Sábado, 6 de janeiro de 2018 - 08h18
Não importa se com “O”, com “A”, o critério para nomear quem comanda as áreas do governo é parecido a ficar lá debaixo de uma goiabeira, esperando as goiabas caírem de maduras. Tanto faz, como tanto fez. Impressionante, parece programa de mau humor
E as goiabas estão caindo, todas, bichadas. Deus do céu, nem bem o ano começou e a gente já tem de enfrentar essa gastura de ver a pobreza da política nacional na enésima potência. Fica difícil ter esperança, planejar, que dirá então apoiar.
Não dá mais nem para fazer qualquer análise política séria, ter imparcialidade – já é quase provocação substituírem os ruins pelos péssimos, piores ainda, como foi, por exemplo, o caso agora do Ministério do Trabalho, só o caso mais recente. Sai um ministro nada e foi nomeada uma moça, olha que legal! Mulher! Já na primeira declaração pública, Cristiane Brasil, que vem a ser eternamente apenas a filha de Roberto Jefferson entre as vírgulas, correu para se autodeclarar feliz e “empoderada”.
Não passaram algumas horas para aparecerem condenações dela na área trabalhista, e lembranças. Eu imediatamente lembrei que em 2015 essa mesma moça queria fazer lei e proibir as mulheres de andar com minissaias e decotes no interior do Congresso Nacional. Quis criar um dresscode, uma regra de vestimenta.
Escrevi sobre o caso (“Deputada, faça-me o favor”) à época.
Ela foi capaz de defender a ideia assim: “Queremos corrigir um erro histórico. A gente sempre luta por equidade com os homens. O regimento já determina o que os homens devem vestir mas não fala nada em relação às mulheres”. Sim, ela disse isso.
Mas como tudo pode piorar, como a nova ministra era deputada federal, sua saída abriu uma vaga no Congresso que vai ser preenchida pelo deputado Nelson Nahin (PSD-RJ). Você não o conhecia?
Vou apresentá-lo.
Não, ele (ainda) não é acusado de corrupção. É pior, muito pior. Foi preso, acusado de estupro e de participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes, em Campos de Goytacazes (RJ). Para completar, mais familiaridade: é irmão de Anthony Garotinho, ex-governador do Rio, aquele que tem feito voos rasantes e sempre bem escandalosos nas penitenciárias. O adesivo de família feliz dessa turma deve ser uns desenhinhos de todos atados entre si com algemas e tornozeleiras.
Nessa semana houve mais um ministro que aproveitou a leva e pediu demissão, o Marcos Pereira, o Pastor Marcos Pereira, como faz questão, Bispo da Universal, que talvez vocês não tenham se dado conta: era o Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Cada um desses seres representa um partido que, por sua vez, infelizmente não representa nada para nós, mas para o governo pode dar votos na hora em que eles pretendem aprovar mudanças e reformas; tão boas, mas tão boas, que precisam dessas moedas de troca para passar, como se fossem reféns, apostas, e às vezes nem com isso. Só pagando.
Toda essa roda é comandada pelo tal Carlos Marun, Ministro da Secretaria de Governo faz um mês, responsável pelas negociações políticas entre o Palácio do Planalto e o Congresso. Um troglodita, vamos definir basicamente assim. Você o verá diariamente nos telejornais – todo dia apronta, ameaça, ou fala alguma bobagem - e haverá de concordar comigo. Temeremos os próximos meses desse ano eleitoral. Há possibilidades de trocas lindas como estas em 13 outros ministérios! Barganhas de todos os tipos, cores, tamanhos e valores.
Imagina os substitutos? Um tem de se abaixar e beijar a mão de algum tipo de Sarney, outros terão de se submeter a ser atropelados todos os dias, outro tem de ser mulher, para aumentar a cota feminina além de Luislinda, aquela que se achava escrava com ganhos de mais de 30 mil reais, e agora também a que leva Brasil no nome. Outros, ainda, deverão ser do Nordeste, ou jurar que vão fazer sua turma votar a favor do governo, ou – ao que parece ser um item bem importante – ter um passado com alguma ficha corrida. Nem que seja uma citaçãozinha nas delações, um Caixa 2 aqui, ali, um processo, uma escorregada, algo para explicar melhor.
Como pouco se sabe sobre os atuais, nem sobre os próximos que ocuparão cadeiras e continuarão sem importância alguma e com inação total, indico o endereço: http://www2.planalto.gov.br/presidencia/ministros.
O governo está muito ocupado. Eles não se preocupam nem em atualizar os retratinhos e as fichas. Deve ser por causa da alta rotatividade na pensão.
Marli Gonçalves, jornalista – No Leilão Brasil, leva quem dá mais para bater o martelo na mesa. Ainda bem que é só o martelo.
Brasil, primeiros dias, 2018
marligo@uol.com.br
marli@brickmann.com.br
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MARLI GONÇALVES
Ufa. Calcinhas. E as promessas?
Elas, as promessas feitas no fim do ano, parecem fantasmas que ficam nos perseguindo todos os 365 dias que foram ou os que virão; disso não fugimos,
Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra