Em 1982 Rondônia conheceu José Marcolino Sobrinho, eleito para compor a bancada de deputados estaduais responsáveis pela elaboração da nossa primeira Constituição, documento a que o ministro Ibrahim Abi-Ackel, da Justiça, representando o presidente João Figueiredo no dia 6 de agosto, data da promulgação, chamou de carteira de identidade do Estado criado a 22 de dezembro de 1981. A disputa de 1982 envolveu em torno de 190 mil votantes.
Aquela eleição quem nos elegeu foi o Teixeirão, reconheceu o advogado e ex-governador José Bianco que em 1982, com 8.156 votos, foi o primeiro colocado dentre os 24 eleitos e, por isso, coube-lhe presidir a Constituinte. José Marcolino Sobrinho, teve adicionado o apelido Zuca e por isso registrou o nome político de Zuca Marcolino.
Repetindo várias vezes que era um pequeno agricultor em seus pronunciamentos na Assembleia, Zuca Marcolino foi autor de tiradas interessantes, capazes de gerar entre o riso e a reflexão, como quando afirmou: Meu nome é Zuca Marcolino, homem desde menino.
Zuca foi eleito 1º vice-presidente da Assembleia Constituinte, lugar almejado pelo seu colega de bancada Heitor Costa, mas na reunião do PDS, com seus 15 deputados, quando foi fechada a chapa, Zuca conseguiu ser o escolhido.
Servidores antigos, aqueles que ajudaram a carregar os móveis dos primeiros gabinetes da Assembleia, garantem que Zuca só andava armado, mas eu, que também sou do grupo, não posso afirmar isso.
Em 1983 Zuca Marcolino estava sentado na quadra do ginásio de esportes do Cláudio Coutinho, para a cerimônia de promulgação da primeira Carta Estadual, quando o dirigente do PDS Dezival Reis chegou acompanhado do pré-candidato do partido à Presidência da República Paulo Maluf. Dezival começou a apresentar Maluf aos presentes. Chegou a vez de Zuca e ele nem estendeu a mão, virando de costas, lembrando uma velha rixa quando Maluf era governador de São Paulo e Zuca prefeito de Mirante do Paranapanema do qual o deputado constituinte fora o quarto prefeito. Maluf não se incomodou, continuou sorrindo e estendeu a mão para cumprimentar o próximo a ser apresentado.
Em 1986, primeira eleição para governador do Estado, Zuca, que já havia saído do PDS e ingressado no PSB, anunciou sua candidatura ao posto. E começou a fazer campanha. Sua assessoria convocou uma entrevista coletiva.
Era época em que a imprensa nacional estava citando seguidamente palavras como corrupto e corrupção. Éramos o Carlos Sperança, o Paulo Queiroz, eu, a Ivalda Marrocos, o Elvestre Johnson, o Pinheiro de Lima, o Montezuma Cruz (não tenho muita certeza se o Monte estava, mas creio que sim) ouvindo o candidato e os projetos que pretendia desenvolver caso eleito.
Um de nós perguntou: Qual a sua opinião sobre os corruptos? Pelo que sei Zuca não era de muito estudo e nem de muita leitura (peço desculpas se eu estou errado). Mas ele deu uma resposta antológica:
- Meu filho, corrupto é palavra científica que intelectual inventou para justificar ladrão. E, sobre o assunto nada mais disse nem lhe foi perguntado.
Que Deus, em sua infinda bondade, receba Zuca Marcolino em sua paz.
Inté outro dia, se Deus quiser!
Lúcio Albuquerque
Repórter, membro das Academias de Letras de: Rondônia, de Guajará-Mirim, de Cacoal e de Vilhena, mantém o site culturarondoniense.com.br