Sexta-feira, 9 de maio de 2014 - 12h06
Lúcio Albuquerque
jlucioalbuquerque@gmail.com
Consultor: Abnael Machado de Lima, professor, historiador, membro da
Academia de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia
Resumo: No dia 29 de julho de 1945 o tenente engenheiro do Exército Fernando Gomes de Oliveira desapareceu nas selvas da região de São Pedro (onde está instalada atualmente a hidrelétrica de Samuel), logo depois de sair para caçar um inambu em companhia de dois outros militares que se encontravam no acampamento. O tenente Fernando nunca mais foi visto, apesar de todas as buscas. O sumiço gerou uma série imensa de pistas e versões, mas sem qualquer resultado final. O uso político do desaparecimento é uma questão que ainda levanta paixões, 70 anos depois
Oficial sumiu da vida e entrou para a História de Rondônia
Certamente que ao ser designado para vir comandar uma frente de serviços na primeira tentativa de abrir uma estrada ligando Porto Velho a Cuiabá, o tenente Fernando Gomes de Oliveira, oficial do corpo de Engenharia do Exército, não imaginariam os acontecimentos que o envolveriam em Porto Velho, que há menos de dois anos capital do Território Federal do Guaporé (Rondônia a partir de 1956).
Ele veio para ficar um tempo determinado, como é praxe na distribuição de efetivos de oficiais nas forças aramadas, mas acabou desaparecendo fisicamente, mas inserindo-se de tal maneira devido à forma como desapareceu, na história local.
FICHA TÉCNICA DO CASO
O fato - O sumiço do tenente-engenheiro do Exército Fernando Gomes de Oliveira
Data - Domingo, 29 de julho de 1945
Local - Acampamento da 2a. Companhia Rodoviária no Km 90 da atual BR-364 sentido Ariquemes
Distância de Porto Velho - Aproximadamente um dia, se estivesse chovendo, por via rodoviária (fonte: Walter Bártolo)
Personagens principais - Tenente Fernando Gomes de Oliveira, engenheiro militar, comandante do grupamento avançado que trabalhava na abertura da estrada Porto Velho/Cuiabá; Coronel Aluízio Ferreira, governador do recém-criado Território Federal do Guaporé; General Ênio Pinheiro, primo de Aluízio, à época capitão comandante da 2ª Companhia Rodoviária Independente, superior imediato do tenente Fernando; Sargento Antão Marinho, citado pelo tenente, em cartas à família, como seu principal amigo aqui; Walter Bártolo - cabo-motorista do Exército e, em 2004 ao falar do caso, certamente a última pessoa a ter visto o tenente Fernando com vida; Capitão Gerson Oliveira – oficial do Exército, irmão do tenente, que comandou buscas e, conforme Bártolo, “...matou muitos índios”; Esperança Rita, mãe-de-santo do terreiro Santa Bárbara.
Versões do sumiço - Sequestrado pelos índios Boca-Negra para servir de reprodutor e apurar a raça da tribo; Vítima de um atentado por pessoas ligadas ao governador; Caído num buraco da selva; Devorado por uma sucuri ou uma onça; Imobilizado entaniçado e jogado num rio, amarrado a uma pedra; Abduzido por espíritos para pagar invasão do terreiro de Santa Bárbara e Enlouquecido caminhando sem rumo na selva..
ALUÍZIO FERREIRA
Não há como dissociar o então governador Aluízio Ferreira do caso do tenente Fernando. Aluizistas – cutubas - e seus adversários – peles-curtas - nunca deixam de citar seu nome, seja defendendo-o e negando sua participação ou acusando-o de responsável direto pelo sumiço.
Morando na região desde 1925, quando aos 27 anos de idade fugindo dos vencedores da revolução de 1924 homiziou-se num seringal no Rio Guaporé, Aluízio Ferreira tornou-se a partir de 1930 a grande figura política local, primeiro como superintendente da ferrovia Madeira-Mamoré e, depois, como primeiro governador do Território e primeiro deputado federal ele se tornou uma figura que, literalmente, “casava e batizava”.
Com relação a ele não havia meio termo: era na base do “amor ou ódio”, o que, conforme depoimentos de quem conviveu aquela época, da parte dele a recíproca era verdadeira.
Seu envolvimento veio de duas versões, a de que o tenente o teria ameaçado denunciar à instância superior por suspeição do sumiço de um equipamento rodoviário, e a de que teria sido gerado pela disputa por uma jovem muito bonita aqui residente então.
ACUSAÇÃO
Em recente artigo no site gentedeopiniao.com.br, o historiador Abnael Machado de Lima citou texto do livro Desbravadores, 2ª edição, 2º volume, página 245, autor Vitor Hugo, que a pesquisadora Wanda Hanke, após contatar moradores dos vales dos rios Preto, Branco e Jamari, nas adjacências do funesto episódio, escreveu sobre o Tenente Fernando: “Em verdade foi vítima de vingança de certos brancos”.
Pode ser apenas mais uma versão, como outras tantas. A única certeza que se têm, desde aquele domingo, 29 de julho de 1945 é que o tenente Fernando nunca mais foi visto.
E nenhuma investigação surtiu mais que violência contra os que foram torturados para obter informação nem, tampouco, indicou qualquer responsável.
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