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Lucio Albuquerque

TENENTE FERNANDO – 70 ANOS DESAPARECIDO - 6


Lúcio Albuquerque

serieslucio@bol.com.br

Consultor: Abnael Machado de Lima, professor, historiador,
membro da Academia de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia

           

            Resumo: No dia 29 de julho de 1945 o tenente engenheiro do Exército Fernando Gomes de Oliveira desapareceu nas selvas da região de São Pedro (onde está instalada atualmente a hidrelétrica de Samuel), logo depois de sair para caçar um inambu em companhia de dois outros militares que se encontravam no acampamento. O tenente Fernando nunca mais foi visto, apesar de todas as buscas. O sumiço gerou uma série imensa de pistas e versões, mas sem qualquer resultado final. O uso político do desaparecimento é uma questão que ainda levanta paixões, 70 anos depois

         As buscas pelo tenente Fernando começaram praticamente na tarde em que ele desapareceu, conforme o cabo motorista Walter Bártolo, um dos que estavam no acampamento da 2ª Companhia Rodoviária Independente naquele domingo, 29 de julho de 1945 em que o oficial sumiu.

         Na entrevista ao projeto testemunha da História, Bártolo contou que logo quando os acompanhantes que saíram com o tenente retornaram dizendo que ele havia sumido, ainda foram atrás, acompanhados de um mateiro muito conhecido na região, identificado como “Preto Pensador”, mas devido à hora e ao início da escuridão preferiram voltar ao acampamento e esperar o dia seguinte.

         Ao falar aos jornalistas Adaídes – Dada – Santos e Fábio Só, ao historiador Francisco Matias e ao repórter Lúcio Albuquerque, Bártolo disse ter achado estranho que os que foram com o tenente, ao voltarem, pediram para os demais cheirar as armas que levaram para demonstrar que não tinham dado nenhum tiro.

         Walter Bártolo garantiu que a comunicação do desaparecimento foi feita tão logo o fato ficou conhecido, ao comandante da 2ª Rodoviária, o capitão Ênio Pinheiro, comandante imediato do Tenente Fernando, foi enviado de Porto Velho o primeiro contingente. Essa demora foi justificada pelo próprio ex-cabo motorista do oficial: “Porque em Porto Velho todos estavam envolvidos na visita do embaixador norte-ameircano que chegou dia 29 à tarde”.

As acusações a Aluízio geraram uma posição do General Inácio José Veríssimo, em 1949, onde ele  lembrava que Aluízio teria feito mais do que sua missão como governador determinava. “Houve uma acusação ao Ministro (da Guerra, atualmente seria comandante do Exército)feita pelo capitão Gerson Oliveira – irmão do desaparecido – em que V. Excia. é apontado como responsável. Mas isso sem base. Por isso essa acusação não foi considerada procedente”.

PENTE FINO NA SELVA

         Mesmo adversários do governador Aluízio Ferreira, que foi acusado – de maneira injusta conforme seus adeptos - pela oposição, de envolvimento no desaparecimento do oficial, admitem que o que não faltou foi trabalho de buscas.

         “Passaram um pente-fino nas matas, não ficou pedra sobre pedra que não tenha sido revisto”, disse o jornalista Euro Tourinho, diretor do jornal Alto Madeira. O historiador Abnael Machado de Lima também assina em baixo. “As buscas foram feitas várias vezes, na região de Porto velho e em Guajará-Mirim”.

          Houve buscas de todos os jeitos. Pilotos que sobrevoavam a região foram orientados a procurar vestígios do Tenente Fernando nas selvas, sem resultado. “A tripulação de um avião da Companhia Cruzeiro do Sul chegou a relatar ter visto um homem branco entre índios numa aldeia, mas quando mateiros chegaram ao local a aldeia estava abandonada.

Bártolo continua sua narrativa: as buscas foram grandes, feitas por tropas do Exército ajudadas por mateiros da região, mas tudo em vão. Se tentou de tudo. Um grupo de índios veio fazer tratamento no hospital São José, em Porto Velho, e o jornalista Carlos Mendonça, diretor do ALTO MADEIRA, entrevistou alguns e garantiu ter ouvido deles que havia na selva um “homem das estrelas”, o que se interpretou como sendo o tenente Fernando.

Por causa dessa matéria o capitão Gerson, irmão do tenente Fernando, também oficial do Exército, veio a Porto Velho  à frente de um grupamento de buscas que contava com uma equipe do 5o. Grupamento de Salvamento do exército americano especializada em incursões na selva e praticamente passou direto para a região de São Pedro (o jornalista Euro Tourinho garante que tentou, sem conseguir, ir com o grupo que foi para a região com enorme provisão de equipamentos e armas, especialmente metralhadoras).

“O grupo do capitão Gerson matou muito índio”, narra Walter Bártolo. Dessa expedição fez parte o padre Chiquinho Pucci.

         No emaranhado de suposições, formado a partir do desaparecimento do oficial, surgiram várias histórias e estórias. Um indivíduo identificado apenas por Baltasar, conforme o historiador Abnael Machado, garantiu em entrevista ao jornal ALTO MADEIRA, na década de 50, ter presenciado uma cena,altas horas da noite do dia do sumiço, o que comprovaria o assassinato.

Narra Abnael: “Esse indivíduo, que estava com os  militares no acampamento, na noite do sumiço teria ido defecar no mato, e garantia ter visto o sargento Antão e outro personagem, um cabo, conduzindo um corpo. Sem fazer barulho ele acompanhou os dois à distância, vendo-os colocar o volume que transportavam numa intersecção da estrada em construção. No dia seguinte, bem cedo, ele teria visto o sargento e o cabo acionando o motor de um equipamento para jogar grande quantidade de cascalho na intercessão”.

Abnael diz que essa testemunha teria ficado tão apavorada com a possibilidade de um atentado que fugiu e foi se homiziar em seu país, a Bolívia. “Nunca houve essa intercessão”, contesta Walter Bártolo.

         Em Guajará-Mirim houve citação de que o tenente Fernando estaria vivendo entre índios paacás-novos. O comandante do contingente do Exército naquela cidade determinou um grupamento, sob comando do cabo Monteiro  (Paulo Saldanha em gentedeopiniao.com.br, “Um certo cabo Monteiro” e Felipe Azzi, mesmo site “O dia em que Guajará foi notícia nacional”) fosse fazer uma varredura, mas, como todas as buscas, também não deu certo”.

         Amanhã: A ficha técnica de um caso que nunca vai acabar

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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