Leia, no fim das notas, o comentário “História x Memória Histórica.
Depois confira datas históricas de Rondônia no período 1 a 10 de abril .
FIDELIDADE
Vejo em muitos carros, em camisetas, até em chuteira de jogador de futebol a frase: “Deus é fiel”. Bom, como eu disse, comentando a frase com um desses que praticam o “faz o que digo, mas não faz o que faço”, aqui para nós, que Deus é fiel, disso eu nunca tive dúvida. Agora, que tal perguntar o seguinte a quem coloca esse dístico: “
“Está bom, não duvido, Deus é fiel. Agora, e você, é fiel”.
ZORRA TOTAL
Todos os sábados à noite, naquela programação televisiva é hora do Zorra Total. Para quem mora em Porto Velho não é preciso esperar o sábado. Todos os dias, dia e noite, a zorra total existe, e cada vez mais violenta, na forma do desgoverno do nosso trânsito, na forma da violência urbana, onde execuções já se tornaram fatos banais. Até quando?
RONDON
A Academia de Letras pretende realizar uma série de atividades para lembrar o Dia de Rondon, 5 de maio, quando completará 145 anos que nasceu o patrono do Estado.
ALMINO
O humaitaense Almino Álvares Afonso, cujo pai Bohemundo foi prefeito de Porto Velho, e que (Almino) foi deputado estadual no Amazonas, ministro do Trabalho e vice-governador de São Paulo, está praticamente confirmado para participar da solenidade dos 24 anos de criação da Academia de Letras de Rondônia, dia 10 de junho.
HISTÓRIA x MEMÓRIA HISTÓRICA
Uma estudante de Guajará-Mirim perguntou-me por qual motivo Rondônia não tem história. Eu levei um susto, ainda mais porque a moça garantiu ser estudante no campus da Unir naquela cidade. “Que fato histórico importante podemos citar na nossa história?”, questionou.
Bom, uma vez, quando ainda trabalhava em redação, num dia 4 de maio, telefonei para vários colégios, pedi para chamar um professor de História e perguntei a todos que atenderam o que se comemora no dia 5 de maio.
Pasmem! Nenhum soube responder. Nenhum relacionou o dia seguinte ao da pergunta ao patrono das Comunicações e do Estado, Rondon, nascido num 5 de maio, em 1865, em Mimoso, Mato Grosso.
De outra feita, um professor, que fez parte da primeira turma de História da Unir, contou que na disciplina de História Regional a professora alegou ter chegado há pouco tempo e não saber nada do assunto.
Contou-me (não sei se o Assis Canuto ou o Ademar Sales) que de três estudantes da extinta escola agrícola “Capitão Sílvio Faria”, que (diziam os estudantes) o patrono da escola tinha sido um tenente que morrera afogado no Rio Machado. Para quem não sabe, e muita gente que está lendo este comentário não sabe, o capitão Sílvio Gonçalves de Faria foi um militar da Aeronáutica que chefiou o programa do Governo Federal, entre 1965 e 1980, responsável pela regularização fundiária de Rondônia, e que morreu não afogado, mas de uma violenta malária.
Não é preciso ir muito longe. Se você tem filho estudando em colégios públicos cujos patronos sejam, por exemplo, Carmela Dutra, Antonio Ferreira da Silva, Paulo de Assis, Álvares de Azevedo ou Cora Coralina, respectivamente em Porto Velho (os dois primeiros), Colorado, Vilhena e Ji-Paraná, perguntem ao filho se sabem dizer quem foi o patrono da escola. Bom, pelo andar da carruagem da educação atualmente, é melhor explicar antes o que seja patrono.
Sim, desculpem, voltando à quase esquecida aluna do campus da Unir em Guajará: Depois de aplicar o método da maiêutica, aquele de um filósofo grego chamado Sócrates, que procurava extrair do perguntador a própria resposta, perguntei se ela não sabia da construção da Madeira-Mamoré, sobre o Forte Príncipe, sobre os “soldados da borracha”, sobre a rodovia BR-364 (“acerca da qual estou escrevendo um livro cujo título é “50 anos da rodovia que mudou a Amazônia”, disse-lhe), sobre Rondon. E ela, afora do livro, claro, respondia sempre “sim”, “sim”, “sim”, acrescentando que o avô dela veio para cá como “soldado da borracha”.
“Está vendo – disse eu – você mesma está respondendo a sua pergunta. Pelo menos dois desses fatos tiveram repercussão mundial, a Madeira-Mamoré e os “soldados da borracha”, agora, como era mesmo a sua pergunta?”
Ela repetiu dizendo pensar que “Rondônia não tinha história”.
Como a estudante, muita gente que mora aqui, mas cujas cabeças ainda estão nos pagos de onde procederam, e por isso não se interessam pela história local. Repito o que disse àquela universitária:
Rondônia tem História. O que não praticamos é a memória história.
DATAS DE RONDÔNIA
(1 a 10 de abril)
Dia 1 – 1964 – Membros do Governo do Território e lideranças estudantis e sindicais são presos em Porto Velho e Guajará-Mirim pelo Exército, atendendo orientação dos dirigentes do Movimento Militar que derrubaram o Governo João Goulart.
Dia 1 – 1969 – O povoado de Vilhena é promovido à condição de distrito de Porto Velho (Pedro Brasil, Vilhena Conta sua História).
Dia 2 – 1923 – Relatório do Superintendente Joaquim Tanajura cita: Porto Velho tem duas escolas municipais mistas, uma particular e o Grupo Escolar Barão do Solimões, instalado no bairro Alto da Favela – onde fica o colégio Auxiliadora (Antonio Cantanhede, Achegas para a História de Porto Velho).
Dia 4 – 1911 – Circula o jornal The Porto Velho Marconigram, todo em língua inglesa e impresso na gráfica da Ferrovia Madeira-Mamoré. Foi o primeiro jornal impresso na região onde é hoje o Estado de Rondônia (Lúcio Albuquerque, Da Caixa Francesa à Internet, 100 anos da Imprensa em Rondônia)
Dia 5 – 1937 – Pelo Decreto-lei 1547 o Governo brasileiro rescinde o contrato com a empresa Madeira-Mamoré Railways, que explorava a EFMM (Ovídio Amélio, História e Colonização do estado de Rondônia).)
Dia 5 – 1955 – José Ribamar de Miranda toma posse como governador do Território do Guaporé (Professora Tereza Chamma, Calendário de Guajará-Mirim).
Dia 5 – 1970 – O ministro Dias Leite, das Minas e Energia assina a Portaria 195 proibindo a garimpagem manual da Província Estanífera do Brasil, compostas de Rondônia e partes do Estados do Acre e Amazonas (Vitor Hugo, Cinqüenta anos do Território Federal do Guaporé).
Dia 6 – 1964 – Manoel Lutz da Cunha Menezes toma posse como governador do Território de Rondônia (Professora Tereza Chamma, Calendário de Guajará-Mirim).
Dia 7 – 1982 – O distrito cacoalense de Rolim de Moura tem inaugurado o serviço de fornecimento de luz elétrica pública (João Batista Lopes, Rolim de Moura, seus pioneiros e desbravadores).
Dia 9 – 1922 – Fundada a Sociedade Beneficente de Artistas e Operários, em Porto Velho, tendo como presidente Francisco Bastos Filho ((Antonio Cantanhede, Achegas para a História de Porto Velho).
Dia 9 – 1964 – O deputado federal Renato Medeiros tem seu mandato cassado. Assume o guajaramirense Elias Morhy (Francisco Matias, Pioneiros – Ocupação Humana e Trajetória Política de Rondônia).
Dia 10 – 1929 – Instalação do município de Guajará-Mirim, ainda pertencente ao Estado de Mato Grosso. O comerciante Manoel Boucinhas de Menezes é nomeado superintendente ((Francisco Matias, Pioneiros – Ocupação Humana e Trajetória Política de Rondônia).
Dia 10 – 1967 – Flávio Assumpção Cardoso toma posse como governador do Território ((Professora Tereza Chamma, Calendário de Guajará-Mirim).
Dia 10 – 1970 – O Conselho Ferroviário Nacional confirma a ordem para erradicar a ferrovia Madeira-Mamoré ((Vitor Hugo, Cinqüenta anos do Território Federal do Guaporé).
Dia 10 – 1979 – Posse do governador Jorge Teixeira no Território (Lúcio Albuquerque, A Marca da Nossa História - 20 anos da Assembleia Legislativa de Rondônia).
Dia 10 – 1985 – O juiz Sérgio Alberto de Lima preside o primeiro júri da comarca de Rolim de Moura. O promotor foi Jaime Ferreira e o advogado de defesa Adi Baldo ((João Batista Lopes, Rolim de Moura, seus pioneiros e desbravadores).
Lúcio Albuquerque
jlucioalbuquerque@gmail.com