Quinta-feira, 26 de janeiro de 2017 - 23h53
TEIXEIRA - 30 ANOS NA HISTÓRIA DA AMAZÔNIA
DO TEIXEIRA
Cada qual no seu cada qual
Conheci o Teixeirão (de 1979 a 2005 governador de Rondônia) no final da década de 1960, em Manaus. Nunca fomos o que se pode chamar de amigos. Quando ele foi nomeado governador do então Território eu já morava aqui há quatro anos e nem me convidou nem, tampouco, pedi para trabalhar com ele.
Meu relacionamento com ele sempre foi profissional: era uma boa fonte de notícias mas, talvez porque nunca fui de pajear ninguém, nunca nos aproximamos, apesar de várias vezes nos termos encontrado em situações diversas, lá e aqui.
Numa das vezes, quando ele seguia como “governo itinerante”, pouco antes da instalação do Estado, aconteceu: Na prefeitura de Pimenta Bueno eu e outros repórteres estávamos “cobrindo” uma reunião dele com seus secretários e prefeitos da região.
Como sempre fiz, procurei ficar em ponto discreto para observar bem e ouvir melhor. E não fazendo, como muitos, folhas e mais folhas de anotações. Fazem já algumas décadas que procurou mentalizar, anotando apenas o que considero importante. Estou nisso quando o Teixeira grita de lá:
- Lúcio, vê lá o que vais escrever.
Dei o troco na hora: “Governador, eu nunca vou ensinar ao senhor seu ofício. Também não aceito que o senhor queira ensinar o meu”.
Dias depois um assessor próximo a ele diz-me que “O coronel está zangado contigo”. Respondi que eu ficaria zangado se a dona Fátima estivesse zangada comigo. Quanto ao Teixeira, na tarde daquele mesmo dia nos encontramos e ele lembrou do tempo em que era péssimo jogador de voleibol e reclamava que eu não deixava (na época eu era árbitro) que ele puxasse a rede para baixo para bloquear.
ONDE ENFIAR O DIPLOMA DO DEPUTADO
No pique da votação pelo Congresso do projeto de criação do Estado, um dia sou chamado ao “Presidente Vargas” onde o Teixeira, bem ao seu estilo, estava irritado com o deputado federal Ítalo Conti, do Paraná, que discursou criticando a proposta, talvez embalado porque quisesse que ao invés de Rondônia surgisse o Estado de Iguaçu. Na época eu era correspondente do jornal O Estado de São Paulo.
“Lúcio. Eu quero que você mande uma matéria para lá. Eu acabo indo a Brasília e enfiando o diploma daquele deputado no “cu” dele”. Ponderei, expliquei que não poderia mandar um texto em tal nível, mas ele estava tão zangado que (penso até hoje) não estava raciocinando.
Antes de sair do gabinete ele repetiu: “Mande que eu garanto tudo”. Saí dali, desci a ladeira da José de Alencar, parei no Bar do Lima, lembro ter tomado uma cerveja e um croquete, e fui para o Alto Madeira (àquela altura ainda na Barão do Rio Branco).
Levei aí uns 40 minutos e quando empurrei a porta do jornal a recepcionista quase pulou da cadeira: “Lúcio, o governador está louco atrás de ti. Mandou que você ligasse urgente para ele”. Liguei, atendeu a dona Conceição e passou para o Teixeira que, mais calmo, mudou o discurso.
“Vamos fazer o seguinte, não manda a matéria com aquele negócio do diploma não. Isso vai atrapalhar o interesse da aprovação da Lei”. Bom, eu não poderia deixar passar em branco: “Governador, eu já mandei”. Pelo som do telefone senti que ele deve ter levado um susto.
“Porra, você mandou? Será que você não pode pedir para tirarem aquele negócio do diploma?”. Bom, quem trabalha em órgão de comunicação sabe que é difícil. E com grandes veículos ainda mais.
Eu disse: “Governador eu vou tentar, mas se me demitirem o senhor vai ter de me arrumar um emprego no Governo”. Ele respondeu alguma coisa como “Eu resolvo agora” – e quem conviveu com o Teixeira sabe que ele resolvia mesmo.
Uma hora depois – e várias ligações do Palácio sem que eu atendesse, liguei: “Governador, consegui. Levei um esporro do editor, mas consegui. E o senhor sabe qual será o título? “Teixeira vai enfiar o diploma do deputado fulano no rabo”. Acrescentei: “Não vou perder o emprego, mas estou advertido para não repetir”.
Foi o que chamo de “mentira social”. Eu não mandara ainda a matéria, mas foi apenas para folclorizar que disse ter mandado.
Opinião pública ou opinião que se publica?
O ex-governador Jorge Teixeira costumava repetir que “não existe opinião pública”. Ele repetiu muitas vezes: “O que existe é a opinião que se publica”. A frase tenho certeza que não era de sua autoria, até porque já a vi uma vez atribuída ao ex-primeiro-ministro Winston Churchill, da Inglaterra, mas não tenho certeza se seria ele o autor.
Visto a influência que têm os meios de comunicação, ainda mais nos dias atuais, não é difícil crer que haja um forte componente de veracidade na frase que Teixeira repetiu muitas vezes em várias entrevistas.
Há coisas que, ditas em momentos específicos, acabam gerando uma interpretação muito além do momento em que foi dito. Exemplo disso é a frase atribuída ao então vice-presidente da República Pedro Aleixo que, interpelado da razão porque não era um entusiasta do AI-5, respondeu:
- Eu não tenho medo da Lei. Tenho medo do guarda da esquina que vai aplicar a Lei”.
Se trouxermos para os muitos exemplos que temos, e não só no Brasil, não tenhamos dúvidas de que ele estava certo.
TOMÁS CORREIA
Governador Jorge Teixeira vai à Assembleia Legislativa onde, mesmo muito criticado pelo deputado Tomás Correia, o trata por “Vossa excelência”, “Senhor deputado”, “Meu particular amigo”, e por aí afora. Na saída um assessor comenta: “Gostei, chefe, só não concordo do senhor chamar o Tomás de 'particular amigo' porque ele foi grosseiro”.
Teixeirão, já retomando seu comportamento normal responde: “Ora, a minha vontade era chamar o Tomás de filho da p., mas o momento não permitia”.
Na sessão seguinte, apesar da imensa maioria que o PDS tinha em plenário, Tomás apresenta moção de repúdio a Teixeirão. E, pela desatenção dos deputados, a matéria é aprovada com os votos dos governistas.
Advertidos pelos jornalistas da matéria (a votação foi naquela base do: “Os que estiverem a favor fiquem como estão, os contra se identifiquem”, e como ninguém se mexeu, a coisa passara), os governistas tentaram mudar o resultado, mas ele já fora encerrado, enquanto o Tomás ria muito dos adversários.
TROCA-TROCA
Em Rio Branco, a deputada Iolanda Fleming, que na condição de vice-governadora, ao assumir o Governo do Acre invadiria a região da Ponta do Abunã, iniciando a pendenga que durou mais de 10 anos sobre aquelas terras, estava irritada com o governador Joaquim Macedo. 'Ele (Macedo) não está com nada. Poderíamos trocar com Rondônia, trazendo o Teixeirão e mandando em troca o Macedo, com um pedido de desculpas'.
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