eleição presidencial, não há como deixar de pensar que a proposta, agora, quando o partido que está no Governo comemora pelo menos 10 anos na cadeira presidencial e quer ficar pelo menos mais quatro, é de se perguntar: Eles só agora descobriram isso? Ou estão novamente jogando para a platéia em busca de fortalecer seus nichos de votos?
Claro, e porque entendo ser importante o contraditório, haverá quem alegue que sou contra apenas porque se trata do PT. Danem-se os partidos que estão aí. Entendo que o problema de saúde não é só de falta de médicos (já escrevi sobre isso várias vezes), assim como não se resolve o problema da Educação apenas com contratação de professores, construção de escolas ou dando um lap-top para cada aluno.
No caso dos médicos é preciso ver que apenas eles não irão resolver nada. Quanto ganha um médico? E quanto ganha um enfermeiro, um nutricionista, um fisioterapeuta, um odontólogo, um bioquímico. A diferença é astronômica, ainda que o leitor alegue que compete ao médico a última palavra – e eu entendo que assim seja e por isso eles devam ganhar mais. Mas sem a participação de uma equipe multiprofissional, cujo exercício exige formação superior, o médico pouco fará. E todos são muito importantes quando o assunto seja saúde. Imagine um ortopedista sem um fisioterapeuta, um gástrico sem o bioquímico, um cirurgião sem um enfermeiro – e por aí afora.
Mas os governos quando tratam de saúde só enxergam uma parte da pirâmide, como se os outros não tivessem qualquer importância, aliás o que parece ser prática nos cursos de formação, nos quais os futuros médicos sejam condicionados a que só eles sejam importantes.
O problema da saúde não é restrito só à falta de médico ou de outros profissionais da área. Passa também pela falta de condições de trabalho, pela estrutura burocratizante, pela incapacidade do poder público em mudar o método de sua política do setor, uma política que não pode continuar dependendo do humor ou do interesse eleitoral dos donos do poder.
E pode anotar: Do jeito que está não se pode ter muita dúvida de que a próxima investida do Governo será contratar não sei quantos mil professores: de Química, de Física, de Matemática, de Português – e por aí afora.
Inté outro dia, se deus quiser!
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