Lúcio Albuquerque, repórter
O comentário a seguir escrevi em julho de 2007. Repito-o agora quando, neste dia 27 de fevereiro de 2013, o (meu) homenageado receberá na Assembleia Legislativa o reconhecimento maior pelo muito que ele fez aqui, pela contribuição que ofereceu a Rondônia. Observo que não sou dado a elogiar, mas não posso deixar de fazê-lo neste caso. Trata-se do meu amigo, e da minha família, João Ciro Pinheiro de Andrade.
Tenho, e não só eu por aqui, um respeito muito grande por esse solonopolense. Ainda no final do ano passado fui conversar com um grupo de estudantes e um deles, porque falei de ética, perguntou se eu citaria alguém que em meu entendimento por aqui pudesse ser mostrado como “sinônimo de cidadão ético”. Eu nem pensei duas vezes para citar o Ciro, e quem o conhece sabe do que estou falando.
Reafirmo: o comentário a seguir publiquei em 2007, e agora vai com algumas correções. Mas ele é mais atual agora.
“Neste sábado, 7 de julho de 2007, como diziam redatores de notas de aniversários dos tempos que comecei a palmilhar a estrada da reportagem, " colheu mais um abacaxi no pomar de sua existência", o jornalista Ciro Pinheiro que, como tantos de nós, veio apenas passar alguns dias e acabou fincando raízes.
O Ciro veio passar uns dias com um parente. Era 1967, faz 40 anos, ele estava de férias no Ceará e decidiu vir conhecer a terra que tantos de seus conterrâneos palmilharam antes – e depois – dele. Quando pegou o avião em Fortaleza para chegar aqui certamente o Ciro não pensava em ficar nem, muito menos, que iria participar de momentos da maior importância para a História rondoniense.
E, ainda muito menos, que nesta terra que ele abraçou como sua que ficaria conhecido como uma figura de grande respeito, exemplo sempre citado quando nas rodas de profissionais da Imprensa alguém quer falar de ética.
Conheci o Ciro antes de vir morar aqui, mais de 30 anos passados. Foi numa vez que estive antes em Porto Velho e alguém fez as apresentações. Acho que o Ciro nem se lembra disso, mas entabulamos amizade realmente a partir de uma conversa que tivemos quando eu era repórter da Tribuna e estava cobrindo a festa dos 200 anos do início da construção do Real Forte do Príncipe da Beira e o Ciro estava ali pelo Alto Madeira. Nem eu nem ele imaginamos que a partir daí iniciaríamos uma amizade que envolveria nossas famílias, nossos filhos e que hoje já envereda pelos nossos, meu e da Fátima, netos – enquanto aguardamos que de lá venham também os netos do Ciro e da Penha.
Sobre essa relação de amizade – a Penha é para nossas filhas a tia Penha, há até uma história interessante. Quando minha filha mais velha, que fora aluna da Penha, completou 15 anos ela escolheu ter uma festa. O Ciro foi, pegou o material e transformou numa página inteira do AM. Um outro colunista social chegou comigo reclamando para saber por qual motivo eu só dera as fotos para o Ciro e nem o convidara. Eu tive de explicar que o Ciro fora lá não como colunista social, mas como amigo, tio das minhas filhas, e uma amizade da qual minha família se orgulha muito.
Nesses mais de 30 anos de amizade vivemos alegrias, partilhamos decepções (como ver a situação atual do Alto Madeira), comemos poeira na BR-364 ou na abertura da cidade de Ariquemes, lamentamos quando colegas nossos com os quais convivemos mais de perto foram para o outro lado do balcão, como Vinícius Danin, Sérgio Valente, Kleon Marion, Ivan Marrocos, Paulinho Correia, Simeão Tavernard, Marizete Leite, Pepê e tantos outros que a memória não lembra quando escrevo estas linhas.
Bom, talvez você estranhe que me referi ao Ciro como "Um (discretíssimo) personagem da nossa História". Mas, veja: o Ciro foi várias vezes diretor de Comunicação da Prefeitura e do Governo, foi um dos organizadores do concurso Miss Rondônia, participou da fundação da Associação de Jornalistas e do Sindicato dos Jornalistas, do qual foi interventor. Foi um dos responsáveis pela organização da implantação dos municípios da BR-364 criados em 1977, participou do movimento que gerou a conscientização da necessidade da criação do Estado, foi correspondente local da revista Veja, sempre se saindo com distinção e louvor.
De quebra: Você já ouviu falar de uma cidade rondoniense que tinha o nome de Nova Cassilândia? Você nunca ouviu falar dela? Pois é, foi o Ciro que propôs que o nome daquele núcleo na margem da BR-364, em meio à poeira e a 500 Km de Porto Velho mudasse. Foi assim que surgiu o nome, Cacoal.
Há algumas pessoas aqui que se inserem na nossa História não apenas como testemunhas, mas como parte dela. Não tenho qualquer dúvida que o Ciro está neste grupo e, bem ao seu estilo, discreto. Se eu fosse professor de História certamente convidaria o Ciro para fazer palestra aos meus alunos sobre o que ele viu, escreveu, ouviu e participou nesses mais de 40 anos. Porque ele não ouviu dizer. Ele estava lá, participando. Fica a sugestão.
Em tempo: Desculpem, leitores, esqueci de citar que o Ciro completou 70 anos neste dia 7 (de julho de 2007). Coincidência ou não, 7 de 7 de 07. Ainda mais que o Ciro chegou aqui num ano que terminou em 7: 1967. Está aí um bom prato para quem acredita em numerologia. Mãos à obra!
Inté outro dia, se Deus quiser!
Lúcio Albuquerque
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)