Sexta-feira, 23 de julho de 2021 - 15h59
Vivendo sob constantes ameaças, e que só
aumentam, vindas de todos os lados. Não bastassem as lutas para controlar a
pandemia, o surgimento de novos vírus e outras doenças esquisitas, os problemas
com energia, água, temperatura, economia, no Brasil vivemos mais um pesadelo, o
político. Qualquer homenzinho, ou serzinho verde oliva, agora aparece cheio de
marra, e ameaçando a democracia.
Temos muitas dúvidas, perguntas, pedidos de
esclarecimentos, e temos ouvido quase sempre as mesmas não-respostas.
Repara quantas vezes, nós, da imprensa, perguntamos, perguntamos. “Mas até o
momento não obtivemos resposta”. Todo dia. As revelações, gravações,
denúncias, fatos e fotos, falas e gestos se sucedem. Parece que estão brincando
de governar, e estão; sem rumo. Mas jogam pesadamente pelo poder - e com as
nossas vidas.
Para quem já viveu momentos difíceis, apenas uma
clareza: antes, sabíamos exatamente o que, quem, como estávamos combatendo ou
de quem deveríamos nos defender. Agora, apenas a ignorância grassa e é como se
o inimigo morasse ao lado, e possa surgir nos surpreendendo. Os descobrimos
entre pessoas próximas, amigos, familiares, numa divisão sem igual. Contaminam
todos os ambientes.
Os ataques podem ser tão sub-reptícios que até uma
deputada acorda machucada, com fraturas, e sem saber exatamente o que ocorreu
denuncia poder ter sofrido um atentado. Muito louco? Não, se pensarmos que
agora tudo é mesmo possível, inclusive para quem amigo deles era; e inimigo
deles, virou. O que aliás tem sido muito comum: o abandono desse barco que
navega sem sentido e em uma tenebrosa maré. Maré obscura, armada, violenta.
Ultimamente, não sei como, descobriram uma palavra
que usam para tudo e que duvido saibam exatamente qual o seu sentido:
“narrativa”. Escuta só uns minutinhos de CPI. Escuta um minutinho do discurso
de justificativas e negações deles. Até o presidente, que não é o maior afeto
ao vocabulário humano, outro dia disparou “narrativa” para lá e para cá. Lá vem
ela: tudo que os afeta é narrativa incorreta. Só a deles – e que vem eivada de
ódio e erros – é que deveria ser ouvida. Tentam adestrar com decorebas os seus
bovinamente seguidores, pouco importa o que falam, mesmo que logo depois
contradigam-se. O recheio de informações falsas que usam cria uma espécie de
hipnotismo, repetições ao molde de treinamento de animais. Contam um conto,
aumentam muitos pontos.
Isso não é ideologia, direita, esquerda, volver,
nem centro, nem de cima nem de baixo. Para ser ideologia tem de haver
inteligência, conhecimento, estudos, lógica, contraposição, debate. Assim a
gente descobre porque é tão difícil lidar com eles, são apenas chucros estes
que estão no pódio do poder central, ladeados por muitos outros, instalados em
outros poderes. Infelizmente, inclusive na imprensa, muitas vezes a pesados
soldos.
Agora a questão é duvidar das urnas eletrônicas,
pregando o voto impresso, mesmo que se diga e repita a confiança nessa forma de
voto. Não deve passar essa iniciativa. Tomara que não. Mas eles inventarão
outras ameaças nesses meses que antecedem a eleição do ano que vem, e que
infelizmente ainda não nos apresenta uma lista de candidatos fortes o bastante
para recolocarem o país nos trilhos.
“Se urnas são confiáveis, dá um tapa na
minha cara”, pede Jair Bolsonaro, ao duvidar do
próprio sistema eleitoral que o elegeu, sem apresentar provas. Será que vai ser
preciso agendar? Pode entrar quantas vezes na fila?
Ele que está pedindo. Nós não ameaçamos, mas ainda
creio que saberemos como nos defender.
_____________________________________________
MARLI GONÇALVES – Jornalista,
consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo
no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora
Contexto. Nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon.
marligo@uol.com.br / marli@brickmann.com.br
_______________
Instagram: https://www.instagram.com/marligo/
Blog Marli Gonçalves: www.marligo.wordpress.com
No Facebook:
https://www.facebook.com/marli.goncalves
No Twitter: https://twitter.com/MarliGo
Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está
Cérebro. Duvidando até da sombra.
Em quem acreditar, sem duvidar? De um lado, estamos como ilhas cercadas de golpes por todos os lados. De outro, aí já bem esquisito, os cabeças-dura
Não chama a polícia. Ela pode apavorar, te matar, te ferir. Não sei se é um surto, se são ordens ou desordens, mas estes últimos dias fizeram lembra
Stress, o já aportuguesado estresse. Até a palavra parece um elástico que vai, estica e volta, uma agonia que, pelo que se vê, atinge meio mundo e n