Sábado, 24 de novembro de 2012 - 05h50
Por MATIAS MENDES
Depois de vários anos de ostracismo político, por vias transversas e sem votos, Tomás Guilherme Correia chegou ao Senado Federal de forma interina, com mais de vinte anos de atraso em relação ao que poderia ter sido se a sua carreira política não houvesse sido marotamente truncada pelas manobras maquiavélicas de Jerônimo Garcia Santana, que tratou de neutralizar o seu promissor companheiro de PMDB atravancando a sua trajetória parlamentar brilhante com uma passagem desastrosa pela Prefeitura de Porto Velho. Jerônimo Santana, a raposa política que reinou por décadas na política de Rondônia, usou o mesmo processo maroto com outro parlamentar promissor, o ex-deputado federal Orestes Muniz, cuja carreira política foi enterrada quando aceitou ser o vice-governador de Jerônimo Santana.
Jerônimo Santana elegeu-se prefeito de Porto Velho em 1985 com o único objetivo de tornar-se governador no ano seguinte, 1986, como de fato aconteceu. Não desejando o crescimento de novas lideranças no PMDB, para manter a sua histórica hegemonia dentro do Partido, tratou de queimar os seus companheiros mais destacados que poderiam chegar ao Senado nas eleições de 1990, exatamente quando ele próprio pretendia tornar-se Senador ao concluir o mandato de governador. Jerônimo Santana era um político de fato culto, não era apenas um espertalhão, na verdade ele de fato maquiavélico, enxergava bem além, era um estrategista político dos mais marotos. Ele lobrigou as ascensões inevitáveis de Tomás Correia, Orestes Muniz, Amir Lando e outros integrantes do PMDB na época. O Partido que havia se consolidado como oposição ao regime militar como MDB atingiu seu ápice nas eleições de 1986, quando conseguiu eleger nada menos que 23 governadores no país, tudo indicando que reinaria na política nacional por várias décadas.
Foi exatamente nesse contexto histórico que Jerônimo Santana tratou de neutralizar as carreiras políticas dos mais aptos dos seus companheiros, abrindo o espaço para os mais medíocres e despreparados que poderiam ser facilmente manipulados por ele. Tomás Correia foi a principal vítima dessa manobra, pois com a sua brilhante atuação como deputado estadual tudo indicava que ele chegaria ao Senado em 1986. Jerônimo Santana, no entanto, preferiu queimá-lo como seu vice-prefeito nas eleições municipais de 1985, abrindo o caminho do Senado para o temperamental deputado Ronaldo Aragão, que de fato foi eleito e quase acabou cassado por envolvimento com o escândalo que ficou conhecido como dos Anões do Orçamento. Ronaldo Aragão escapou da cassação por muito pouco, mas também tornou-se politicamente inviável e terminou morrendo precocemente em decorrência dos desgostos e tensões que passou com os riscos da iminente cassação.
Tomás Correia amargou os três anos no presente de grego que recebeu de Jerônimo em 1986 na forma da Prefeitura Municipal de Porto Velho. Sua administração foi simplesmente desastrosa, pois ele era um grande tribuno, não era um administrador. O desastre da sua administração não foi por incompetência, foi simplesmente por inaptidão para o cargo. Ao lado de Jacob Atallah, Amir Lando, Amizael Gomes da Silva e Daniel Pereira, o tribuno Tomás Guilherme Correia foi certamente o que já houve de melhor na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, isto sem qualquer intenção de menoscabo em relação aos demais que por lá passaram ou que por lá se encontram. Tomás Correia era um gênio da oratória, tinha raciocínio de relâmpago, tinha verve, enfim, tinha um discurso impecável que só poderia ter lugar no Senado da República. Jerônimo Santana barrou-lhe a trajetória, mas a História, ainda que por vias transversas, acabou por lhe fazer justiça. Ele está no lugar que sempre foi seu, no lugar certo para destilar toda a sua competência retórica, dando a Rondônia o orgulho de ter afinal um Senador de verdade, um Senador à altura da nossa importância como Estado amazônico em franco desenvolvimento e, sobretudo, um Senador que nunca vai nos causar vergonha por envolver-se com maracutaias no Congresso Nacional. A sua interinidade é fato irrelevante diante da sua indiscutível legitimidade.
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